domingo, 28 de abril de 2013

a experiência eslovena

Eslovenia: primeiro país da União Europeia que eu visitei (sem contar minhas paradas no aeroporto de Munique). A Eslovenia é um país pequenininho entre a Itália e a Croácia, muitas vezes confundido com a Eslováquia. Um país de pessoas muito alegres, simpáticas e generosas. Um país tão próximo aos Balcãs que vê toda a história balcânica como algo distante. Minha host não sabia praticamente nada sobre a guerra na Bósnia-Herzegovina e tampoco conseguia entender croata (ensinei-a o pouco que eu sei!)
Fui pra Eslovenia porque, em Março, recebi um email de Ilvana, minha professora de World Literature, dizendo que eu e outros 5 alunos haviam sido selecionados (sem critério nenhum, um dos problemas da escola) para ir para o Spring Festival, um evento anual que ocorre no II. gimnazija Maribor, um dos maiores colégios de ensino médio do país. Eu, Carme (Espanha), Mateo (Croácia), Suncica (Mostar), Maxi (Austria) e Amina (Zenica-BiH) fomos para Maribor no dia 16 de abril, acompanhados da nossa queria professora Ljubica (Alemanha/BiH).
Não vou entrar em detalhes... Mas foi uma viagem linda! Não só porque minha host, Brina, era uma fofa, generosa e engraçada, mas porque conheci a Eslovenia e me aproximei de colegas. O Spring Festival consiste basicamente de 4 dias. No primeiro dia, tivemos a Opening Cerimony, em que todos os colégios que haviam vindo participar do Festival faziam uma mini apresentação, com uma música, uma dança, um teatrinho... Os países representados eram Suécia, Russia, Bósnia-Herzegovina (nois!), Sérvia, Israel, Países Baixos, Dinamarca, Eslovenia, Alemanha, Macedonia e Eslováquia. Israel mandou muito na Opening Cerimony, com direito a um streap tease no palco e uma marcha de soldados. Nós fizemos um mini teatrinho, brincando sobre as "tradições" do UWC e toda a reclamação sobre o IB. 
A minha host family foi simpática demais! Fizemos piadas e demos risada. Aproveitei demais a comida caseira e também ter um quarto só pra mim, um banheiro limpo, um pouco de privacidade... Nem deu pra curtir muito essa parte, porque a casa de Brina era fora de Maribor e só iamos para lá à noite, quando já estávamos capotadas de cansaço no carro. Mas a casa era fofíssima, com aquela tradição que minha mãe adora de tirar os sapatos e andar de pantufas pela casa! Havia uma igreja romano-católica do lado da casa de Brina, cujos sinos me incomodavam muito. Achei engraçado, porque estou tão acostumada com o chamado do Almuadem que vem das mesquitas do lado bosniak de Mostar que não me incomoda... Mas os sinos eram tão barulhentos e irritantes e tocavam na hora que eu ia dormir.
No segundo dia, de manhã, tivemos um tour por Maribor (when we first met the Germans...). À tarde, os workshops começavam. Havia 9 workshops. Eu e Mateo escolhemos Creative Thinking; Carme escolheu Dance; Amina, Drama; Suncica, Animated Film; Maxi, Contemporary Art. Os workshops em si não foram nada demais. Nenhum de nós ficou absurdamente entusiasmado com os workshops, mas foi interessante pra conhecer pessoas. No final da tarde, o grupo de teatro do colégio apresentou uma versão musical de Mogli absurdamente produzida! Fiquei impressionada com a infra do colégio, que é público e só tem gente rica...
No terceiro dia, os workshops continuaram e no final da tarde ocorreu as apresentações de cada workshop, que foram bem chatinhas... Era aniversário do Mateo e fomos almoçar no restaurante japonês (!!). Ele nunca tinha comido japonês, mas insisti que fossemos! O restaurante tinha aberto só algumas semanas atrás e, bom, não era muito bom e era bem caro, mas deu pra satisfazer tipo 5% da minha vontade e urgência de comer comida japonesa. Foi engraçadíssimo quando Suncica fez Mateo provar wassabi! À noite, fomos pra Pekarna, um lugar meio trash e doido de Maribor, onde acendemos um bolo pro Mateo, feito pela host dele.
No dia seguinte, fomos fazer um tour pela Eslovenia. É um país tão pequeno que dá pra ver todas as atrações turísticas em um dia! Passamos 90% do tempo dentro do ônibus, mas ok. Visitamos Bled, uma cidade meio mágica. Em Bled, há uma ilha no meio de um lago, onde tem uma igreja e só dá pra ir de barco. Visitamos o castelo no topo da montanha e fiquei um tanto quanto desapontada. Foi o primeiro castelo que visitei na vida e... não sei... Tudo renovado, até wi-fi tinha! Não tem nada que me faça lembrar da Idade Média, é tudo pra turista ver... Também descemos em Piran, uma cidade no litoral da Eslovenia (a Eslovenia só tem algo com 25 km de costa). Lindíssima! Foi como descer num conto de fadas! Além de parecer absurdamente com como eu imagino a Itália, descemos em Piran no meio do Festival de Salina, durante o qual a cidade está toda enfeitada, com feiras, pessoas vestidas com roupas tradicionais, música ao vivo, pinturas e desenhos espalhados pela cidade... A influência italiana é bem perceptível, especialmente porque a cidade tem duas línguas oficiais: esloveno e italiano. Todas as placas são nas duas línguas. Adorei colocar os pés no mar, mas senti falta de uma praia... Praias de areia são raras ou quase inexistentes nessas regiões...
No dia seguinte, fomos embora... Foi uma viagem curta. Mas acho que a highlight foi o fato de que nosso grupo se enturmou demais com os alemães: Andreas, Scout (na verdade, uma estudante de intercâmbio americana) e Michelle; enquanto Ljubica ficou super próxima da professora deles. O engraçado disso é que nosso colégio é "dominado" por alemães e a influência austríaca e alemã no colégio é imensa (tanto que os dois Student Representatives são alemães). Passávamos o tempo todo com eles e nos aproximamos muito. Andreas passou um ano morando em Córdoba, na Argentina, então senti mais próxima de um latino do que não havia sentido em meses. Ah, também Carme adorou passar grande parte da viagem fazendo piadas sobre como os espanhois e portugueses falharam em civilizar-nos (América Latina), que somos todos selvagens, precisando ser colonizados outra vez. Ela não conseguiu me irritar (tanto), mas me pergunta o quanto disso é o que ela realmente pensa. A visão dos europeus sobre a colonização não é a mesma que a nossa e vejo isso na aula de História (até já tinha tido uma conversa com Pauline sobre isso).
Uma das partes mais divertidas da viagem foi quando chegamos em Mostar, em plena segunda feira, às 6h e em vez de irmos pra nossas camas, decidimos entrar na escola e esperar o início da Assembly para fazer a nossa apresentação sobre a viagem (senão teríamos que apresentar numa Assembly do semestre que vem!). As piadas e as fotos ainda estavam tão frescas que demos muita risada. O gráfico abaixo foi apresentado pra simbolizar a nossa viagem.



Outra highlight: o momento em que entrei na fila do caixa express do supermercado na Eslovenia. Quando cheguei no começo da fila, me dei conta de que não havia um caixa com uma pessoa, mas uma máquina, em que o próprio cliente passa os produtos no leitor de código de barra e paga pra máquina! Passei o maior 'mico' tentando fazer aquilo! Europeu demais pra mim, te juro! Falhei pra passar os produtos no leitor e depois, por conta do nervosismo, ainda coloquei o cartão de crédito de ponta cabeça e uma funcionária do supermercado teve que vir me ajudar....
Em overall, a viagem foi espetacular. Me faz dar muito mais valor ao UWC Mostar, às pessoas que temos aqui (em contraste com as pessoas superficiais, vivendo na bolha de Maribor, que não vêem nada além daquela vidinha), às discussões, debates, experiência.... Contando todas as coisas pelas quais passamos (incluindo o recente Dia de Pranks, que resultou nos meus dreadlocks cheios de farinha), percebi o quanto amo isso daqui e o quanto aprendo a cada dia....


Trem em Zagreb (onde fizemos conexão)

Brina, minha host, e eu

'Bósnios' e alemães depois do nosso city tour por Maribor

Wi-Fi no castelo!

As ruas estreitas de Piran

Artistas de rua e meninas vestidas para o Festival da Salina

Pintura pendurada nas ruas de Piran

Mariscos sendo cozinhados na rua em Piran

Estação de trem em Maribor

Mateo

Carme

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