quarta-feira, 29 de agosto de 2012

comida israelita, adoção e pequenas cositas

Ontem, Toam (Israel) e Christina (Áustria) cozinharam Shakshuka, uma comida israelita, que é basicamente tomate, ovo e cebola com pão, mas é delicioso! Foi a melhor refeição que eu tive por aqui e eu comi tanto que não conseguia nem beber água.
Hoje, quando eu cheguei no quarto, depois de uma deliciosa limonada no Palačinke Bar com alguns co-years e second years, fiz o maior barulho no meu andar, porque estava lavando minhas roupas, pendurando no varal, trocando minha roupa de cama... Infelizmente, eu acordei minha vizinha, Noor (Palestina). Mas ela foi super fofa, mesmo tendo ficado meio brava por eu a ter acordado, ela me convidou pra um café antes do jantar.
Fomos pro Jump Jump, que é um barzinho do lado da school canteen, tomamos um café e conversamos. Sinceramente, achei que fosse ser bem estranho. Aquela conversa bem bobinha tipo "haha, quais são suas matérias? E seus CASes? O que você pensa sobre o UWC?", mas na verdade foi tão bom! Achei que tomaríamos café e voltaríamos pra Musala, mas ficamos lá até 18h20 e tivemos que voltar pro jantar, que é às 18h30. Ela foi a segundo ano mais honesta. Ela falou, basicamente, pra eu não ouvir o que ninguém fala. Porque cada um tem sua própria opinião à respeito das matérias, dos CASes, das pessoas.... Simplesmente, é necessário criar sua própria opinião e experiência. Noor tem opiniões muito fortes à respeito das coisas e das pessoas. Eu gosto disso nela. O melhor de tudo é que ela me adotou. Agora ela é minha segundo ano, já que o primeiro ano palestino dela desistiu. E ela tem toda uma história interessante de vida. Ela usava burca no ano passado, quando ela veio pra cá, e agora não usa mais. Noor é de Jerusalém e estava me contando superficialmente sobre o conflito e sobre umas coisas culturais. Eu nunca tinha parado pra pensar que Jerusalém tem duas línguas oficiais. E isso é muito doido. Você vai pra um bairro e eles falam hebraico, você pra pro outro e ele falam árabe. Também disse como é um saco todo mundo te conhecer na rua... Entre outras coisas sobre ela e sua vida que eu com certeza vou descobrir ao longo desse ano...
Algumas coisas engraçadas sobre esse lugar... Victor (Rússia) me perguntou se o Brasil ficava na Europa. A única coisa que eu pude fazer foi rir. Duas das coisas que eu gosto nesse lugar, por mais estranho que pareça, são a reza muçulmana e o barulho que o papel alumínio, que Aiša (minha roommate) colocou na janela pra impedir que o nosso quarto fique muito quente no final da tarde, faz quando o vento bate.
Eu lembro quando conversava com a Raísa (UWCCR 2011-2013) por Facebook e ela dizia que tinha que sair do computador porque tinha uma visita... e eu pensava que queria muito ter uma visita. Agora mesmo eu tenho duas. Bengisu e Markéta estão aqui no quarto. Estamos comendo, conversando e dando muita risada.
Essa vida é muito boa!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

impressões da primeira semana

Com certeza a melhor coisa sobre o UWCiM é a ausência de um campus. Pois é, eu também achava que isso era meio ruim... "nossa, andar pra escola todo dia... não poder ir de pijama pra aula, nem acordar 2 minutos antes do começo da aula". Mas não. Não ter um campus é uma coisa fantástica.

Eu tenho a impressão de que andei por Mostar inteira, mas a verdade é que, apesar de ter somente cem mil habitantes, é um grande cidade. Mas é uma cidade linda. A cada dois passos que você dá, você encontra um coffee shop ou um bar. A Old Town (que tem esse nome porque, literalmente, é a parte velha da cidade, do século XVI) é maravilhosa. É onde fica a Stari Most (aquela ponte que aparece quando você dá um Google em "Mostar"), que é irritantemente feita de um tipo de pedra completamente escorregadia e eu quase escorreguei algumas vezes....
A comida com certeza não é a melhor coisa sobre UWCiM, mas é comível. Acho que eu vou me acostumar aos poucos. A parte boa é que basicamente toda refeição tem frango (e não carne). Mas a gente sempre pode comer em qualquer lugar pela cidade, e tudo é muito barato. Por exemplo, eu paguei o equivalente à R$ 3,25 no Ćevapi de ontem. O sorvete aqui do lado de Musala custa R$ 1,30 e é o melhor.
O prédio laranja? UAU. Aquele troço é impressionante. E incrivelmente bonito. É surreal o quanto ele combina com a cidade e com o lugar, sei lá. Eu falo isso mesmo odiando amarelo e laranja... A pior coisa sobre o prédio laranja é que o andar do UWC (cada andar é de uma escola) é o terceiro e último, e subir as escadas não é nada legal. Mas paciência...
Meu quarto é ótimo. Pouca sorte ter ficado em Musala, viu... Além de ser longe, Sušac tem quartos bem menores. A Tamar (Israel) me contou que a cama dela na verdade é um sofá e que ela tem um armário pra dividir com as outras duas roommates. Eu tenho meu próprio armário, escrivaninha e cama. Além disso, em Musala, ficamos sentados na frente da casa, tipo numa varanda, conversando.
As pessoas são, na grande maioria, muito simpáticas e acolhedoras. Os meus co-years são bem legais, mas não conheço muito eles, porque somos 16 first years em Musala e todos os outros 60 estão em Sušac. Mas já que há 70 segundos anos em Musala, conheço-os melhor e posso dizer que são ótimos. Tem gente muito diferente.
Agora, decepções? As pessoas não se gostam tanto. Eu realmente estava esperando uma coisa bem de família, todo mundo morando junto e amigo. Mas não é verdade. Muita gente não se gosta e existem, sim, grupos. Não sei se isso é particular do UWCiM, mas acontece. A divisão mais clara é entre locals e internationals. Muitos locals não se dão ao trabalho de conversar muito conosco, internationals.
Há muita gente que está aqui só pelo IB, pela qualidade de ensino e pela oportunidade de estudar em uma universidade nos EUA. Tudo bem, não acho isso errado, mas acho que isso tem que ser visto como um bônus, não como a principal coisa. Estar num lugar como esse, com tanta gente diferente, de lugares tão diferentes, culturas tão diferentes, línguas tão estranhas... Não dá pra pegar uma experiência dessas e transformá-la só em estudo.
Uma coisa que me surpreendeu daqui e que não devia ter me surpreendido (sim, o UWC muda a opinião das pessoas em apenas uma semana) é que realmente não importa de que país você vem. Eu estava bem assustada com como eu seria recebida, se fariam um alarde só por eu ser brasileira. Algumas reações foram engraçadas, mas a maioria das pessoas não liga nenhum pouco pra o seu país de origem. O que conta é o aqui e o agora.
Se eu sinto falta de casa? Sim, com certeza. Dos meus amigos? Muita saudade. Mas geralmente só quando eu estou sozinha na residência, como agora. Porque quando estamos por aí, a gente acaba esquecendo que tínhamos uma vida antes disso aqui. E isso não é uma coisa ruim, de verdade.


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

última segunda-feira sem aulas

Escolha das matérias do IB. Como se isso foi um grande coisa, não é mesmo? Bom, pior que é. E a realidade é que o ideal é só escolher matérias que você realmente gosta (como se isso fosse possível). Mas a droga mesmo é ficar ouvindo opiniões tão diferentes dos seus second years. A maioria diz que a professora de History é uma bitch, mas a Celia (Espanha) adora ela e adora History. A minha conclusão é que cada um vê a matéria de forma diferente. Isso pode parecer óbvio, mas não é. Não é como no Santa. Cada um realmente tem um jeito de lidar com a matéria. Enfim, eu vou assistir aulas de todas as humanas pra escolher quais eu quero, mas por enquanto History HL e Peace and Conflicts Studies SL (não tem HL). De manhã foi basicamente isso...
Logo depois fui tomar um café no Iguana Caffe Bar, que é um lugar bem bonitinho, com Bo (Holanda) e Ivor (BiH). Voltamos para Musala e saí pra um café com Marija (Mostar) (leia-se: Maria), Ana (Mostar) e Bengisu (Turquia). Aqui em Mostar, os moradores saem de casa entre 11h e 13h, antes do almoço, pra tomar café. Pode parecer estranho, mas é bem típico.
À tarde, tivemos o Random Coffee (sim, café de novo). Fomos colocados em grupos e locais. Meu grupo era Toam (terceiro ano israelita intrusa), Tamar (Israel), Cristina (Austria), Celia (Espanha), Ana (BiH), Dino (BiH), Melika (BiH) e Ivor (BiH). Foi divertido, mas houve uma separação muito clara entre locals (é como chamamos os bósnios) e os internationals, especialmente por causa da língua.
Fui com Bengisu no Mepas Mall pra comprar umas coisas que estávamos precisando, como uma bacia pra lavar roupa e cabides. Ontem, finalmente consegui lavar parte das minhas roupas.
Logo em seguida, fui comer Ćevapi, que é uma comida típica daqui, com Marija (BiH), Katarina (BiH), Bo (Holanda), Quinten (Holanda), Liza (EUA), Pavel (Rússia), Ruzica (BiH) (o nome dela com certeza não se pronuncia do jeito que você está lendo) e Jochem (Holanda).
Fui pra praia (na beira do rio) com algumas pessoas e depois pra uma festa no Old Men's. Foi uma noite bem divertida. Passei a maior parte da festa conversando com Markéta (República Tcheca) num banco entre o prédio da escola e Old Men's e depois com Adis (BiH) e Filip (BiH). Voltei pra Musala com Filip e Noga (Israel).

PS: Muito nome? Pois é... Isso não é nada.

domingo, 26 de agosto de 2012

#5

O dia hoje foi completamente lotado. Depois de uma caça ao tesouro pela cidade (na qual eu subi até o último andar do Old Bank, o que significa centenas de degraus...), eu, Bengisu (Turquia) e Markéta (República Tcheca) fomos fazer compras em Mepas, que é um shopping gigantesco aqui da cidade. Ficamos passeando pelas lojas, tudo aqui é muito barato!
O que todo mundo faz aqui é "go for a coffee". Quer conhecer alguém? Convide a pessoa pra tomar café em algum bar ou limonada no Old Men's... Nada melhor do que isso. Mas Bengisu, Markéta e eu nos damos muito bem. Então nosso café da tarde, depois de termos desistido de assistir Step Up 4, foi incrível.
À noite, todos nós tivemos Open Mic. Basicamente, karaokê. Foi demais. Mas estou completamente exausta. Dancei músicas de todas as línguas possíveis e, sim, contra a minha ideologia, eu cantei Ai Se Eu Te Pego junto com outros que surpreendentemente sabiam a letra. Claro que todo mundo sabe a coreografia e todo mundo dançou.
O engraçado é que o povo sempre pergunta pra mim "You are brazilian, right?! Do you have some brazilian moves?". Deveria eu ter? Porque eu acho que não tenho... 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

aquele momento em que... #2

... você está sentada no último e sexto andar de um prédio comercial, tomando Coca Cola, olhando pra vista da cidade, praquele prédio laranja gigantesco onde você vai estudar pelos próximos dois anos... E você olha em volta e tem dois austríacos, uma tcheca, um alemão e um holandês sentados na mesma mesa que você. Isso é UWC.


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

moradora de primeira viagem

Nessas 23h que eu passei em Mostar eu consegui:

  • Me perder pela cidade graças à Christina (Austria) que disse que a gente tinha que ir pro lado esquerdo e insistiu que eu não sabia pra onde a gente estava indo quando eu falei que era pra direita.
  • Descobrir que a água que todo mundo bebe, da torneira, vem do rio Neretva, que também é pra onde vai o nosso coco e xixi. YES
  • Perder o jantar.... (como eu ia saber que era às 18h se ninguém me avisou?!)
  • Tomar os dois melhores sorvetes da minha vida (só porque tá 42ºC e eu estou fritando)
Entre outras coisas...

Acordei agora a pouco por causa do maldito jet lag. E não sei onde ninguém está. Aparentemente, meu andar (onde moram mais ou menos 30 pessoas) está vazio... E a minha vontade de sair do quarto é zero, porque ele é bem fresquinho comparado aos outros e à lá fora.
Sobre esse primeiro dia... Só posso dizer que é estranho dizer "eu vou morar 2 anos aqui". Porque a sensação que eu tenho é que vim passar umas duas semanas e logo volto pra casa... Quando será que a ficha vai cair?

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

uma astrid atrasada e um rg

Antes de embarcar para Munique, tive que dar tchau pra pessoas muito queridas. Pessoas que tomaram um tempo do seu dia, mataram aula e treino para me ver pela última vez antes de Dezembro.
Foi um "até logo" difícil. Choradeira... Muito carinho e longos abraços.
Eu sei que depois que eu dei tchau pra eles, descobriram que tinha uma pessoa filmando. É, a série "Chegadas e Partidas" da Astrid Fontenelle. Aparentemente eu vou aparecer nisso aí.... E o engraçado é que o cara ainda reclamou que tinha chegado atrasado, senão teria me entrevistado.... Ainda bem que não chegou antes...
Mas fora isso, quando fui passar pela Polícia Federal (que amém não estava em greve), eu quase mijei nas calças quando o cara pediu meu RG e eu percebi que não tinha trazido o original. O pior é que ele deu risada quando pegou minha cópia autenticada. E eu quase chorei. Ele falou "só um minutinho" e saiu. Foram longos minutinhos. Não sabia se voltava correndo pros meus pais e mandava eles buscarem meu RG (porque, afinal, super ia dar tempo...), se fugia, se saia correndo e embarcava no avião antes do cara voltar (brincadeira)... Quando o cara voltou, falou "tudo certo" e eu quase abracei ele.
Ouvi meu nome sendo chamado e vi que era a última chamada pra embarcar no vôo LH 505. Saí correndo.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

despedida: vídeo e festa

Nesse exato momento, minha cara deve estar inchada enquanto lágrimas continuam escorrendo pelos meus olhos. Quem me conhece sabe que eu não costumo chorar. Mas nos últimos 44 minutos e 10 segundos, eu assisti parte da minha vida passar diante dos meus olhos.
Eu assisti ao vídeo que foi feito por duas das melhores pessoas que eu encontrei nesse mundo: Isabel Lima e Laila Kontic. As duas coletaram depoimentos de pessoas inesquecíveis e indescritíveis do Vera e do Santa. Eu vi tantas pessoas especiais passarem diante dos meus olhos, falando coisas lindas e me desejando felizes dois anos. E mal sabem elas o quanto eu sorri e o quanto eu chorei com inocentes palavras, sorrisos, piadinhas (principalmente sobre o meu tamanho.... quem fez sabe haha), músicas (talento é pra poucos, Flavia, Cla Limongi, Gabi, Renata, Helena, Berê, Bia, Cata, Sol) e, acima de tudo, carinho. Mal sabem Clara Werneck, Bia Galvão (ri muito!), Isabel Lima, Heloisa Prado, Laila Kontic, Marina Dias (nem um pouco ridícula!), Mariana Amaral e tantos outros que me fizerem chorar ridiculamente na frente do meu computador, à uma da manhã. Mal sabem o quanto eu sorri, que nem uma idiota, pra tela do computador, achando que estava sorrindo pra vocês, como se estivesse conversando por Skype. Mal sabem o Ettore Valente, Mário Broering e Marco Caramelli o quanto eu ri com as pessoas estúpidas e geniais que vocês são, o quanto eu me emocionei por me dar conta de que eu tive a sorte de conhecer vocês. Mal sabem que, quando eu vi que o vídeo estava acabando, que a mini barra azul estava chegando no canto direito da tela, tudo que eu quis é que ela voltasse. Eu quis que o vídeo continuasse pra sempre. Quis parar a minha vida naquele instante momento, porque eu não tenho como não amar essas pessoas da minha vida com todo o meu coração. Não tenho como me esquecer dessas pessoas.
Como é que eu vou conseguir ouvir Heartbeats de novo sem ver a Lara, o Renato, o Roubicek, o Johnny, o Lucas, o Angelo, a Camila, a Elisa, a Roberta, o José, a Giovanna, o Pê, o Marcos Bo, e tantos outros passarem como um filminho na minha cabeça, assim como passaram em fotos nos últimos minutos do vídeo. E a cada foto eu sentia os músculos do meu rosto se contraindo e eu chorando mais e mais. E sentia a dor de partir, a dor de não poder abraçar meus amigos por um bom tempo. A dor da saudade. "Quando a gente pensa em saudade, a gente pensa em Sofia", a Helo disse. Acho que quando eu pensar em saudade, vai me vir tantos rostos sorridentes. Vai me vir, acima de tudo, o amor incondicional que eu sinto pelos brasileiros que vivem no meu coração.
Sabe, a maioria das pessoas no vídeo falou sobre a oportunidade incrível que eu estou tendo, ir pra Bósnia-Herzegovina, conhecer gente do mundo inteiro... "Quando a gente fala que tem uma amiga indo pra Bósnia, tem que ser a Sofia. Porque, sei lá, Sofia, você é muito Sofia!", a Clara disse. Mas a realidade é que ninguém se deu conta de que a melhor oportunidade que eu já tive na minha vida foi me deparar com tanta gente incrível. Foi a oportunidade de ser conquistada por tantas pessoas diferentes, com opiniões tão diferentes e com amores tão diferentes pra dar e receber. Foi a oportunidade que eu tive de estudar em dois colégios tão incríveis, com pessoas tão impressionantes e que me ensinaram tanto. Eu fico emocionada em saber que eu tenho um espaço aqui. Em saber que você não vai mais pegar ônibus usando shorts, Ligia, (me deixa bem mais tranquila). Em saber que nunca ninguém vai me substituir na mesa ao seu lado, Oli. Em saber que, pra você, Fragos, eu sou uma imagem do CISV.
Não dá pra mencionar todo mundo que fez parte desse vídeo. Cada um tão peculiar e tão fofo!!! Marco Cabral, Kátia Griecco, Raffaela Norcia, Luiza Medeiros, Luisa OpiceIsabela Rocha, Flora Pappalardo, Marina Ferraz, Gabriela GadottiFernanda Castro, Guilherme Ruiz (sendo pouco Gui com aquela roupa), Antonio Neves (você também é uma pessoa conversável! wtf haha), Luiza Tripoli, Victoria Afonso, Lucas Sumares, Daniel Pikman... Obrigada.
Também não tenho como não sentir falta de depoimentos, de ver a carinha de tantas pessoas especiais sorrirem pra câmera como se estivessem sorrindo pra mim. Mesmo vocês não tendo feito parte do vídeo, vou guardar tudo na memória. Ah, e não tive como não sentir falta de inúmeros amigos na festa.
No sábado, dia 11 de agosto, à noite, aconteceu a minha festa surpresa de despedida. Eu não tenho o que comentar sobre isso além de: obrigada. Obrigada aos organizadores, obrigada a quem apareceu e a quem não apareceu. Foi um dos melhores momentos da minha vida. Mesmo várias pessoas sabendo que eu detesto surpresas e, acima de tudo, detesto festas pra mim, eu me impressionei com a minha capacidade de me surpreender. Mais um momento na minha vida em que eu percebi o quão necessário é ser flexível.
Não dá pra descrever como foi a emoção de ver tantas pessoas da minha vida num mesmo lugar. Pessoas que não tem nada a ver umas com as outras, mas que, por algum tempo e de alguma forma, passaram pela minha vida e estão em um lugarzinho reservado no meu coração. Gente que eu não via a meses apareceu por lá! Foi tanta alegria andar pela casa da Bia e me deparar com um amigo, depois dar dois passos e me deparar com outro...
E Mário Broering, Pedro Dragone e Heloisa Prado, vocês são uns otários por terem me feito chorar. E, graças à falta de telão/projetor, as pessoas da festa não me viram com essa cara de otária, com olhos inchados, nariz entupido, um sorriso estampado no rosto, amor exalando por todos os poros e um aperto no coração. Essa sou eu.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

tijolos e um pouco de cimento

Parece que o tempo está passando tão rápido que não tem como controlá-lo. Passo o dia no Santa e o tempo voa. Parece que não tem tempo suficiente pra ver meus amigos o quanto eu queria, pra conversar sobre tudo que eu gostaria, pra rir o quanto eu desejaria. Catorze dias contados. Semanas intensamente programadas pra dar tempo de fazer as malas, de ver todos os amigos que eu quero ver, curtir um momento de "até logo". Porque não são despedidas, nem adeuses.
Meu tempo está contado. Hoje faltam exatamente duas semanas pra minha partida. E eu não sei... Só não sei... Porque tem uma parte de mim que quer ficar. A parte bem brasileira.
A parte de mim que gosta de um quarto só pra mim, no qual posso madrugar sem me preocupar em acordar alguém.
A parte de mim que adora deitar na minha cama e ficar encarando o mapa múndi na minha parede, sonhando com o dia ele que ele estará repleto de tachinhas verdes.
A parte de mim que adora o barulho que a Lolly, minha adorável tartaruga, faz quando nada e que, às vezes, me impede de dormir.
A parte de mim que adora ouvir álbuns de MPB no carro dos meus pais e cantar junto com a minha mãe e com a minha irmã.
A parte de mim que adora o frio brasileiro inexistente e o sol quente que dá pra sentir na pele.
A parte de mim que adora festas brasileiras, com as pessoas falando alto e rindo mais alto ainda.
A parte de mim que adora os almoços e jantares de infindáveis comemorações na casa dos meus avós (hmmmm, bacalhau e arroz cor-da-pele).
A parte de mim que adora passar a tarde no Santa Cruz, sem fazer nada além de deitar na grama ou sentar nas mesas de piquenique, ouvir um amigo tocar violão e conversar sem papas na língua.
A parte de mim que adora se expressar poeticamente, que gosta de pensar, de discutir e, acima de tudo, aprender. Mas tudo isso na língua que eu domino: o Português, bela língua materna.
A verdade é que essa parte de mim é muito forte. E é óbvio que essa parte não vai morrer. Ela vai continuar vivinha dentro de mim, porque essa aqui é minha terra. Meus amigos, eu sei quem são. Minha família, eterna.
E eu já me convenci de que não vou perder nada. Meus amigos costumam dizer "você vai perder o terceirão" ou "você vai perder a formatura" ou ainda "você vai perder a viagem pra Porto!", e aí eu digo: eu não vou perder coisa nenhuma. Eu só não vou viver essas coisas aqui, como eu sempre esperei que fosse. Vou viver outras coisas. Tão diferentes que eu não consigo nem imaginar. Vou passar por situações que eu nunca passaria aqui. E não vou perder porque, além de tudo, não se dá pra perder algo que você nunca teve.

Os tijolos estão sendo colocados um em cima do outro. Parece que as coisas estão realmente se erguendo diante de mim. Recebi um e-mail hoje. Estarei morando em Musala, a residência no lado muçulmano de Mostar, pelos próximos 10 meses, no segundo andar, no quarto número 4, com uma bósnia e uma tcheca.


Agora você já sabe onde me achar. (?)

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

novo (parte 3)

A verdade e a velocidade
Dissipadas pelo vento e pela minha obsessão pela liberdade.
Lombriga e vísceras dilatas.
Gastrite, úlcera, fome:
                                    Barriga
Neve, gelo, drink no verão brasileiro:
                                                         Frio
"Cubra a barriga pra não ficar doente!"

Novo errante


e
                                                                                                                distante
                                                               
Temporalmente veloz. Pra onde ele foi? Pra onde fomos? Por onde iremos?
Que medo... Medo da fórmula.
De cálculos, contas, erros, acertos. Ai, donas Exatas!

Pra onde vou....? Nem eu sei.
E esse novo coberto por neve, por frio...
Por glória manchada de sangue.
Por derrota manchada de passado.


No meio de tudo isso, um grito: "Cadê a minha voz?"
Exacerbação.

Velho:
Novo
Novo (parte 2)