segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

ferozes larvas (ou metamorfose ao avesso)

São sensuais e carregadas de tristeza essas horas de chuva fina, como se a alma, essa borboleta, nela fosse impregnada e submergisse na terra. Vêm ao pensamento todas as lembranças amargas depositadas no coração - separações de amigos, sorrisos masculinos que se apagaram, esperanças que também perderam as asas, como borboletas das quais só tivesse restado a larva. E essa larva agora se arrasta pelas fibras do coração e as devora.
Nikos Kazantzakis - Vida e Proezas de Alexis Zorbás

Lentamente, vou as deixando brincar dentro de mim. Larvas como lavas. Corroem, destroem; criam espaço para um virá. Um mistério desses mares de Creta ou sentada em uma pedra à beira do Pacífico. Oceano. Finito como esse pedaços de vida que parecem sonhos sobrevoando a terra da coca. Mariposas, borboletas, mulheres da vida.

Lentamente, me despeço. Daquele nosso levante: o nosso tempo de sonhos, agora, não passa de larvas. A crisálida se despedaça.

Nenhum comentário: