tag:blogger.com,1999:blog-4581233500743443912024-03-19T12:00:00.474+01:00Escala Gira SolSofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.comBlogger235125tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-64221463611725458132014-11-18T01:20:00.002+01:002014-11-18T01:20:41.074+01:00retornos e enganos - parte 1Curioso é que ainda retorno. Retorno, às vezes, abrindo as páginas desse endereço meramente metafórico. Outras vezes, em sonhos, que, às vezes, não passam de calabouços e, outras, são puro júbilo de atos simples e ordinários como acordar uma amiga antes de me enfiar debaixo do cobertor e cochilar.<br />
<br />
Meu plano inicial (ou final? ou quase final?) de colocar um ponto final nesse blog sem de fato colocar um ponto final nesse blog me parece um fracasso. Talvez por isso eu continue retornando. Porque há algo inacabado nessa multidão de palavras deslocadas, arrastadas e gravadas pelo tempo.<br />
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Assim como vários coisas que carrego e uso e digo, a Escala tem significados inúmeros. Não gosto de monosignificados. Escala é uma palavra rica, tanto no português quanto no espanhol. E é uma palavra que me foi adotada pela sua presença num desenho que uma vez foi feito à lápis grafite numa mesa de plástico debaixo do viaduto da Baixada do Glicério. Pediamos que aqueles artistas desenhassem suas vidas, seus sonhos, suas realizações. Não me lembro se estava naquela mesa naquele dia. Mas lembro que quando coletei os papeis, não pude resistir à vontade de tomar aquilo antes que fosse parar no lixo. E talvez ali estivesse um pouco de Liesel em mim, o que só percebi dois anos depois, sentada num cinema ao céu aberto em Córdoba.<br />
<br />
Nas minhas últimas férias, procurei tanto aquele desenho. Eu tinha certeza que ainda o tinha. Mas pensei que talvez o tivesse levado pra Mostar em algum momento. E tentei relembrar se tinha jogado fora o desenho quando limpava o quarto e empacotava a pequena parcela das minhas coisas que eu manteria como meus 'bens materiais'. Pois aqueles últimos dias são tão embaçados na minha memória. Revirei tantos papeis que não consigo lembrar. Mas seria a minha cara jogar o desenho fora. "Um sinal de que as coisas acabaram e devem acabar", eu teria pensado ao jogar o desenho junto a uma pilha de provas, de textos de história, de relatórios de biologia. Mas, não. Por que diabos eu teria feito tamanha besteira?! Aquele desenho significava coisas pra mim antes de eu partir e não era meu direito me livrar dele daquela forma.<br />
<br />
Pois é tarde demais pra lamentar tais perdas. Talvez algum dia eu o encontre. E talvez naquele dia eu ainda não tenha esquecido a senha desse usuário. O que me cabe relatar aqui é que o desenho se tratava de uma casa.<br />
<br />
Era uma casa em algum lugar que eu não sabia onde. Havia uma árvore de um lado. Talvez houvesse um sol no topo do papel, não me lembro ao certo. Não lembro se haviam flores, mas quando penso naquele desenho, imagino flores ao lado da casa. Pois era uma casa bem simples: paredes, telhado, janelas, porta. Uma típica casa desenhada por uma criança. Mas quem havia desenhado aquilo não era uma criança, era alguém que não tinha uma casa. Era um morador de rua, um sem-teto, um desabrigado. Não importa o termo politicamente correto que você queira usar.<br />
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Eu pegara aquele desenho pois ele despertara uma curiosidade gigantesca em mim. Mas não havia sido simplesmente pelo objeto central; havia sido pela plaquinha desenhada ao lado, onde se lia "Escala Girassol". Eu não sabia se era um desenho. Se era o passado. Um lugar real ou um lugar imaginário. Mas estava ali, uma escala. E, na minha memória, havia um girassol desenhado ao lado da casa. Pequenino.<br />
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Mas talvez eu esteja enganada.<br />
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<span style="font-size: xx-small;">PS: Acho (e sei) que havia em mim um grande medo de escrever esse post. Encontro-me aliviada por finalmente o ter feito, mesmo sabendo que o lerei em alguns dias e terei o desenho de apagá-lo pra sempre pela escolha das palavras, pela forma brega, "cheesy" de relatar e explicar origens. </span>Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Freiburg, Germany47.9990077 7.8421042999999647.8289672 7.51938079999996 48.1690482 8.16482779999996tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-85862880561601299442014-09-12T00:33:00.003+02:002014-09-12T00:42:39.080+02:00declaração...E assim eu declaro que, até que o tal desenho seja encontrado, o silêncio perseverá.<br />
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Mas antes do silêncio, que venha Pessoa.<br />
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<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: small;"><i>A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado</i></span><br />
<span style="font-size: small;"><i>De que te chorem?</i></span><br />
<span style="font-size: small;"><i>Descansa: pouco te chorarão...</i></span><br />
<span style="font-size: small;"><i>O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,</i></span><br />
<span style="font-size: small;"><i>Quando não são de coisas nossas,</i></span><br />
<span style="font-size: small;"><i>Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,</i></span><br />
<span style="font-size: small;"><i>Porque é coisa depois da qual nada acontece aos outros... </i></span></blockquote>
Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Freiburg, Germany47.9990077 7.8421042999999647.8289672 7.51938079999996 48.1690482 8.16482779999996tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-10654532683086911492014-08-24T17:36:00.002+02:002014-08-24T17:39:26.159+02:00um pedaço de Sampedro<br />
<span style="font-size: x-small;">De: Diccionario de la lengua española (RAE)</span><br />
<span style="font-size: x-small;">Para: Uma explicação de inúmeros sentidos </span><br />
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<span class="f"><b>escala</b></span><span class="f"><b>.</b></span><br />
<div class="q">
<span class="a"> (Del lat. <i>scala,</i></span><span class="a"> y este del gr. σκάλα).</span></div>
<blockquote class="tr_bq">
<div class="q">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="0_1"></a><span class="d"><b>1.</b></span> <span class="d" title="nombre femenino">f.</span><span class="b"> Escalera de mano, hecha de madera, de cuerda o de ambas cosas.</span></div>
<div class="q">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="0_2"> </a><span class="d"><b> 2.</b></span><span class="g"> <span class="g" title="nombre femenino">f.</span></span><span class="b"> Sucesión ordenada de valores distintos de una misma cualidad. <span class="h"><i>Escala de colores, de dureza</i></span></span></div>
<div class="q">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="0_3"> </a><span class="d"><b> 3.</b></span><span class="g"> <span class="g" title="nombre femenino">f.</span></span><span class="b"> Línea recta dividida en partes iguales que representan metros, kilómetros, leguas, etc., y sirve de medida para dibujar proporcionadamente en un mapa o plano las distancias y dimensiones de un terreno, edificio, máquina u otro objeto, y para averiguar sobre el plano las medidas reales de lo dibujado.</span></div>
<div class="q">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="0_4"> </a><span class="d"><b> 4.</b></span><span class="g"> <span class="g" title="nombre femenino">f.</span></span><span class="b"> Tamaño de un mapa, plano, diseño, etc., según la<b> <span class="j">escala</span></b> a que se ajusta.</span></div>
<div class="q">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="0_5"> </a><span class="d"><b> 5.</b></span><span class="g"> <span class="g" title="nombre femenino">f.</span></span><span class="b"> Tamaño o proporción en que se desarrolla un plan o idea.</span></div>
<div class="q">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="0_6"> </a><span class="d"><b> 6.</b></span><span class="g"> <span class="g" title="nombre femenino">f.</span></span><span class="d"><i> <span class="d" title="Física">Fís.</span></i></span><span class="b"> Graduación empleada en diversos instrumentos para medir una magnitud.</span></div>
<div class="q">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="0_7"> </a><span class="d"><b> 7.</b></span><span class="g"> <span class="g" title="nombre femenino">f.</span></span><span class="d"><i> <span class="d" title="Ingeniería">Ingen.</span></i></span><span class="d"> y<i> <span class="d" title="Marina">Mar.</span></i></span><span class="b"> Lugar donde tocan las embarcaciones o las aeronaves entre su punto de origen y el de destino.</span></div>
<div class="q">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="0_8"> </a><span class="d"><b> 8.</b></span><span class="g"> <span class="g" title="nombre femenino">f.</span></span><span class="d"><i> <span class="d" title="Milicia">Mil.</span></i></span><span class="b"> <span class="c">escalafón.</span></span></div>
<div class="q">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="0_9"> </a><span class="d"><b> 9.</b></span><span class="g"> <span class="g" title="nombre femenino">f.</span></span><span class="d"><i> <span class="d" title="Música">Mús.</span></i></span><span class="b"> Sucesión diatónica o cromática de las notas musicales.</span></div>
</blockquote>
Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Freiburg, Germany47.9990077 7.8421042999999647.8289672 7.51938079999996 48.1690482 8.16482779999996tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-17702937212630050582014-08-12T22:30:00.000+02:002014-08-24T17:40:32.537+02:00fragmentos finais - parte dois<b>Dialética</b><br />
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Eu tenho sérios problemas com relatos. Hoje, conversando com uma grande amiga, nos aprofundávamos na ideia da escrita como um ato egocêntrico - nem sequer egoista - e como nos parece que ao longo dos anos é um ato que se torna mais e mais difícil. Talvez porque sejamos extremamente críticas com nossa própria produção, mas também porque ainda não estamos certas de como evitar a mera dialética do 'eu' com o 'outro' de modo a não eliminar o 'outro' e, sim, tornar-lo espectador, leitor, devorador de palavras nossas.<br />
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Bastava um pedaço de grama.<br />
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<b> </b><br />
<b>O tal desenho atrás da porta</b><br />
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Pois bem. Falta-me pouco para partir mais uma vez; só que<b> </b>agora sei que não retornarei para aquela escala. E que aquela escala já não é exatamente representada por aquele desenho atrás da porta.<br />
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Desculpe, você está certo. Talvez eu devesse parar de falar de forma tão misteriosa e emblemática. Pois bem, o que você quer saber? Ah sim! O que é esse tal desenho atrás da porta! O que é essa tal Escala Gira Sol da qual eu tanto falo! Um nome tão ridículo, não acha?. Mas era provavelmente a melhor ideia dentre os nomes que eu havia pensando para esse pedaço de sítio web. Não! O nome não veio do nada. Tá, eu sempre gostei de girassois, mas assim desse jeitinho mesmo: t u d o j u n t o, nãoseparado.<br />
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"Escala Gira Sol" era o que se lia naquela plaquinha de grafite. Era uma placa desenhada à lápis grafite, do lado de uma simples casinha com duas janelinhas...<br />
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(inacabado) Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0São Paulo - São Paulo, Brazil-23.5505199 -46.633309399999973-24.4811409 -47.924202899999976 -22.619898900000003 -45.34241589999997tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-19683466131226181432014-08-06T04:52:00.003+02:002014-08-07T01:07:06.112+02:00fragmentos finais - parte umSegurava em mãos aquele livro de uma história de terror infantil e pensava sobre como minha mente sempre parece voltar para aquele livro. Não só porque foi um dos livros que eu li inteirinho só através da escuta naquelas noites em que minha mãe se sentava no pé da minha cama e lia em voz alta pra que eu e minha irmã caíssemos no sono - e ela era sempre a primeira a fazê-lo -; mas também porque eu sempre retomo a ideia de que aquele personagem escondido por trás daquelas palavras foi capaz de sair de seu próprio corpo. Corvos pretos; pretos como aqueles pássaros que eu observava pela janela da sala três. Krabat fugira do seu próprio corpo e sempre tive inveja disso. E, na minha concepção, a inveja é um sentimento tão cruel e desprezível quanto o arrependimento.<br />
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Coloquei o livro de lado. <br />
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- <br />
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Enquanto escrevia a dedicatória, o metrô balançava. Minhas palavras saíam borradas no papel, embora tão claras em minha mente, e eu adicionava letras inexistentes que eram mero produto da minha confusão linguística. Ouvi a voz masculina em português anunciando a próxima estação e depois a voz feminina, em inglês.<br />
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Era a minha estação.<br />
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-<br />
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Quando fechei a porta, lá estava. O desenho nunca me abandonou, embora eu tenha esquecido dele por um bom tempo. A Escala foi só um ponto de estadia. Foi só um ponto imaginário daquele sonho sobre o qual aquela holandesa me contava enquanto atravessávamos a rua. Eram só duas janelas e uma porta debaixo de um telhado; aquela casa que era vizinha de uma árvore e presenciava o sol com seus raios tortuosos. Havia uma placa desenhada a lápis ao lado. Mas aquela paisagem era coberta pela rosa de nanquim que me foi dada de presente em uma daquelas eternas tardes de quinta-feira nas quais nos largávamos sobre o chão gelado e nos deixávamos ir muito, muito longe.<br />
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-<br />
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Ali no carro, ao lado da minha mãe, eu fechei os olhos e pude ver tudo perfeitamente. Foi em como muitas das minhas memórias, quando eu sou a espectadora da minha própria vivência, como se eu estivesse mesmo fora do meu corpo. Aqueles sons tão harmoniosos que ecoavam do rádio do carro eram os mesmos que inundavam aquele palco de chão de madeira preta em que nós duas mergulhávamos. Além de tudo, mergulhávamos no olhar um da outra, como se nos unissemos num só corpo artístico, como se nossos movimentos se encaixassem perfeitamente mesmo que não tívessemos ensaiado o tanto quanto gostariamos. Ali, de olhos fechados, eu podia ver tudo do palco superior, até que o carro estacionou e eu tive que correr pra fora, esperando voltar à tempo de ouvir o final da canção de Marcos Ariel.<br />
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O humor da nossa lua: pra nós, as fases.<br />
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Eles ainda não tinham acordado. Eu lavei a louça pacientemente no silêncio daquela manhã. Já não era tão cedo quanto eu gostaria que fosse. Tomei uma caneca cheia de um café forte que tinha acabado de fazer, sentada naquele banco branco do qual eu tinha tirado a almofada. Eu tinha esperança de ouvir algum barulho vindo da escala a cima de mim, mas o cenário permanecia em silêncio.<br />
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Deitei-me na rede verde que se espreguiçava em frente à casa e que eu havia me esforçado pra colocar mais próxima ao chão. Continuei a ler sobre jardins e crianças magras ganhando energia. Mas não sentia nada. E parei, tentando sentir o calor do sol bater sobre minha pele. Mas nada. Era como se nada mais fosse físico.<br />
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Pensei no desenho atrás da porta.Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0São Paulo - São Paulo, Brazil-23.5505199 -46.633309399999973-24.4811409 -47.924202899999976 -22.619898900000003 -45.34241589999997tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-20010727870814266712014-07-14T19:33:00.001+02:002014-07-24T00:35:16.731+02:00janelas de transiçãoMeus dois anos de UWC acabam do mesmo modo que começaram: comigo sentada no aeroporto de Munique. Por alguma razão, sempre acabo na Alemanha e me parece que sempre será um lugar de escala: um lugar de escala entre uma casa e outra, entre uma fase da educação e outra.<br />
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Em agosto de 2012, eu me sentava em bancos idênticos a estes e escrevia naquele caderno com a capa cor de vinho que ainda não tinha tantas cicatrizes do tempo e do caminho. Eu me sentava e escrevia esperando aquele voo pra Sarajevo e podia sentir o olhar de uma garota que estava sentada em minha frente. Levantei os olhos para encará-la e ela virou o rosto. Só quando chegamos na capital da Bósnia&Herzegovina foi que eu descobri que aquela era Liza. Era a mesma Liza que sempre sorriu pra mim nos corredores de Musala e da escola e com quem eu me encolhi debaixo do cobertor pra assistir The Beasts of the Southern Wild. Uma Liza que não vejo há um ano e de quem me lembro com saudade.<br />
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Em janeiro de 2013, encontrei Erika, Maud e Carme nesse mesmo aeroporto. Lembro-me perfeitamente de estar caminhando em direção ao portão de embarque e me deparar com uma Maud encarando as telas com horários de embarque. Ela tinha lágrimas nos olhos por ter deixado Florença - e mal sabíamos como as coisas mudariam pra ela nos próximos meses - e tudo que fiz foi dar-lhe um abraço. Enquanto esperávamos, Carme encarava meus recém feitos dreadlocks, incerta sobre sua opinião em relação a eles. Foi exatamente por essas janelas do aeroporto de Munich que eu vi neve caindo pela primeira vez, com uma excitação absurda enquanto Erika, que é de Minnesota, tirava sarro dos meus comentários repetitivos e de como meus olhos brilhavam.<br />
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São essas janelas gigantescas do aeroporto de Munich, por onde vi o branco da neve se espalhar sobre os carros que transportam bagagens, que me fazem sentir em transição. Finalmente, volto pra casa; aquela minha casa no Brasil. E é um tanto quanto surreal me dar conta de que aqueles dois anos passaram tão rapidinho e que foi há dois anos que vi Liza me encarando; que justo ontem comíamos empanadas e nos balançávamos atrás da casa de Marta.<br />
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Pois bem. São só transições. Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Munich, Germany48.1351253 11.58198059999995247.965637799999996 11.259257099999951 48.3046128 11.904704099999952tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-80236187288019852352014-07-03T02:50:00.004+02:002014-07-03T02:50:53.434+02:00breve e prontoEmbora deteste finais, creio que sempre necessito afirmá-los, duvidá-los, explicá-los. Assim como o fizeram Jose e Jaime em frente ao corpo frio e morto de Marcos. Pensei que esse último e cru post, que chamei de haicai devido ao nome de uma música que me atormentou pela infância inteira, seria o último e, ao mesmo tempo, sabia que estava enganada, que não poderia acabar um blog sem explicá-lo, explicar seu nome brega e bobinho; sem refletir de forma amedrontamente nostálgica a importância de escrever durante os últimos dois anos.<br />
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Então o farei. Pronto; em breve; Virão alguns posts sonhadores, explicativos, que não dirão absolutamente nada com nada para você e, talvez, dirão tudo para mim. Mas com certeza não me darei ao trabalho de explicar o último mês em que estive viajando na Europa de pico em pico, de acordo com grandes amizades, na beira do Mediterrâneo.Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Madrid, Spain40.4167754 -3.703790199999957640.0300424 -4.3492371999999575 40.8035084 -3.0583431999999577tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-62017284145684950212014-05-27T11:00:00.001+02:002014-05-27T11:11:26.485+02:00haicai<i>"Me desculpe por não ser uma pessoa feliz. Eu só quero que isso acabe logo e que nós partamos.</i>", foi o que ele me disse quando veio me dar boa noite. E eu não hesitei em relacionar o que ele sentia com o que sinto há algum tempo.<br />
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Talvez eu devesse estar aos prantos, desejando ficar; como ela o fez naquela nossa caminhada de volta a Susac, um pouco embriagadas. <br />
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<i><span style="color: black;">Para que la realidad no sea irreal, nos dicen los que mandan, la moral ha de ser inmoral.</span></i><br />
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<span style="color: black;">Enquanto nos alinhamos em fileiras no palco, para receber nossos certificados, que nos são entregados por uma mulher que eu nunca vi na vida. Em algumas horas, essa será a <i>realidad</i>.</span><i><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></i><br />
<br />
<i><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Assim, pois, o que parecia vontade imperiosa reduzia-se a veleidade pura, e, com algumas horas de intervalo, todos os maus pensamenos se recolheram às suas alcovas. Se me perguntardes por algum remorso de Sofia, não sei que vos diga. Há uma escala de ressentimento e de reprovação. Não é só nas ações que a consciência passa gradualmente da novidade ao costume, e do temor à indiferença. Os simples pecados de pensamento são sujeitos a essa mesma alteração, e o uso de cuidar nas coisas afeiçoa tanto a elas, - que, afinal, o espírito não as estranha, nem as repele. E nestes casos há refúgio moral na isenção exterior, que é, por outros termos mais explicativos, o corpo sem mácula.</span></i><br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Enquanto me transformo em personagem de uma história inventada por Machado de Assis ou criada por fases lunares e pedaços de pano: tanto faz, tanto fez. Agora já foi.</span><i><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></i><br />
<br />
<i><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">O senhor é escritor, tem, como disse há pouco, obrigação de conhecer as palavras, portanto sabe que os adjectivos não nos servem de nada, se uma pessoa mata outra, por exemplo, seria melhor enunciá-lo assim, simplesmente, e confiar que o horror do acto, só por si, fosse tão chocante que nos dispensasse de dizer que foi horrível, Quer dizer que temos palavras a mais, Quero dizer que temos sentimentos a menos, </span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">E Saramago era sábio, como sabemos.<i> </i>De que nos servem adjetivos? De que nos serve nos enfeitarmos, colorirmos, fingirmos esse sorriso no rosto? De que nos adianta forçar os 'últimos'? Forçar o existente acabado?</span><i><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"> </span></i><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Ou talvez percamos sentimentos por não expressá-los e acumulá-los em nós. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">De que serve tanta angústia e tanto lenga-lenga. Chega. Basta.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Queres que eu escreva sobre o aperto de me formar, de deixar Mostar, de deixar meus amigos? Sinto em decepcioná-los: não o farei. Porque aproveitei esses anos, me darei o prazer de não os lamentar com lágrimas de saudade precipitada. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">É bom o sentimento de estar pronta para partir. <i>Estoy en otra canción, se acabo.</i></span></div>
<br />Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Mostar, Bosnia and Herzegovina43.3422732 17.81275359999995143.296083700000004 17.732072599999952 43.3884627 17.893434599999949tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-794849010870316262014-05-24T17:49:00.003+02:002014-05-27T11:13:29.547+02:00xarope e tylolhotComo já foi dito anteriormente, não sou capaz de concretizar finais em palavras. Talvez porque meus pensamentos nunca encontrem esses finais. E jogo pensamentos que tenho tido nos últimos dias.<br />
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#1 - Quantos insetos sobrevoam o Neretva durante o pôr do sol em Mostar?<br />
<br />
#2 - Tão fácil se livrar das coisas que fizeram parte desses anos. Permaneço com o que já tinha e deixo uma parte pra trás.<br />
<br />
#3 - Supo y no supe<br />
<br />
#4 - Distribuo meus pertences materiais pela Europa durante esse verão.<br />
<br />
#5 - Estou à ponto de realizar meu sonho de infância: visitar Constantinopla e Atenas (embora me divida com a simpatia por Esparta). E meu sonho de pré-adolescência: visitar a Espanha.<br />
<br />
#6 - Sou meio sem coração. Às vezes.<br />
<br />
#7 - Se retornar a Mostar, não o farei por mim.<br />
<br />
#8 - Não tem problema não saber de tudo (e me consolo com tapinhas nos ombros).<br />
<br />
#9 - Começo a detestar o verão. Esse calor me consome todas as energias.<br />
<br />
#10 - Parei. Parei de vez?<br />
<br />
#11 - Não, não tenho medo de partir. Já é hora, não importa a minha lealdade à Tabacaria. Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Mostar, Bosnia and Herzegovina43.3422732 17.81275359999995143.296083700000004 17.732072599999952 43.3884627 17.893434599999949tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-13433845265588357412014-05-22T01:09:00.000+02:002014-05-24T17:42:02.408+02:00eu deixarei os versos<!--[if gte mso 9]><xml> <o:OfficeDocumentSettings> <o:AllowPNG/> </o:OfficeDocumentSettings> </xml><![endif]--><br />
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<div class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">(..) Mas então pensei que ainda faltava uma parte a ser desvendada. Por que havia escrito que o poema havia sido muito significativo para mim? Vou lê-lo. Era a Tabacaria. Havia me enganado: não era simplesmente aquele trecho e aquele pedaço do meu caminho debaixo das terras paulistanas. Era a tabacaria do outro lado da rua. <i> </i></span><br />
<br />
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><i>Estou hoje dividido entre a lealdade que devo à Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora; e à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro</i>. </span><br />
<br />
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">É a sensação de que tudo que passou foi só um sonho e as coisas mais concretas são os lugares físicos e as pequenas lembranças deles. A sensação de que falhei em tudo. Mas a lealdade ridícula que devo ao lugar físico que me proporcionou os sonhos das coisas reais por dentro, como a emoção da última dança no salão escuro e abafado.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">E leio as palavras reconhecendo que esse poema se encaixa mais com o que sou agora do com o que fui. Mais com minhas dúvidas e descobertas de agora. </span><br />
<br />
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><i>Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso tanta coisa! E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!</i> </span><br />
<br />
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Sabendo que não faço nada além de pensar e pensar, e gastar pensamentos sem escrevê-los, sem lembrá-los. Desperdiço-os sem piedade, por medo de lembra-los, medo de concretizá-los em poesia, em prosa, em versos, em rabiscos discretos.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">E sou péssima em escrever sobre finais. Porque tenho medo de mortalizá-los. Medo de torná-los mais banais do que já são. Tenho medo de dramatizá-los e torná-los mais dramáticos do que já são. Tenho esperança de lembrá-los de forma errônea, deslizada, singela. Porque tenho mais medo de saber a verdade no futuro do que de me enganar com falsas lembranças sobre o Dono da Tabacaria e concretas noites sem dormir.</span></div>Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Mostar, Bosnia and Herzegovina43.3422732 17.81275359999995143.296083700000004 17.732072599999952 43.3884627 17.893434599999949tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-42656673023765119582014-05-18T10:42:00.000+02:002014-05-18T10:42:09.188+02:00estamos aquí sentadosNa terça-feira, quando eu mal conseguia dormir por conta do estresse, do medo, da loucura que me tomou na última semana, recebi um email de uma grande amiga que há muito não vejo e ela me lembrou de que o tempo que eu passei aqui não foi desperdiçado, nem mesmo um segundo dele, e ela soube me dizer isso estando a dez mil quilômetros de distância, acudindo a aflição que havia me tomado paulatinamente, mesmo que um abraço de consolo tenha me sido oferecido nos últimos segundos em que meu computador funcionava, e eu mal sabia que a ausência do desespero me traria uma ausência ainda maior de solidão e vozes sem nexo algum, enquanto observava o papel parede e a estranha iluminação, com um livro "Guia da América Latina" no meu colo, pensando que talvez o futuro seja mais eloquente do que eu possa imaginar, Go to college!, ele disse, rindo, enquanto me fazia pensar sobre a inexistência de um plano, pensar que agora pra frente há um vazio onde antes havia escola e, que, eu finalmente terminei o colegial, num súbito espasmo de terror, me levantei e parti com uma amiga bielorrúsia, sabendo que não iria mais voltar. <i>Me gustaría escapar.</i><br />
<br />
<i> mirando cómo nos matan los sueños.</i>Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Mostar, Bosnia and Herzegovina43.3422732 17.81275359999995143.296083700000004 17.732072599999952 43.3884627 17.893434599999949tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-66652933665296077222014-05-11T14:30:00.000+02:002014-05-18T10:28:48.485+02:00yo no creo en caminosCheguei a um ponto de exaustão relacionado à privação de sono que vivi durante esses últimos dois anos - e provavelmente os últimos cinco anos da minha vida. Esse ponto de exaustão me joga num sono exacerbado, desproporcional à minha urgência de absorver conhecimento em um espaço de tempo um tanto quanto limitado.<br />
<br />
Mas é assim que me coloco dentro de um mundo de sonhos tão real e palpável que já não sei mais diferenciar o que aconteceu no plano da realidade e o que aconteceu no plano dos sonhos. Já não sei dizer se o encontro com alguém foi parte de um sonho ou se uma conversa aconteceu na vida real. Uma confusão truculenta de falsas memórias que foram implementadas durante meu sono. Estou tão perdida nesse limbo que perco a conta dos copos de café ou das refeições degustadas durante um longo dia de estudo. Já não sei que horas acordei, porque nem sei se sonhava ou vivia. Mas, ora!, viver não é sonhar?<br />
<br />
E aqui retomo um pensamento que me desassossegava dois anos atrás, enquanto me preparava pra me despedir da vida que havia vivido por dezesseis anos: por que diabos chamamos sonhos de sonhos? Digo, os sonhos relacionados ao nosso futuro, ao que desejamos. Por que os chamamos pelo mesmo nome que aquilo que não é real fora da nossa cabeça? Talvez seja um pensamento bobo, mas me ponho a pensar se sonhos são inalcançáveis. (<i>"And she said 'dream choice is a university that you apply to but you won't get in.' Thank you, Sensei!</i>") Ou se essa nomeação se refere ao fato de que o futuro está no que fazemos dele, como nossos sonhos de dormir são pura invenção nossa.<br />
<br />
Em 11 de abril de 2012, eu escrevi:<br />
<blockquote>
Combustível. Essa é uma palavra essencial pra se entender a fragilidade do sonho. Talvez o sonho concreto fosse aquele no qual você não tivesse nenhuma vergonha, e, sim, completo orgulho por aquilo que você fizera na vida, pela pessoa que você se tornara. Um momento em que você olhasse pra trás e não lamentasse nenhum “erro” e não tentasse amenizar nada do que você fizera, não importasse a situação ou com quem você estivesse.<br />
Tanta gente pensa no futuro como um <i>lugar</i> que você alcança através de uma estrada imaginária. Eu não consigo visualizar essa estrada, nem suas curvas e encruzilhadas. Pra mim, o futuro é um borrão, uma coisa completamente <i>indefinida</i>. A próxima palavra que eu vou escrever, e quem sabe apagar, é indefinida, totalmente borrada na minha visão, nesse segundo.</blockquote>
<br />
<i>pero que los hay</i><br />
<i> hay</i>Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Mostar, Bosnia and Herzegovina43.3422732 17.81275359999995143.296083700000004 17.732072599999952 43.3884627 17.893434599999949tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-41705095282108281102014-05-10T01:15:00.000+02:002014-08-24T19:36:02.762+02:00os lemas de um(a) nômade<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvMq_fapTlQhk7QEbOmHqb92C5Jt_zSnbWLTktKd_emdqelU6_HDhljbXKqywjpZWUR1jIFzuaIpoIPyGvyW6Yx9ecFvIfLkG_yYvgGfGb7OBZ7pZvGA6Nvg7aw8kd9HX3qUNJLUdhdUU/s1600/derriere-la-colline-tepenin-ardi-03-04-2013-14-12-2012-5-g-e1379886794335.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvMq_fapTlQhk7QEbOmHqb92C5Jt_zSnbWLTktKd_emdqelU6_HDhljbXKqywjpZWUR1jIFzuaIpoIPyGvyW6Yx9ecFvIfLkG_yYvgGfGb7OBZ7pZvGA6Nvg7aw8kd9HX3qUNJLUdhdUU/s1600/derriere-la-colline-tepenin-ardi-03-04-2013-14-12-2012-5-g-e1379886794335.jpg" height="223" width="400" /></a></div>
<br />
Enquanto caminhamos de volta pra casa, brincando com os esvoaçantes grãos de pólen que tomam conta do caminho, tentamos desvendar a estranha organização das mãos da rua. Discutimos um <a href="http://www.imdb.com/title/tt2343582/">filme</a> e o seu final brutalmente inesperado.<br />
<br />
No dia seguinte, discutimos o brilhante desenrolar de uma <a href="http://www.imdb.com/title/tt2106671/?ref_=fn_al_tt_1">história</a>, que nos intriga. E somos - eu e Mandula - capazes de permanecer em pleno silêncio, absortas em nossos próprios pensamentos - num mundo muito distante além da montanha. Disfrutamos do Festival de Cinema Turco, mesmo que tenhamos em mente que estudar deveria ser uma prioridade a essas alturas do campeonato - talvez mais pra mim do que pra ela.<br />
<br />
Entre tantos poréns, deixo-me desapontar comigo mesma, por não lembrar processos químicos e relações entre funções e estruturas. Mas não me parece relevante. Logo esqueço: dois anos (ou duas semanas) de aprendizado resumidos a um pedaço de papel com tinta azul. Não prova meu conhecimento; não prova minha capacidade de raciocínio. E detesto cada vez mais e mais o sistema tradicional de educação: provas, memorização, <i>decoreba</i>.<br />
<br />
Adoeço brutamente, como se meu corpo já não mais aguentasse esse uso inútil que tenho feito dele. E enquanto o arrasto pra casa depois de cinco horas de provas, debaixo de um sol pelante de trinta e um graus, penso que números não me atingem e que não me dói pensar que os dias restantes caibam num pedaço de papel.Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Mostar, Bosnia and Herzegovina43.3422732 17.81275359999995143.296083700000004 17.732072599999952 43.3884627 17.893434599999949tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-45481780791563134972014-05-08T00:55:00.002+02:002014-05-08T09:44:58.998+02:00ameixas: ame-as ou deixe-as<b>Putrefação de jabuticabeiras</b><br />
<br />
Porque tenho tido demasiado Leminski em meus tempos de mitigação, deixo uma escolha aleatória dentre todas as cores plásticas que saem das páginas do laranja Toda Poesia que me foi um presente de Natal da minha adorável irmã.<br />
<blockquote class="tr_bq">
<i>que tudo passe</i><br />
<i><br /></i>
<i>passe a noite</i><br />
<i>passe a peste</i><br />
<i>passe o verão</i><br />
<i>passe o inverno</i><br />
<i>passe a guerra</i><br />
<i>e passe a paz</i><br />
<i><br /></i>
<i>passe o que nasce</i><br />
<i>passe o que nem</i><br />
<i>passe o que faz</i><br />
<i>passe o que faz-se</i><br />
<i><br /></i>
<i>que tudo bem</i><br />
<i>e passe muito bem </i></blockquote>
<br />
Por fim, deixo um artigo sobre <a href="http://elpais.com/elpais/2014/04/30/eps/1398855759_506297.html">o despertar</a> de uma biblioteca antiga. E é com orgulho que também deixo aqui nosso (de todos!) <a href="http://thedewpoint.wordpress.com/">ponto de condensação</a>; meu projeto final.<br />
<br />Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Mostar, Bosnia and Herzegovina43.3422732 17.81275359999995143.296083700000004 17.732072599999952 43.3884627 17.893434599999949tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-72713822939456733292014-05-02T00:39:00.004+02:002014-05-04T21:21:44.787+02:00fifteen days to independence<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3X-PyyintIgsw1vmYiUVP3_KgotfQ4QaMkPDrsR8Z_lyIXcK5ENXMy5Zkehm0Ftu6uU5hELDlj2WrUkxkfQ5zeuIUICxCap9LsXK5AYRRRGKfcHupUJajhddn27RyhweizCqJkWcXdTQ/s1600/kandinsky.comp-8.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3X-PyyintIgsw1vmYiUVP3_KgotfQ4QaMkPDrsR8Z_lyIXcK5ENXMy5Zkehm0Ftu6uU5hELDlj2WrUkxkfQ5zeuIUICxCap9LsXK5AYRRRGKfcHupUJajhddn27RyhweizCqJkWcXdTQ/s1600/kandinsky.comp-8.jpg" height="276" width="400" /></a></div>
<br />
Por ora, vou dormir com Kandinsky, Piazzolla, algumas informações sobre Sudão, Ruanda e transnacionais em minha mente. Dormir com vários corações na parede (<i>Si y No</i>) e uma sensação engraçada de ter deixado um peso em algum lugar na minha cama (debaixo do travesseiro?). Talvez seja o livro de SAT que joguei na cabeça do Simon; talvez eu tenha deixado na rua, enquanto nos sentávamos na bifurcação.<br />
<br />
Hoje algo começa. Hoje algo termina. IB.Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Mostar, Bosnia and Herzegovina43.3422732 17.81275359999995143.296083700000004 17.732072599999952 43.3884627 17.893434599999949tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-13904690730892621432014-04-30T01:48:00.004+02:002014-04-30T01:48:52.063+02:00él decíaEle me disse algumas coisas que me foram trazidas de volta aos poucos, enquanto relia um diário de três anos atrás. Tudo pareceu muito vivo enquanto eu ria das memórias redigidas.<br />
<br />
Ele me dizia que, se havia alguém que sabia de (quase) tudo, era eu. Brincava de dirigir ao redor de retornos. Tentava aprender português, mas só arranhava umas poucas palavras inapropriadas. Ele brincava sem parar com um erro que eu havia cometido, confundindo anos com meses. Ele me chamava de aventureira.<br />
<br />
Sentou-se ao meu lado naquela noite de ano novo em que eu tapava minha boca para não falar. Mandou eu me limpar na piscina. Ele riu de mim, da minha idade, do meu estado naquele momento; “<i>you need to smile, Sofi</i>”, disse e completou falando que eu ainda tinha muito pra viver. Eu achava que ele também. Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Mostar, Bosnia and Herzegovina43.3422732 17.81275359999995143.296083700000004 17.732072599999952 43.3884627 17.893434599999949tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-8685056514850518562014-04-23T17:44:00.003+02:002014-05-04T09:25:30.878+02:00quincas e humanitas<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Embora não tivesse chegado em sua meta, levantou subitamente e vestiu os brincos num ato automático.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">“Onde você vai?”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">“Não sei”, disse descendo as escadas. Tinha o pequeno caderno saindo pelo bolso das calças e um livro espiralado nas mãos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Sentiu o frio das escadarias e saiu pra rua. Virou em uma esquina e estava a ponto de virar por um caminho conhecido quando se pegou virando pra outro lado. Subiu escadas e se deparou com uma igreja.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Contornou-a e desceu ruas, meio sem prestar atenção. Havia esquecido a simplicidade de estar perdida em uma cidade, sem horário para estar em algum lugar, sem medo de realmente se perder.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Descobriu ruelas da pequena cidade até se deparar com a praça que já conhecia. 19 de Abril de 1921, onde havia aterrissado dias antes. Meio inusitadamente, acabou sentada em um banco, lendo. E embora tentasse mergulhar naquelas palavras, o mar lhe chamava. Chamava de forma tão árdua que pingos d’água começaram a cair sobre o papel no exato momento em que ela começara a reparar na existente textura das páginas por trás das palavras</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Quando não pôde mais resistir, se levantou e caminhou sobre o convés que adentrava a privacidade do mar. Imaginou ver a cena de fora; uma garota com calças indonésias, brincos de cigana e pés descalços caminhando em direção ao mar, a ponto de se entregar à vastidão. Tinha considerado deixar o livro e o caderno pra trás, mas, por medo de tê-los arrastados pelo vento, caminhava com eles junto ao corpo. Prestava atenção no mar debaixo dos seus pés que podia ver por entre as frestas que separavam os pedaços de madeira.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Quando chegou à ponta do convés, sentou-se cuidadosamente e colocou as pernas para fora. Surpreendeu-se quando o frio não a tocou. Esperava que os pés alcançassem o mar e, dessa forma, o mar a alcançasse. Mas por causa dos limites do seu corpo – o tamanho compacto – não chegou a tocá-lo. E ele não a tocou de volta. Permaneceu ali sentada. Fechou os olhos deixando o vento bater. Um pingo caiu sobre a sua face. Queria tocar a água.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Levantou-se lentamente e virou com cuidado. Subiu para a rua e caminhou até outras escadas que havia avistado. Chegando nelas, colocou o livro no chão e o caderno sobre ele. Tirou as sandálias e desceu as escadas com as pontas dos pés, ansiando pelo frio que a esperava no final da escadaria. A água a alcançou antes que ela a alcançasse: uma leve onda a pegou de surpresa. Pisou na praia de pedras coberta pelo mar. Levantou a barra das calças e foi tomada pela sensação de sua energia escorrendo e se diluindo junto ao sal do mar. Fechou os olhos por uns instantes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Os pingos da chuva continuavam caindo e decidiu que era hora de voltar. Subiu as escadas, vestiu as sandálias e encarou a cidade: o mar, os telhados laranjas das casas brancas e a estátua no topo da pequena capela. Retornou pela rua enquanto a chuva apertava levemente. Passou por uma senhora com bengala e esqueceu de dar olá, arrependendo-se momentos depois. Poderia ter voltado. Mas de que importava? Não falava a língua. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Pensou na <a href="http://cultura.elpais.com/cultura/2014/04/21/actualidad/1398105261_052392.html">entrevista</a> com a escritora mexicana que havia lido algumas horas antes, porque pensava em escrever. Revendo isso, percebeu que ignorava a chuva. Numa tentativa de não o fazê-lo, passou a notá-lá com muita atenção, calculando quando a próxima gota cairia e sobre que parte de seu corpo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;">Percebeu que se arrastava pelas ruas, pois não tinha <i>ganas</i> de voltar. A chuva a obrigava a fazê-lo. Mas não estaria retornando, mesmo que a chuva estivesse caindo, se não tivesse o caderno e o livro em mãos. Maldito papel e sua textura frágil. Pouco importava. Percebeu reconhecer o caminho, a pizzaria na esquina e logo se encontrou em frente à ruela do apartamento. A porta estava aberta. Talvez estivesse esquecido de fechá-la.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 21.3pt;">
<span lang="PT-BR" style="mso-ansi-language: PT-BR;"><span style="font-size: x-small;"><i>PS: Quincas e Humanitas desejam um feliz dia do livro! </i> </span></span></div>
Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Korčula, Croatia42.958782 17.1366886000000717.4367475 -24.171905399999929 68.4808165 58.44528260000007tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-58906816295590071852014-04-21T10:14:00.003+02:002014-04-25T22:47:57.920+02:00temporariamente ausente (ou pelo simples ato de escrever)"(...)<br />
<br />
Acontece que sou terrível. Que me deixo atingir por banais acontecimentos e não me deixo atingir por brutalidades da vida. Porque sou assim, de uma pedra resistente ao vento mas irresistente às leves ondas do mar. Sou euforia em bocados e desespero em outros.<br />
<br />
(...)<br />
<br />
E porque sofro, percebo que existo. Porque me encontro nessas madrugas depois de um dia de criança de estudo, sabendo que nada é certo. Que minhas amizades são parte da falsidade do tempo. Porque sento sobre as pedras à beira do mar e percebo que em dois anos esse momento será só uma memória. E a realidade é que nunca vou saber se é uma memória ou a memória de uma memória. E nunca vou saber se estou cega ou se sou cega por acreditar estar cega.<br />
<br />
Tenho medo. Tanto medo que me curvo sobre a mesa, sentindo a dor dos nós nas minhas costas. Medo da incerteza que antes me parecia uma lombriga prazerosa – mas afinal de contas, coisas que achamos excelentes se provam malévolas mais cedo ou mais tarde. (...)<br />
<br />
Porque me permito sofrer, sei que vivo. Sei que sou tão simples quanto os que me cercam e tão complexa quanto os que não compreendo. Sei que ninguém me conhece e nem eu mesma. (...) Que sou só um bocado de lembranças de tardes no metrô, de riqueza e felicidade. Sou brutamente um nada que existe e, mais, vive. Com medo."<br />
<br />
E por conta desse medo sobre o qual persisto escrever (e como um velho amigo me dizia, tenho uma paixão insolúvel pelo medo), mas não só por ele, esse blog se encontra, temporariamente, num segredo pessoal. Ausente pra todos, menos pra mim mesma.<br />
<br />
Porque ando escrevendo pouco no meu <i>journal</i>, está na hora de pelo menos escrever aqui por ninguém. Só pelo ato de escrever. Escrever pra mim mesma e ninguém mais.Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Korčula, Croatia42.958782 17.1366886000000742.866398 16.975327100000069 43.051166 17.298050100000072tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-87983472470237156012014-04-18T15:11:00.002+02:002014-04-20T21:29:01.516+02:00sobre a sorte e a maréSujeito de sorte aquele que se senta em um café expirando o fermento das pinturas nas paredes. O passarinho canta como o relógio de parede de sua infância enquanto vê o tempo se esgotar. <i>¿Por que te vas? </i>Morangos, perdizes, baratas pela manhã.<br />
<br />
Dois anos atrás, numa aula de matemática, o telefone tocou sem explicação nenhuma. Um número desconhecido. Dois anos depois, o agora; esse agora em que o aniversário de uma colega de quarto traz grandes amigos pra dentro da madrugada, folheando um grande livro.<br />
<br />
Sujeito de sorte que recebe lenços de um garçom atencioso quando se está a chorar ou é resgatado por amigos por ter adormecido dentro do banheiro. Meus pequenos.<br />
<br />
Sujeito de sorte aquele que ouve o vento uivar a um vidro de distância e que joga açucar sobre o pires. Aquele que pode abraçar e ver. Ver, acima de tudo.<br />
<br />
Ver, sentir, cheirar. Aquele cheiro diferente de cada pessoa com quem adormece; noites diferentes, quartos diferentes numa mesma residência.<br />
<br />
Sujeito de sorte que tem um apoio materno e paterno à distância. Aquele que se isola numa ilha (desconhecida?) para se envergar sobre livros e escritos. Aquele que caminha pelas ruas no meio do asfalto, ignorando a existência da plena e vazia calçada. Buzinas agudas.<br />
<br />
Numa tarde num bar depois do último dia de aula, engolindo <i>rakija</i> com um nó na garganta, nos levantamos para um improviso. Virei profissional na arte de improvisar a vida. Talvez por isso não ache que seja mera sorte viver nessa cidade, estar cercada por essas pessoas. Presa numa maré. <br />
<br />
<span style="font-size: x-small;"><i>Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte</i></span><br />
<span style="font-size: x-small;"><i>Porque apesar de muito moço me sinto são e salvo e forte</i></span><br />
<span style="font-size: x-small;"><i>Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro</i></span><br />
<span style="font-size: x-small;"><i>Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro</i></span>Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Mostar, Bosnia and Herzegovina43.3422732 17.81275359999995143.296083700000004 17.732072599999952 43.3884627 17.893434599999949tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-75325055433904830972014-04-15T23:59:00.000+02:002014-05-04T09:43:53.026+02:00bata na porta antes de entrar"O que eu mais odeio é o que os <i>goodbyes</i> já estão aqui." É o que me diz essa pequena patriota quando caminhamos pelo nosso caminho habitual. Essa cena se dá depois de estarmos sentadas em sua cama, abraçadas, não querendo partir. "Não quero ir pra casa" ela também me disse. E vi ela assim: pequena, frágil e sensível. Pulei para um abraço e senti o gosto ácido na minha boca. Entendi então que essa descrição não era nada diferente de como eu havia me visto uma hora antes, encolhida numa cama familiarmente confortável, desejando dormir para não ter que concentrar a minha respiração para expirar aquela bola de lã que se formava no meu peito. Pequena, frágil, sensível. Como uma formiga.<br />
<br />
A minha resposta foi sincera; disse que os <i>goodbyes</i> só estão aqui se nós os fazemos estar. "<i>And I mean it</i>". Porque foi naquela pequena escadaria de Old Man's, quando eu deixei um brinco pra trás, em que prometemos não falar. E nós duas sabíamos que enquanto não colocássemos aquilo em palavras, em voz alta, uma na frente da outra, não seria tão difícil. E é também por isso que não gosto de escrever sobre essas pequenas coisas que me vão fazer falta, pois as conheço muito bem e a saudade de verdade não virá enquanto eu não a escrever.<br />
<br />
Então por enquanto a largamos naqueles degraus e naquele caminho habitual. Largamo-na em um sono profundo de pedras e uma escovada lenta de cabelos longos. Largamo-na porque não a necessitamos no momento, muito obrigada.Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Mostar, Bosnia and Herzegovina43.3422732 17.81275359999995143.296083700000004 17.732072599999952 43.3884627 17.893434599999949tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-22852837629483451332014-04-13T23:30:00.000+02:002014-04-14T02:03:39.847+02:00a cor da capaVi o taxi ir embora no horizonte e parei por um instante para vestir minha jaqueta. Larguei minha mochila no chão e foi quando me deparei com aquele prédio ao meu lado. Esquecido e sozinho. Sem cultura, sem moral. <i>Bez kulture, bez morala</i>. Deixei a mochila pra trás e fui me sentar naqueles degraus.<br />
<div>
<br />
<div>
Voltei a pensar na mesma faixa amarela algumas horas depois. <i>I'll be returning on April 12</i>. Ruínas. T<span style="background-color: white; color: #545454; font-family: arial, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 18px;">ã</span>o abandonadas e esquecidas quanto cegos em um asilo. E que se misturam em tantas metáforas e nos fazem perguntar o significado de coisas maiores e inexplicáveis. Buscamos conforto no explicável e no existente, às vezes nos esquecendo que o que há de mais bonito é o que não podemos comunicar. Como a paixão por algo; uma paixão tão profunda quanto a de escrever ou tão profunda quanto o colossal buraco criado entre blocos de pedra. Cavados com uma pá - por cegos.</div>
</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Gosto como a literatura na qual eu me imirjo me torna tão sensível à diferença entre o universo tangível e o universo da arte. Esse universo que é algo tão intocável e incompreendido quanto a arte contemporânea - o que me leva a pensar em uma conversa no meio do planeta terra. O que me parece um tanto quanto redundante.<br />
<br />
Mas foi entre sushis e pães de uma padaria francesa que eu vi aquela brancura. Talvez não a mesma, mas gosto de pensar que era a mesma brancura da cegueira de Saramago. Não vi nada, pra falar a verdade. Talvez nem tudo tenha que ter um significado para todos nós.<br />
<br />
E talvez devêssemos pensar mais sobre as semelhanças entre o mundo da cegueira de Saramago e o mundo tangível e explicável. Porque elas existem. E são muitas. Quem somos nós se não seres cegados pelo nosso próprio individualismo, criticismo e egoísmo? Talvez sejamos realmente essa massa: metade indiferença, metade ruindade.<br />
<br />
Dois anos atrás, numa aula de filosofia, capturei algumas palavras de um documentário que assistíamos, escrevi-as num caderno de capa preta com a intenção de as fossilizar em minha própria caligrafia. E agora trago-as de volta com a intenção de melhor compreendê-las.<br />
<br />
<i>A realidade real não existe. É sempre um olhar condicionado. Cada experiência de olhar é um limite, não conhecemos as coisas como elas são; só mediadas pela nossa experiência. O olhar é uma interpretação, está sempre mediado pelos nossos conceitos, nossos valores.</i><br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">Paulo Cezar Lopes</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<div style="text-align: start;">
Crescemos e mudamos a cor da capa. Deixamos ruínas como cidade arqueológicas dentro de nossos mochilas, largadas no asfalto de uma rua em plena Sarajevo.</div>
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Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Mostar, Bosnia and Herzegovina43.3422732 17.81275359999995143.296083700000004 17.732072599999952 43.3884627 17.893434599999949tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-62131030308636131312014-04-06T23:55:00.000+02:002014-04-07T02:34:33.919+02:00sobre abismos e céusAcordo desesperada. Nem consigo abrir os olhos. Mas porque sinto tão arduamente o meu coração batendo, sei que já não estou naquele sonho. Sinto um pesar sobre o peito e um grito interno ecoa dentro de mim. Faço esforço para abrir os olhos e descubro que a minha bolsa está ao meu lado; que aquele inútil pesadelo era só uma bobagem.<br />
<br />
Mas não era só bobagem. Era a manifestação do nível de frustração e desespero que atingi. Não só porque tenho que me manter sempre pra cima enquanto parece que todos estão rapidamente caindo num abismo de cansaço. Também porque meu computador não funciona mais e a dependência de um computador funcional nesse momento crucial do meu IB e da minha vida UWC fazem com que a situação seja, sem sombra de dúvidas, desesperadora. Tento me manter calma. Respiro debaixo da coberta e abro os olhos outra vez pra descobrir que meu despertador tocará dentro de cinco minutos.<br />
<br />
Me pego pensando que talvez eles estejam certos. Eles todos que tiram sarro de mim por passar tanto tempo com primeiros anos. Ou eles todos que dizem brincando <i>você vai passar o resto da vida no UWC, não?</i> Me apavora. E suspiro, ainda ouvindo meu coração esbravejando e deixando minha respiração pesada. Por que arde tanto? Penso que talvez eu não devesse estar acordando num domingo de manhã para fazer uma viagem com primeiros anos, mas, em vez disso, eu deveria estar fazendo o mesmo que a minha colega de quarto. Acordando num domingo de manhã para estudar para os exames finais. Em menos de um mês.<br />
<br />
Pavor. Pavor porque me assusta a ideia de pensar que não sei nada de nada. Me assusta a ideia de ficar pra trás enquanto sei que a maioria dos meus co-anos já iniciou o plano de estudos. E eu nem ao menos tenho um. Também sei que a maioria dos meus co-anos já sabe onde estará no próximo semestre. E eu nem mesmo tenho a confirmação disso.<br />
<br />
Penso naquele momento de silêncio debaixo do céu marrom (azul? cinza? vermelho? roxo?), enquanto tentava esconder meu rosto. Porque queria esconder minhas lágrimas. Odeio chorar. E, acima de tudo, odeio chorar na frente dos outros. E sei que quando isso se torna inevitável, quando saí do meu controle, é porque o nível está alto. Mas não significa que eu esteja no abismo. E pretendo que isso esteja claro, sobretudo para mim mesma.<br />
<br />
Meu despertador toca com a mesma música de sempre. Seixas. Levanto para me preparar, sabendo que nenhum dos três homens estará acordado quando eu os for encontrar na frente de Susac em vinte e cinco minutos. Mesmo assim, prefiro depositar um pouco de confiança. Porque já não me resta energias para não o fazê-lo.Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Mostar, Bosnia and Herzegovina43.3422732 17.81275359999995143.296083700000004 17.732072599999952 43.3884627 17.893434599999949tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-40066982979865881302014-04-03T23:54:00.001+02:002014-04-07T14:33:19.628+02:00porque não compartilhamos dos mesmos interessesNão lembro quais foram as exatas palavras que ela usou. Não lembro talvez porque eu tenha insistido em traduzir as palavras para que mais tarde eu as pudesse escrever em minha língua; ou talvez porque não importavam as palavras e, sim, o sentido que elas expressavam. Foi algo relacionado à importância do perdão em relação à importância do ressentimento. E eu concordei com a cabeça, debaixo do sol, deitada na grama, enquanto assoprávamos dentes-de-leão.<br />
<br />
Talvez o fato de que eu não lembre exatamente as suas palavras esteja relacionado à maneira em que tenho vivido. Em fragmentos. Fragmentos isolados, anônimos, exaustos. Que nada mais são do que figuras que caminham na minha frente. Que nada mais é do que as palavras em francês ressonando e aqueles dedos pressionando botões numa máquina pequena e vermelha ao meu lado enquanto adormeço debaixo do sol. E viro marrom.<br />
<br />
Esses fragmentos entre silêncios que não são estranhos; são marcas entre conhecidas que se encostam em paredes opostas ou em um pôster do Chaplin pensando em diversas modalidades de solidão e sexualidade. Uma performance. Também me disperso com as lembranças de uma infância alergênica, repleta de carrapatos - <i>mas eles não perigosos, não?</i> - e um cheiro que não consigo associar com nada.<br />
<br />
Pão francês. Aquele da padaria da esquina, mas também aquele cozinhado por um bósnio que viveu uns bons anos na França. E um relato de lares roubados.<br />
<br />
E me pergunto se há água. Não me imagino morando longe de água. E percebo que vivi a vida toda do lado de um calabouço. Um calabouço tão fixo como essa incapacidade de escrever algo livre. A incapacidade de desassociar isso daquilo. Ou aqui de mim.<br />
<br />
Entre conversas embriagadas e sanduíches noturnos, há mais fragmentos. E há ainda mais fragmentos na falta de sono e naquele música que me traz uma paz imediata porque me lembra de uma criança dormindo no pé da cama. Criança quase emancipada, caindo no sono. Desfigura-se em conversas durante o almoço que acabam em emburramento e questionamento de mim mesma. Sem vergonha. E com pura culpa que me sobrevoa a minha mente toda vez.<br />
<br />
Fragmento bom como aquelas cinco horas em que planejamos estudar e acabamos sentadas na minha cama. Ou ainda melhor como aquela risada por conta de uma máquina de lavar e risoto.<br />
<br />
Ou cru como seres escondendo suas faces por medo do que veem. E quando me apaixonei por Kielowski três anos atrás, numa mera aula de filosofia, eu nunca imaginaria estar nesse fragmento de vida tão brutal. E cru.<br />
<br />
Cru como peixe. Como isca. Mortal como a sobrevivência e as florestas nigerianas de um <i>soza</i>. Mortal como essas meras lembranças que são fragmentos. Tão mortais que me assusta escrevê-las. Imortal registro, fonte primária.<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;">PS: O título dessa postagem foi completamente aleatório, relacionado à frase dita por minha colega de quarto enquanto relatava um acontecido do nosso dia para um querido primeiro ano. Essa frase foi ouvida no momento em que me peguei pensando em como nomear outro fragmento inútil e imoral como esse. E deixo outros fragmentos na pasta de rascunhos.</span>Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Mostar, Bosnia and Herzegovina43.3422732 17.81275359999995143.296083700000004 17.732072599999952 43.3884627 17.893434599999949tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-45747122442891902592014-04-01T01:00:00.001+02:002014-04-01T01:01:11.036+02:00mamas' room<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK3LDfSPl-r2nIcMtQ-CFrnenR1n5JCKzQX2tIGMqk6hjDdOSCphsO8FyDKKnWdIBwAzqyVuuNWzdMGlpkVOkNDsMTPRRTprmrXWXAh0Opnq7yb9WVueN4VBeb9QjpiH1oPLO745CzXKA/s1600/Roommate+pic+(sent).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgK3LDfSPl-r2nIcMtQ-CFrnenR1n5JCKzQX2tIGMqk6hjDdOSCphsO8FyDKKnWdIBwAzqyVuuNWzdMGlpkVOkNDsMTPRRTprmrXWXAh0Opnq7yb9WVueN4VBeb9QjpiH1oPLO745CzXKA/s1600/Roommate+pic+(sent).jpg" height="344" width="520" /></a><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-size: x-small;">Background info: Depois de tanto drama pra tirar a foto do quarto 10 para o Yearbook, finalmente agendamos a presença de pelo menos uma grande parte dos "moradores" do #10. Minha cama à esquerda (com um bando de firsties nela) e acama da Eli à direita, abaixo da bandeira de <i>Pace</i>. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-size: x-small;">Na frente: eu e Eli. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both;">
<span style="font-size: x-small;">De cima pra baixo: Louisa (França), Anette (Noruega), Mandula (Países Baixos), Malak (Egito), Lucas (Brasil) e Simon (Bélgica).</span></div>
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<br /></div>
<br />Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-458123350074344391.post-29878607409053514242014-03-28T23:57:00.001+01:002014-03-29T00:05:20.206+01:00fragmentos (destruídos, em tradução)<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">- Sinto falta do Lucas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">- Nem me fale...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">- É?<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR"><br /></span>
<span lang="PT-BR"><i>(Respiro fundo. Frustrada. Cansada. Sentimental)</i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">- Sim. Nos últimos dois meses, eu estive
tentado organizar uma sessão latina...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">- É... Mas, sabe, é estranho. Ontem, na praia
debaixo da Ponte Velha, eu vi a Marta, o Simon e você abraçando e eu senti que
vocês eram minha família. De verdade, Sof, é muito estranho! Realmente senti
como se vocês fossem minha família, um carinho muito imenso. Muito, muito
esquisito.<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR"><br /></span>
<span lang="PT-BR"><i>(As lágrimas ameaçam. Não vêm. Mas eu as sinto escorrer por dentro de minhas vértebras. Vermes.)</i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">- Eu sei. Também não consigo entender. Mas
somos. Realmente sinto como se vocês fossem meus <i>babies</i>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">- Eu vou sentir muito a sua falta ano que
vem. <o:p></o:p></span><br />
<br />
<i>(Pronto! Aí está, Maon! Agora posso ser a resistente. A indiferente. Mas sei que é verdade. E me confundo com essa mistura de reações.)</i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">- Eu vou estar pertinho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">- Eu sei. Mas eu vou sentir falta de ter
você na minha vida. Você vai ser uma memória muito boa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">- Você também.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">- Espero que sim. Você já sabe o que você
vai fazer? É oficial?<o:p></o:p></span><br />
<span lang="PT-BR"><br /></span>
<span lang="PT-BR"><i>(Tremo. Apavoro. Quero cuspir tudo que se embaralha na minha cabeça.)</i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">- Não é oficial, mas, bom, eu vou pra
Alemanha, é isso. E você tem que me visitar.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">- Bom, agora eu tenho alguma razão para conhecer a Alemanha. E uma muito boa.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Um silêncio ocupou nossa caminhada. Chegávamos em Susac.<br />
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">- Olha! Vênus! </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">- Onde estão minhas Três Sofias?</span></div>
Sofiahttp://www.blogger.com/profile/00622925473805855768noreply@blogger.com0Mostar, Bosnia and Herzegovina43.3422732 17.81275359999995143.296083700000004 17.732072599999952 43.3884627 17.893434599999949