Uma das primeiras coisas que eu aprendi na vida foi que tudo passa. Quando eu caí da escada na chácara da minha avó, quando meu pai acidentalmente queimou meu rosto ou quando aos catorze anos entrei numa difícil crise psicológica, era só isso que me diziam. Que tudo passa. Que passa quando casa. Passa como os aviões e as vuvuzelas de plantão.
Paixões também passam; por isso nunca consegui me jogar de cabeça nelas. Por isso por certo tempo acreditei que não havia mais a leitura em mim, que havia perdido esse sou passado. Porque passou. Amizades passam também. E o que há de tão cruel nisso? Somos moveis - e não moveis de enfeite, mas moveis perambulantes.
E tudo isso porque quero deixar aqui declarado o quanto odeio a palavra nunca. Odeio quando me dizem que eu sou incapaz de fazer algo, mas muito mais quando me dizem que eu nunca vou poder fazer algo. E detesto desde as minhas entranhas até o produtor das minhas lágrimas de raiva essa volatilidade do tempo. Porque está tudo na sua cabeça e, se você me dá licença, eu prefiro ficar com a minha própria e não aceitar o uso constante da palavra nunca. E aceite, por favor, que a palavra último pra mim tem conotações primaveris, doces e somáticas, que prefiro não carregar esse tipo de angustia junto ao meu corpo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário