Desde a última vez que postei no blog, terminei minha monografia - Extended Essay. Embora tenha sido um alívio, de alguma forma me doeu saber que não haverá mais mergulhos em pesquisas sobre a música popular e sobre Tropicália. Na noite de Natal, enviei-a. Como uma nota de uma partitura, ela ficou pra trás enquanto outras vinham. E aí estava eu sentada dias mais tarde, no aeroporto de Amsterdam, depois de uma confusão quanto ao horário do voo, terminando minhas college applications. E me sinto outra pessoa depois de tê-las mandado. É ridículo, mas agora penso que está tudo na mão dessa coisa inexistente chamada destino e que não cabe mais a mim. Fiz o que fiz e agora foi.
Desde a última vez que postei no blog, visitei três países diferentes, conheci pessoas diferentes, vi prédios arquitetônicos surrealmente belos. E passei um ano novo frio. O ano novo caótico de Berlim, em que as luzes e os sons dos fogos não estão distantes: estão ali, na sua cara, no seu pé. Você quer correr. Piadinhas sobre saudades das guerras. Não, basta tentar se esgueirar pela multidão na ponte. E como o tempo é bizarro! No ano anterior, pensava, estava em Ilhabela, na beira da praia com queridos amigos e aqui estou, em Berlim, em frente a trilhos de trem, com medo de fogos de artifício e com o gosto de Bailey's na boca. Essa idiota divisão de tempo que nunca me fez muito sentido; e nesse hemisfério oposto, me parece ter menos sentido ainda.
Mas aí pensei sobre o que passou. 2013 foi o ano mais intenso da minha vida. Mas não quero prolongar essa baboseira, porque pra mim basta pensar em Mostar, em relembrar meus segundos anos e lembrar meus primeiros. E claro, a esses co-years incríveis basta um sorriso, porque nada mais pode ser expressado. E não posso nem sequer expressar meu ano em fotografias, porque me parece que apareci em muitas poucas delas. Onde estive esse ano? Mas afinal, palavras e essas lembranças em minha mente me parecem muito mais válidas e encantadoramente duvidosas que esse retângulo colorido e preto-e-branco que produzo, mas não faço parte.
O cansaço não me permite pensar direito e reto. Penso meio torto, meio sem rumo, meio sem jeito. Assim como eu mesma nesse momento. Presa em um limbo diferente; um limbo de viajante, de alguém que carrega a mochila nas costas e tem sede de história, de conhecimento. E que esse cansaço dure muito esse ano, porque ele parece me trazer uma satisfação incontestável.
E que esses encontros fora de Mostar com pessoas de dentro de Mostar sejam eternos, suaves, tranquilos e prazerosos. Essa prévia me trouxe alegria, mas me trouxe uma aflição unicamente desesperadora. E aquela promessa de ano novo - embora eu as odeie - se esconde debaixo do meu travesseiro quando me ponho pra dormir.
"Hay personas que piensan diferente. Mi amigo, por ejemplo. Tu eres una de estas personas. Me encantó conocerte."
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