Aqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa
A curva do universo inteiro se mantém estática no sofá ao lado da porta. A paz na solidão se extingue, na medida em que essa última não pareça existir. ¡La papa rica! E somos tantos e tão poucos. E me deito na cama ao lado de uns, ouvindo árboles y sonoridades que me embalam num sono distinto. Gira-mundo, gira-gira; é como me sentia, como num cesto cheio de maçãs. Uma reviravolta age dentro de meu estômago, dentro de uma parte de mim que esqueci que existia. Me embrulhei em conforto, em um tentativa quase que forçada de me encontrar presente. Mas eu não precisei tentar muito, porque aquelas presenças ali me cobriram com vibrações de calma. Era tudo parte do meu mundo, daquele mundo para o qual meu sono lento me orientava. Caminhava por uma região escura, quase sem luz nenhuma, assustadora; e, porque não usava minhas malditas botas de galocha, me agarrei a galhos das árvores, me segurei a um guarda-chuva. A lama me perseguiu naquela trilha e depois enquanto ia pra cima e pra baixo, numa exaustiva tentativa de voltar à minha forma original. Exaustão. Una cuadra de yacarés ali diante de mim, enquanto me ponho a rir em frente a um cuaderno de viaje e sorrio. Afinal, nada em nossos sonhos fazem sentido, não? O filme que assisti numa noite anterior se lançou num paralelo com a introdução de um livro e com a música cantada em frente à janela do terceiro andar. Pulo. Encontro Pedrito y sus alas. Um tigre. Me pego presa em palavras de memórias. Sinto uma dor de prender o fôlego, de enxergar o solo por debaixo dos nossos narizes. Vou pra casa duas vezes no dia. Uma, pelo caminho; outra, por micos leões. E acordo numa gritaria de rugidos, de madeiras brigando e esperneando. Tudo se ouve. Um labirinto: sofá, boa noite, escreva-me um email antes que eu caía do penhasco de nossa inevitavelmente duvidável existência.
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