sábado, 27 de julho de 2013

me dê a mão pra ver o sol

Sentei ontem à noite pra reler meu blog. Pensei no que havíamos conversado no bota-dentro em Brasília, sobre relembrar o ano e refletir sobre ele. O dia era muito conveniente, considerando o que ele significou e ainda significa pra mim... Então sentei e comecei desde o começo, da primeira postagem. O início me pareceu muito estranho.... Minhas frases eram tão objetivas, precisas, sem emoção. Não sei se estava assustada, se não sabia o que estava fazendo. Me surpreendi ao ler certas coisas das quais eu não me lembro e ao ler coisas que eu achei que tinha esquecido, mas consegui resgatar na minha memória.
Minha forma de escrever virou muito mais subjetiva (tão subjetiva que não consigo recordar o que quis dizer quando escrevi certas coisas), muito mais emotiva e talvez muito mais envolvente. O post que marcou essa mudança foi mantendo-se onde a luz está, o post em que reconheci ser descritiva demais pro meu gosto.
Meu inglês se incorporou ao meu português. Eles fizeram uma aliança bonita. Porque meu português se tornou mais sofisticado (às vezes, menos correto gramaticalmente) e um pouco traduzido do inglês. Ao mesmo tempo, meu olhar se tornou outro. A mudança da minha forma de fotografar é muito clara: minha opção pelas sombras, pelas cores avermelhadas e pelos retratos se tornaram muito claras. Minha forma de ver o mundo mudou, como efeito ou consequência.
Sou muito crítica comigo mesma. Raramente consigo gostar de algo que produzo. E meu blog não é uma exceção: não foi fácil relê-lo e desprezá-lo e, em alguns momentos, querer parar de nele escrever. Não foi fácil ver que tem muita coisa do meu ano que eu não consegui aprisionar nas palavras que nesse blog deixei - e que não vou conseguir aprisionar em minha memória por muito mais tempo.

Está frio. Eu não gosto de sair de casa no frio de São Paulo: só quero ficar em casa, debaixo das cobertas, madrugando, assistindo filmes e lendo. Ainda mais agora, que me sinto mais sozinha do que paulistano, depois que a alegria do UWC Brasil me deixou. E começo a perceber que me vou embora do Brasil daqui a 6 dias. Tão pouco! Passei tanto tempo aqui no Brasil - quase dois meses. Não fiz nada do que queria. Não fiz nada para o IB, o que tinha prometido pra mim mesma que faria, pra aliviar o estresse do meu próximo semestre. Não consegui nem mesmo passar um tempo decente com o Lucas, meu quase irmão, que foi me buscar no aeroporto e praticamente não o vi depois daquele dia. E ele mora no mesmo prédio que eu....
E são só mais alguns dias que eu tenho pra ver pela última vez - em algum tempo - vários de meus amigos mais queridos. E sei que alguns dos que eu ainda queria ver pelo menos mais uma vez nessas férias, eu não verei. Eu nunca me senti tão estranha sobre ir embora. Não que dessa vez seja mais difícil me despedir. Não que eu esteja mais triste em ir embora...  É inexplicável, simplesmente inexplicável. E tem outras coisas inexplicáveis na vida, como aquilo que me trouxe de volta ao passado no dia de ontem, 25 de julho.

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