sexta-feira, 15 de março de 2013

semana de cultura vasta, discussões (sobre) políticas (horríveis), começo do inverno e antigo começo

Que semana...! Depois da segunda feira ter passado, a semana cultural da África, Oriente Médio e Ásia se iniciou. Terça-feira, algumas das atividades falharam por conta da chuva em Mostar, mas a discussão com Han Sol (Coreia do Norte, sobrinho do atual ditador) e Si-Jull (Alemanha, com pais que migraram da Coreia do Sul) sobre o conflito entre as duas Coreias.
Na quarta-feira, fiquei encantada ao ter uma aula completa sobre a história do conflito entre Paquistão, India, Bangladesh e Kashmir da boca de um Paquistanês e da minha professora de História que fez um mestrado na India sobre o tal conflito. Fiquei chocada pelo fato de que, antes dessas duas horas no porão de Musala, mal tinha ouvido falar sobre a situação desastrosa no Sul da Ásia. E é esse tipo de momento que me desperta uma curiosidade tamanha pelo mundo e pela História da humanidade, por entender todos esse conflitos, todos esses mal entendidos e essas teimosias de não abrir mão por medo da resposta do oponente.

Na quinta-feira, sentamos no IT Lab depois das aulas e assistimos Tweets for Tahrir, com direito a pausas no meio e explicações de uma pessoa que experienciou a Revolução. Lushik tem opiniões muito fortes sobre o regime de Mubarak, sobre a manipulação na educação e a manipulação de fazer todas as instituições políticas umas contra as outras. Depois do filme e das discussões, caminhei com Lushik até Musala e conversamos sobre o quão difícil parece ser para os europeus entender esse tipo de coisa. Uma revolução na contemporaneidade... Às vezes tenho a impressão de que os europeus nos acham animais incivilizados... Perguntas que me deixaram chocada vieram de bocas de Europeus que não conseguem entender um regime como o de Mubarak, muito menos entender as medidas tomadas pelo povo egípcio e todo o desenrolamento da Primavera, incluindo as falsas eleições, o bloqueio da internet e o controle louco do exército....

Depois do jantar, no mesmo dia, assisti metade de Diários de Motocicletas em World Cinema. É um filme maravilhoso do Walter Salles que conta a história da viagem de Ernesto Guevara pela América Latina antes de se tornar Che Guevara, o líder da revolução. Mas, bom, o motivo de eu ter assistido só metade do filme foi porque eu resolvi chegar na hora para a Jam Session que rolaria em Next (o nosso mais novo bar para atividades como festas). De manhã, eu havia saído de casa só de camiseta e resolvi sair de jaqueta, já que sempre esfria à noite. Ah, e também tive a genial ideia de sair de sapatilha. No meio do caminho, além da chuva que estava fraquinha e começou a aumentar, uma nevasca se inicia. Não só eu, mas todos nós ficamos em choque. Não só porque duas semanas atrás a primavera estava começando, estávamos andando de havaianas, shorts e camiseta, deitando na grama do parque e tomando sol, mas porque não nevou o inverno inteiro e DO NADA começa a nevar bem uma semana antes do início da primavera. Que diabos...?! A neve ficou presa nos meus dreads e chegamos em Next completamente ensopados e congelando. Meus dedos do pé estavam roxos e eu mal conseguia senti-los. Mas óbvio que a neve estava maravilhosa e linda caindo do céu.

Pra melhorar tudo, a Jam Session foi melhor do que qualquer coisa. Foi um dos melhores momentos no UWC em que unimos pessoas da nossa escola com moradores de Mostar tocando guitarra, bateria, baixo, tambor, saxofone... Percebi o quanto sentia falta de sentar com meus amigos e ouvi-los tocar violão e só fritar na música; a música: a coisa mais incerta e certa que existe na vida. Uri (Israel) arrasou na guitarra, como sempre. Também me impressionei ao ver pela primeira vez Davor (EUA/BiH) tocando bateria. Uri insistiu que eu me juntasse ao jam, mas eu tenho vergonha demais de tocar assim em público, ainda mais porque nunca realmente toquei numa banda. Mas eu fechei os olhos e deixei a música entrar suavemente nos meus tímpanos e percorrer todo meu corpo, sentindo toda célula e ouvindo toda nota, toda virada, todo tom...

Chegando em Musala, resolvi cozinhar um brigadeiro nos últimos 10 minutos antes do check-in. Levei a panela pro quarto de Markéta. Eu, ela, Saffron, Bengisu e Bo nos deliciamos com o doce brasileiro e logo depois resolvi dormir por uma hora antes de começar a estudar. Essa "hora" virou "seis horas". Levantei às 5h30 por conta própria e me deparei com o sol nascendo e a neve espalhada pelos telhados mostarianos. Tudo isso acompanhado de uma notícia que me deixou extremamente feliz e me fez voltar a dormir em paz até a hora real de acordar.
Essa manhã, talvez não tenha feito a melhor prova de Biologia, mas tive um momento incrível minutos atrás com meus co-anos. Não sei se já comentei aqui, mas considero Mário e Carme meus co-anos e nos choramos de rir no meio do Spanish Room, lendo mensagens mandadas antes dos nossos tempos de UWC.  Voltei atrás e li a primeira conversa entre eu e Mário (ele foi o primeiro co-year com quem eu entrei em contato) e Carme leu a primeira mensagem que ele mandou pra ela. É, isso me trás boas memórias e boas energias... Que semana...!

E pra terminar esse post (e essa semana), deixarei aqui uma citação que é muito importante na minha vida, no meu passado, no meu presente e no meu futuro.

Sempre que houver alternativas, tenha cuidado. Não opte pelo conveniente, pelo confortável, pelo respeitável, pelo socialmente aceitável, pelo honroso. Opte pelo que faz o seu coração vibrar. Opte pelo que gostaria de fazer, apesar de todas as consequências. Osho

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