sexta-feira, 1 de março de 2013

primavera que no llega

Nem sei que semana foi essa, com fatos que mudaram a continuação desta. Foi em Outubro que Snjezana ignorou nossos "nãos" e impôs que faríamos Hamlet, tanto first years quanto second years, e que Peya dirigiria a peça como seu IPP. Foram exatamente 4 semanas (uma por mês) que cada um de nós tentou erguer o dedo e deixar o mais claro possível que ninguém estava interessado em fazer Hamlet. Não só porque é uma peça arcaica (não digo que não é interessante, boa ou atual) mas porque o inglês shakespeariano, bom, não é inglês. Ninguém estava afim, ninguém tinha motivação e, no primeiro dia de ensaio, me senti numa conspiração que resultou no cancelamento da peça.
Por isso, meus planos de viajar com Bo e Markéta foram restaurados. Gostaríamos que Bengisu pudesse ir conosco, mas ela se encontra agora em algum lugar da Turquia, sentada do lado de uma cama de hospital e espero que toda a energia positiva que eu estou enviando pra ela esteja sendo efetiva. Daqui a 4 horas, partimos pra Dubrovnik com nada mais do que duas mudas de roupa na mochila da escola e alguns itens necessários. Fui pra Dubrovnik com meus pais e foi uma experiência bem diferente do que essa será, por estarmos de carro e por termos feito um programa bem família. Bo e Markéta são companheiras de viagem maravilhosas e mal posso esperar pra entrar na água gelada do mar adriático nesse ensolarado começo de primavera!
Que semana brutal de treinos, alongamentos e talvez nenhum estudo. Talvez eu tenha mandado muito mal na prova de Matemática, talvez razoavelmente bem. Melhorei a maioria das minhas notas nesse semestre! Finalmente conquistei meu 6 em Inglês - Linguagem e Literatura, 6 pra 7 em Peace&Conflicts, 6 pra 7 em História (tirei 17 de 20 na minha redação sobre o Japão!)... (lembrando que a nota máxima do IB é 7). Foi uma semana em que Pauline, minha incrível professora de história, foi parar no Egito com Quinten (Holanda) e Erika (EUA), acompanhando eles na MUN Conference pra qual nossa escola foi convidada (e financiada, obviamente)! Na sessão de World Cinema da semana passada, ela se desculpou e falou que precisava correr pra casa e fazer a mala porque tinha acabado de descobrir que ia pra Cairo no dia seguinte (já que Dzenan não conseguiu tirar o visto). Então essa semana não tive aula de história e percebi o quanto isso influenciou meu humor, já que as aulas sempre me prendem e despertam meu interesse.
Fora isso, bom, essa semana me levou a passar uma tarde inteira com Davor, nosso day student (um aluno UWC que não mora na residência, mas mora com sua família em Mostar), que é um grande amigo meu, mas que não costuma sair muito por conta da pressão da família. Fomos comer uma panqueca juntos e rendeu uma conversa bem prolongada sobre a formação de grupos no UWC Mostar e sobre a hipocrisia em se dizer cabeça aberta quando tantas coisas acontecem que provam o contrário.
A semana também me levou a ir tomar um café com Mateo (Croácia), que nos fez conversar muito sobre História, sobre a Croácia e os Bósnios-Croatas, sobre a crise na Europa... O Mateo é um cara mais quietão, que na verdade prefere observar, mas também é capaz de falar sem parar. Ele é um cara  muito realizado; Ele se entende muito bem, admite seus defeitos, seus erros e sabe reconhecer profundamente seu lado preconceituoso sem vergonha. Foi uma perspectiva muito diferente que eu nunca havia tido de alguém e ele me fez pensar bastante sobre relacionamentos e seres humanos.
Num bloco A, que é o bloco que praticamente todos os meus co-anos internacionais têm livre, sentamos em Jump Jump: eu, Maud, Ognjan, Uri, Lushik e Jochem, discutindo sobre se um artista deve ser menos valorizado por usar drogas, por se apropriar de uma medida externa pra buscar algo interno. Lushik e sua teimosia (que devo dizer, às vezes ser pura mentalidade minúscula que ela recusa abrir) afirmava que não conseguia confiar num artista se soubesse que ele, por exemplo, escreveu um livro chapado. Maud se revoltou profundamente. Uri e Ognjan, como os músicos da geração, tinham suas próprias opiniões, mas praticamente ficamos todos contra Lushik. Na verdade, me impressionei muito que ela tenha falado isso. Até porque não é tão simples assim e até porque você nunca vai realmente saber se um artista compôs/escreveu/pintou/apresentou sóbrio ou não. Não acho que a arte possa ser desvalorizado só por ter se apropriado de algo "externo" que possa simplesmente desinibir e liberar certas ideias que estão enterradas numa parte do interior que não é tão facilmente aberta.
A primavera meio que já começou e isso me deixa extremamente feliz. Passei tanto tempo sentada no parque, tomando sol e sentindo a brisa do inverno ir embora...

Um comentário:

Unknown disse...

Gosto do seu otimismo. Imaginar que o frio intenso já foi embora, até compro, agora dizer que a primavera meio já começou é um pouco demais.
è verdade que sentar no parque com um solzinho é uma delicia e permite capturar uma energia muito legal.
Publiquei no FB esta semana um texto da Cecilia Meirelles (não sei dizer se é um poema ou o que) que lembrei muito de você. Reporduzo aqui o final" Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim."
Você sabe buscar, procurar, provocar e questionar sempre buscando a felicidade. Que delicia!!