Ontem, pegamos o carro depois da aula (graças aos meus queridos free blocks, eu não tenho aula na sexta à tarde) e viemos pra Dubrovnik, na Croácia. Uma cidade litorânea maravilhosa que expira história. A primeira surpresa foi a quantidade de turistas em puro final de Setembro. A segunda foi perceber que MUITOS desses turistas são brasileiros. E a terceira foi de cair o queixo: a beleza dessa cidade. Não me refiro à cidade em si, mas à Old Town, que é bem maior e completamente diferente da de Mostar.
Passeámos bastante pela Old Town ontem e hoje. Hoje, demos a volta completa na cidade pelo alto, pelos corredores de vigilia e eu me senti... feudal. Os buracos nos muros são exatamente como eu imaginava para que os vigilantes pudessem ver o que estava fora dos muros e também para que puderem atirar. E o Mar Adriático... uau... sem palavras pra cor e pra beleza disso...
A vantagem desse final de semana, além de poder passar tempo com meus pais, obviamente, é poder ter condições boas de vida novamente. Comi zero frango desde quinta-feira, tomei suco em todas as refeições, tomei banho em chuveiro que não é na altura do meu umbigo, tomei um café da manhã decente que não foi croissant de chocolate (não me entenda mal, croissant de chocolate é uma coisa muito decente, mas não pra comer todo dia de manhã)... Colocando dessa forma parece que a vida em Mostar é ruim, mas muito pelo contrário. O que eu aprendi em um mês em Mostar é que não é preciso ter condições incríveis de vida, comida caseira e um quarto só pra você. As pessoas ao seu redor é que fazem a vida boa. Mas mesmo assim, ter um pouquinho de luxo nunca é ruim.
Uma Crônica Brasileira
O sol à pinho nos cansou tanto que finalmente tivemos que parar pra almoçar. Achamos um restaurante gostoso na rua, com as mesinhas ao ar livre debaixo de guarda-sois. Depois de camarões grelhados, arroz e pão com azeite, não tivemos vontade de levantar e ficamos confortavelmente conversando.
De repente, notamos um homem de costas pra nós usando crocs brancos, bermuda xadrez e uma camisa preta de futebol numa mesa próxima e falando em Português por Skype. Pela conversa, pudemos perceber que o homem morava em Dubrovnik e que a mulher com quem ele falava era sua esposa.
Depois de um tempo, vimos o 22º grupo do navio que havia atracado no porto da cidade. Minha mãe já havia falado que com certeza havia brasileiros naquele navio e eu não botei muita fé. Mas não é que, no meio desse 22º grupo, um grupo de pessoas falava a mesma língua que nós?!
A cena seguinte foi épica. O grupo passou por nós e logo em seguida pelo rapaz que falava no Skype. Quando perceberam que o homem falava Português, começaram a berrar e acenar para a câmera do laptop, fazendo a maior festa. Eu e meus pais não conseguimos fazer outra coisa além de rir e nos dar conta de que brasileiro é um pouco muito louco e animado. Não sei se isso só impressiona e encanta os europeus ou se também os assusta um pouco.
Só sei que europeus me assustam um pouco quando se diz respeito ao quanto eles sabem da nossa cultura. Na noite do dia anterior, jantamos próximo à Catedral principal da cidade e tivemos o privilégio de ouvir música ao vivo. Os artistas tinham um repertório bastante eclético e foi uma delícia ouvir músicas tão boas e de origens tão diferentes. Até que eu ouço notas muito familiares repetindo incessantemente e lanço um olhar petrificado para meus pais. É claro que "Ai Se Eu Te Pego" começou a ser tocada e, logo em seguida, cantada. A única coisa que consegui fazer durante os minutos que se passaram com aquela canção ao fundo foi enfiar meu rosto entre minhas mãos e choramingar.