Depois de uma bela cerimônia de celebração dos 50 anos do UWC, com direito a "Fix You" por Cristina e Myriel (Áustria) e discursos da headmistress, de uma funcionária do escritório do UWC em Londres (que leu o discurso da Rainha Noor da Jordânia, que é a presidente do UWC) e de outras figuras importantes (como os lindos do Vladmir e da Iva, que foram os oradores), fomos jogados no meio de uma realidade.
De uma, não. Fomos jogados na realidade dos desastres. Na realidade da fome, da guerra, do sofrimento. Um vídeo de talvez 5 minutos pareceu durar anos. Todos os olhos vidrados na imagem projetada e os ouvidos enchidos por uma música dolorida, com uma melodia desesperada. Era como um pedido de socorro. Como se o mundo gritasse desesperado, mostrando crianças passando fome, comunidades sofrendo pós desastres... A Bósnia-Herzegovina nos anos 90, o Haiti em 2010, a Síria em 2012...
Quando o vídeo terminou, todos levantaram aos poucos de suas cadeiras e aplaudiram. Mas ninguém sorria. O vídeo era um trabalho de arte feito por dois alunos de um colegial aqui em Mostar. Todos aplaudiam o trabalho, mas nenhum sorriso aplaudia o mundo. E os 50 anos do UWC foram marcados por um choque, por um tapa na cara de todos nós.
Saímos da sala não em silêncio, mas também não em euforia. Senti um peso no meu ombro e minha cabeça pulsava. E ainda tínhamos um almoço de comemoração pela frente. Tudo que eu queria era deitar e ouvir um pouco de música. A gente sempre evita assistir esse tipo de coisa. E horas depois de assistir, esquecemos, porque não queremos lembrar que o mundo é muito ruim e terrível lá fora.
Reclamamos das máquinas de lavar que tremem e parecem que vão explodir... da falta de luminárias pra todos, do cheiro do porão, do excesso de frango nas refeições, da falta de talheres pra todos e de tantas outras coisas... E ninguém lembrará amanhã do vídeo que vimos.
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