quarta-feira, 24 de outubro de 2012

preparativos, trem e recepção

Tudo começou com duas horas de antecedência para acordar. Tirar as coisas do varal: check. Colocar roupas de inverno na mala: check. Uma aula insuportável de matemática e um abraço longo em uma certa holandesa, sabendo que só a veria dali a uma semana. Almoço ao lado de uma turca muito querida que parece que passo mais tempo longe do que perto, de tão grande que é a saudade quando acabamos nos desencontrando por estarmos em aulas completamente diferentes e projetos opostos, mas que é a minha metade aqui (principalmente pelo cabelo negro cacheado).
Amigos indo pra Vienna. Amigos indo pra Budapeste. Amigos indo pra Zagreb. E “locais” indo pras suas casas pra aproveitar o feriado com a família e amigos antigos. Depois de uma semana me perguntando se deveria aceitar a proposta de Adis para ir pra casa dele, pensei “por que não?”. Será incrível experimentar um feriado muçulmano!
Achava que o trem sairia às 18h. E depois de ficar um bom tempo nos degraus da escada na frente de Musala conversando Toam, achei que Adis havia desistido de me levar pra casa. O jantar: batatas fritas e salada. Amigos felizes por acharem que eu acabaria ficando – já que abandonada. Mas um taxi para de frente da residência e Dino e Adis pulam pra fora com mochilas e malas. O trem só parte às 18h40.
Primeira viagem de trem: sem lugar pra sentar. Sentei-me em cima da mala do Haris e fiquei horas ouvindo Almedin tirando sarro da minha cara. Dino dormiu ouvindo música e Adis cochilou no chão do trem. Haris nos deixou um pouco antes da nossa parada e pude sentar na frente de Almedin e apostar uma palacinka que eu não dormiria durante as 6h de viagem.
Em Sarajevo, fizemos conexão. Saltamos do trem e o que tínhamos que pegar estava logo ali, na nossa frente. Subimos e encontramos um trem bastante lotado. Eu e Adis conseguimos lugar numa cabine com outros dois homens. Um deles ficou absurdamente feliz por eu ser brasileira e não parava de me falar coisas – as quais Adis tinha que traduzir. Quis calar a boca do senhor, com todo o respeito. Liguei meu computador, coloquei fones de ouvido e assisti a Central do Brasil com Adis vendo as imagens passando na tela do meu computador e provavelmente não entendendo nada além de choros de Josué.
Finalmente chegamos a Zavidovici. O pai de Dino nos buscou na estação de carro. O engraçado é que quando pulei do trem, senti como se estivesse em tempos de guerra. O trem velho, assim como nos filmes, ruindo e um senhor soprando um apito para que todos descessem do trem. Atravessando trilhos na terra e o escuro da meia noite.
Fui parar na porta de uma casa deliciosamente pequena. Os muçulmanos tem uma tradição de não entrar de sapatos na casa. Delícia andar de pantufas por aí, comer muito e ser oferecida mais e mais comida. Adis mora com a avó e com a mãe, que não falam nada de inglês, mas são uns amores. Disseram-me que nevará no sábado.

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