sexta-feira, 22 de junho de 2012

irracionalmente futebol

O futebol é uma das coisas mais irracionais que existem. Não o jogo em sim, mas o ato de torcer. O Brasil para quando tem Copa do Mundo; todo mundo para de fazer o que estiver fazendo para ligar a TV e assistir à seleção jogar.
Mas a vantagem da Copa do Mundo é que, com poucas exceções, toda a população brasileira está torcendo pra que uma coisa só aconteça: que o Brasil ganhe o jogo e, de preferência, a Copa. Em compensação, os campeonatos nacionais são um desastre.
Em São Paulo, há quatro grandes: Santos, Palmeiras, Corinthians e São Paulo. Pelo menos 90% dos paulistas torcem pra um desses times. A partida entre dois destes é chamada “Clássico” e atrai uma grande quantidade de torcedores para os estádios. No dia seguinte, você vê todos os torcedores do time vencedor usando a camisa do time, que é, em outras palavras, o mesmo que sair berrando por aí “EU GANHEI!”.
Ontem, eu vi meu time perder. Sabe o que eu fiz? Fiquei triste. Fiquei triste porque eu amo o Santos e porque eu amo ver o Santos jogar e, a cima de tudo, vencer! Nos últimos tempos, o time só tem trazido alegria pros torcedores, incluindo três campeonatos paulistas seguidos e uma Libertadores (EU VI O SANTOS VENCER NO PACAEMBU!!). Confesso que foi uma decepção assistir à derrota do meu time, após um suspiro de alívio provocado pelo gol de Neymar no 1º tempo. Foi uma vergonha ver o meu time perder principalmente porque ele perdeu para o Corinthians. Em um clássico. Em uma semifinal da Libertadores. Eu poderia ter visto o meu time vencer sua 4ª Libertadores! Será que estarei viva para isso?
Mas eu fiquei com ódio porque eu teria que aguentar todos os corintianos vindo tirar sarro, falar que o Santos era ruim e que eles eram melhores. Afinal, o placar final dos dois jogos mostrava isso: 2x1. E admitir que o seu time é pior do que outro (ainda mais se esse outro for um grande rival) é uma coisa inviável. Ninguém faz isso. No máximo, admite que o time adversário jogou melhor.
É claro que isto não se aplica só para o futebol, mas falo dele porque é o esporte com o qual tenho mais contato. Torcer pra um time do futebol traz à tona a parte mais orgulhosa do indivíduo. Em primeiro lugar porque você nunca sabe exatamente por que você torce pra determinado time. Ouço com frequência as pessoas dizerem que “nasceram são paulinas e morrerão são paulinas”. Na grande maioria das vezes, as pessoas torcem para o mesmo time que os pais ou que algum tio que admira. A impressão que eu tenho é que você não escolhe seu time; é quase como se o time escolhesse você.
Quando pequeno você se apaixona por um time e compartilha esse amor trocando figurinhas de álbuns deste e daquele campeonato. Você cresce amando esse time e defendendo ele, custe o que custar. Você até bate em outras crianças porque você ama o seu time mais do que elas amam os times delas.
Não tem um documento que diga que você não pode trocar de time, mas é quase que uma norma imposta pela sociedade. NINGUÉM, repito NINGUÉM troca de time. Trocar de time é admitir que você estava errado em torcer para aquele, é admitir que esse é melhor. Trocar de time é ferir seu próprio orgulho de um jeito completamente profundo!! É ridículo, não é?

segunda-feira, 11 de junho de 2012

por que o país se chama Suíça?

Nesse momento de estudos finais do semestre, revendo a França Bourbônica e a Guerra dos 30 Anos, começo a lembrar um dos motivos que me levaram a me interessar pelo UWC.
Lembro-me de me apaixonar por História na 7ª série, quando tive um dos melhores professores da minha vida, o Uirá. Ele provocava tanto a gente falando sobre a Igreja e sobre a cultura, principalmente. Vários amigos meus passaram a detestar a Igreja Católica após termos aprendido sobre a Idade Média e sobre a Inquisição.
Um dos ápices do meu aprendizado com o Uirá foi quando ele organizou um debate entre os alunos da classe, na 8ª série, no qual metade defendia o Liberalismo e a outra metade defendia o Socialismo. Até hoje lembro tão claramente de algumas falas, inclusive da Laila falando sobre a maçã do vizinho e do Wata dando argumentos impecáveis.
Quando entrei no Santa, me apaixonei pelo professor de História logo de cara. O Marco era extremamente diferente do Uirá, mas eu tinha consciência de que isso tinha bastante a ver com o colegial e com a clara adolescência. Era extremamente gostoso assistir às aulas do Marco, com aquele seu jeito calmo de falar e pedir silêncio e o jeito super liberal de não fazer chamada, de forma que só os alunos interessados compareciam às aulas. Foi ainda mais gostoso ter achado uma amiga querida apaixonada por História! A Isabel e eu nos divertimos tanto tendo discussões históricas e, principalmente, assistindo e discutindo o seriado Rome! Chegava a ser meio idiota.
No 2º ano, eu comecei a ter aulas com a Claudia. No começo, admito que tinha certa birra dela, porque os alunos do terceiro falavam tão bem dela e eu não conseguia compreender como eles podiam achá-la legal com todas aquelas histórias de "Se vocês entenderem os conceitos das primeiras aulas do ano, História fica muito fácil!" e "História é movimento" que ela repetia sem parar. Demorei um pouco pra entender a genialidade dela e, quando o fiz, talvez tenha tido as melhores aulas da minha vida. As aulas dela fluem muito bem e o que mais me encanta é a paixão clara que ela tem por aqui que ela ensina. Eu quero ser apaixonada pelo que eu escolher fazer da minha vida assim como ela é.
Tudo isso para concluir que um dos motivos que me levaram a me interessar pela UWC, por mais pequeno que ele seja, foi a ideia de ter aula de História com pessoas de todo o mundo. Eu imagino ter uma aula sobre a Crise de 29 com um estadounidense corrigindo ou acrescentando mais coisas ao que o professor diz. Imagina só poder fazer todas as perguntas culturais, que a Isa e eu costumamos fazer aos professores, para os meus próprios colegas de classe! "Por que chama Switzerland?"
Acho que, no final das contas, não é necessário um motivo muito grande pra te levar a fazer algo. É claro que a minha paixão por História foi só um dos fatores que me levaram a me inscrever no processo seletivo da UWC, mas, ainda sim, foi importante. Não é à toa que eu não abrirei mão de fazer History HL.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

I Say Potayto, You Say Potaahto

Ontem, fui adicionada ao grupo da 7ª geração do UWCiM. Parece ótimo, é claro. Fiquei empolgada em perceber que havia muitos outros co years que eu não tinha no facebook ainda. Há 45 membros no grupo, enquanto 23 deles são Bosnians. Sem nenhum problema.
Comecei a reparar que o grupo já estava ativo há mais de um mês e que os membros já possuiam até piadas internas. O pessoal já está bem entrosado e parece que as amizades estão começando a nascer...
Começando a nascer... Ah é, tabom! Já tem uns caras falando "I love you all so much" e "you're the best co year ever!". Isso me deixa louca! Parece que, só porque vamos passar 2 anos estudando juntos, nós temos que ser melhores amigos.
Eu estudo há um ano e meio no Santa Cruz e não sou amiga de todo mundo (eu sei que você discorda, Roubicek, mas é verdade). Eu vou estudar 2 anos no UWCiM e tenho certeza de que não vou me aproximar de todos. Que vão ter que aqueles com quem não me darei tão bem.
Parece que as amizades estão nascendo meio na "forçação". Eu sei que as "amizades" que eu criar no começo vão mudar muito ao longo do tempo e que provavelmente não serão aquelas que vão ser mais fortes e mais duradouras. Mas eu acho que ficar amiguinho assim no Facebook, na maior cara de pau de "you're the best co year ever" é triste. É fácil ser afetivo e é fácil ser legal na Internet. Agora eu quero ver todo esse povo ser afetivo desse jeito ao vivo. E eu achando que os latinos eram afetivos...
Mas o pior ainda está por vir... Descendo a página do grupo, comecei a ver umas fotos e uns posts sobre batatas... Achei aquilo muito estranho, até que achei o post de uma co year que é inglesa, se não me engano, sugerindo que todos nós levássemos uma batata personalizada para Mostar e dessemos um nome pra ela. Então, no primeiro dia, andaríamos com as batatas por todo lugar e se as pessoas perguntassem por que, diriamos "Essa é minha batata de estimação. O nome dela é ____ e ela vai a todo lugar comigo". E, pra finalizar o dia, teríamos uma "potato party" pra consumar a nossa "potato friendship".
Sinceramente, eu não me considero uma pessoa normal. Eu acho graça em tudo, eu levo tudo na brincadeira. Mas isso me pareceu demais. E o que me deixou mais chocada foi que as pessoas (meus co years) GOSTARAM da ideia dela!! Não só gostaram como já criaram suas batatas de estimação e vários já postaram fotos destas no grupo.
Fiquei pensando que talvez eu estivesse exagerando, que não fosse tão loucura assim, que eu só estivesse um pouco assustada com tudo. Mas me parece surreal que se ande por aí com uma batata na mão em uma situação que já será desconfortável. Não, não me importo com o que os outros pensariam! O meu problema é que eu tenho total consciência de que as primeiras semanas e talvez os primeiros meses serão desconfortáveis, incômodos e muito difíceis. Mas pareço ser a única a pensar isso. Pareço ser a única a achar que não devemos ficar todos amiguinhos por Facebook, porque sei que essas amizades não dão em (quase) nada na hora do teti a teti.

sábado, 2 de junho de 2012

...mais uma dança

I
O tempo é o que há de mais cruel.
O tempo são sonhos, esperas e desejos.
O tempo são magoas, feridas e lembranças nebulosas.
O tempo só passa quando o tempo quiser.
O tempo dura quanto tempo o tempo quiser.

II
Crueldade tamanha
Do medo e da espera
Da função que tem o tempo

III
Que ele passe por aqui
E faça o relógio passar
E os ponteiros dançarem
Em rodopios
Em piruetas
Em lenta valsa
A triste dança do tempo.