sábado, 29 de setembro de 2012

entre muros

Foi uma semana longa. Tão longa e tão curta. Mas devo dizer que a aproveitei muito! Tivemos inúmeros aniversários (aparentemente, na Europa, o povo engravida no ano novo e os filhos nascem em Setembro...) de pessoas muito queridas e estamos tendo também chegadas dos últimos co-years: Andra, de Kosovo, chegou ontem (ainda não tive a oportunidade de conhecê-la) e Hawi da Ethiopia e Mohammad do Afeganistão chegam amanhã! A boa notícia é que os três estão em Musala, o que significa que seremos não apenas 19 first years em Musala: seremos 22! UAU!...
A razão de eu não ter conhecido a Andra, que é praticamente minha vizinha, ainda é porque eu não estou em Mostar. Na quinta-feira, depois de ter tido 2 horas incríveis de Modern Dance, encontrei meus pais em frente ao Gimnasia. Depois de um mês, foi completamente natural encontrá-los e devo dizer que foi uma delícia mostrar Mostar para eles.
Ontem, pegamos o carro depois da aula (graças aos meus queridos free blocks, eu não tenho aula na sexta à tarde) e viemos pra Dubrovnik, na Croácia. Uma cidade litorânea maravilhosa que expira história. A primeira surpresa foi a quantidade de turistas em puro final de Setembro. A segunda foi perceber que MUITOS desses turistas são brasileiros. E a terceira foi de cair o queixo: a beleza dessa cidade. Não me refiro à cidade em si, mas à Old Town, que é bem maior e completamente diferente da de Mostar.
É uma cidade fundada por volta do século IIX (mas também se diz que a cidade já existia antes de Cristo...) que foi destruída e reconstruída diversas vezes por conta de guerras e terremotos. Foi um importante posto de abastecimento do Império Veneziano (na época em que Veneza era cidade-mundo e mesmo antes). A cidade foi muralhada no século XII e é exatamente como eu imaginava um feudo. Simplesmente incrível!
Ontem à noite, depois de descer vários lances de escada (Dubrovnik é uma cidade absurdamente íngreme, é mais ou menos como eu imagino a Grécia), alcançamos a rua principal da Old Town, chamada Placa ou Stradun, e nossos queixos caíram. Além da beleza óbvia da Torre do Sino e das catedrais, a Old Town é inteirinha feita de pedra branca.
Passeámos bastante pela Old Town ontem e hoje. Hoje, demos a volta completa na cidade pelo alto, pelos corredores de vigilia e eu me senti... feudal. Os buracos nos muros são exatamente como eu imaginava para que os vigilantes pudessem ver o que estava fora dos muros e também para que puderem atirar. E o Mar Adriático... uau... sem palavras pra cor e pra beleza disso...
A vantagem desse final de semana, além de poder passar tempo com meus pais, obviamente, é poder ter condições boas de vida novamente. Comi zero frango desde quinta-feira, tomei suco em todas as refeições, tomei banho em chuveiro que não é na altura do meu umbigo, tomei um café da manhã decente que não foi croissant de chocolate (não me entenda mal, croissant de chocolate é uma coisa muito decente, mas não pra comer todo dia de manhã)... Colocando dessa forma parece que a vida em Mostar é ruim, mas muito pelo contrário. O que eu aprendi em um mês em Mostar é que não é preciso ter condições incríveis de vida, comida caseira e um quarto só pra você. As pessoas ao seu redor é que fazem a vida boa. Mas mesmo assim, ter um pouquinho de luxo nunca é ruim.




Uma Crônica Brasileira


O sol à pinho nos cansou tanto que finalmente tivemos que parar pra almoçar. Achamos um restaurante gostoso na rua, com as mesinhas ao ar livre debaixo de guarda-sois. Depois de camarões grelhados, arroz e pão com azeite, não tivemos vontade de levantar e ficamos confortavelmente conversando.
De repente, notamos um homem de costas pra nós usando crocs brancos, bermuda xadrez e uma camisa preta de futebol numa mesa próxima e falando em Português por Skype. Pela conversa, pudemos perceber que o homem morava em Dubrovnik e que a mulher com quem ele falava era sua esposa.
Depois de um tempo, vimos o 22º grupo do navio que havia atracado no porto da cidade. Minha mãe já havia falado que com certeza havia brasileiros naquele navio e eu não botei muita fé. Mas não é que, no meio desse 22º grupo, um grupo de pessoas falava a mesma língua que nós?!
A cena seguinte foi épica. O grupo passou por nós e logo em seguida pelo rapaz que falava no Skype. Quando perceberam que o homem falava Português, começaram a berrar e acenar para a câmera do laptop, fazendo a maior festa. Eu e meus pais não conseguimos fazer outra coisa além de rir e nos dar conta de que brasileiro é um pouco muito louco e animado. Não sei se isso só impressiona e encanta os europeus ou se também os assusta um pouco.
Só sei que europeus me assustam um pouco quando se diz respeito ao quanto eles sabem da nossa cultura. Na noite do dia anterior, jantamos próximo à Catedral principal da cidade e tivemos o privilégio de ouvir música ao vivo. Os artistas tinham um repertório bastante eclético e foi uma delícia ouvir músicas tão boas e de origens tão diferentes. Até que eu ouço notas muito familiares repetindo incessantemente e lanço um olhar petrificado para meus pais. É claro que "Ai Se Eu Te Pego" começou a ser tocada e, logo em seguida, cantada. A única coisa que consegui fazer durante os minutos que se passaram com aquela canção ao fundo foi enfiar meu rosto entre minhas mãos e choramingar.
Ainda sentada à mesa pós almoço, contava para minha mãe sobre o bar próximo à minha residência em Mostar que toca música num volume exageradamente alto enquanto ninguém realmente dança ou se diverte lá. Contava que, numa noite, ouvi Rouge, Michel Teló e Gusttavo Lima, o que quase tirou minha noite de sono. Felizmente, minha mãe é uma pessoa culta demais pra saber quem é Gusttavo Lima e eu tive que cantarolar "Che Che Rere Che Che" pra que ela talvez reconhecesse a melodia. No final dessa frase, um homem atrás de nós a completa "Gusttavo Lima e você!" e nos obriga a virar para olhá-lo. Não era brasileiro e conhecia a música. Porque todos na Europa a conhecem. Minha mãe olhou pra mim atônita e nós começamos a rir. Literalmente, rir pra não chorar.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

um pouco de poesia em Kariola

Tomando um café em Kariola Club com Maud (França/Itália), conversando sobre todas as coisas possíveis desde Student Council até a intensidade das relações nesse lugar, nossos pais e psiquiatria. Enquanto esperamos pela sessão de Debate daqui a meia hora, me pego pensando na nossa primeira sessão de International Poetry que aconteceu semana passada, no porão de Musala.
Eu mesma organizei a sessão e foi simplesmente fantástico ouvir poesia em chinês, turco, francês, galês e bósnio. Depois de declamar na sua própria língua, a pessoa lia o mesmo poema em inglês ou simplesmente o explicava.
Abaixo vai um trecho de um belo poema em francês (em homenagem à bela garota sentada ao meu lado!) por Victor Hugo, chamado "Les Djinns".

"Dans la plaine
Naît un bruit.
C'est l'haleine
De la nuit.
Elle brame
Comme une âme
Qu'une flamme
Toujours suit.
La voix plus haute
Semble un grelot.
D'un nain qui saute
C'est le galop.
Il fuit, s'élance,
Puis en cadence
Sur un pied danse
Au bout d'un flot."

domingo, 23 de setembro de 2012

80's party, desfile, "A Branca de Neve e as Sete Anãs" e dormindo no porão

Bengisu é uma das pessoas incríveis que se dispõe a organizar as nossas fantásticas festas temáticas! Parece besta, mas é absurdamente divertido andar pela residência e ver todo mundo se arrumando, bater em uma porta aleatória e perguntar por uma peça de roupa, bater em outra porta e pedir pra garota da Macedônia fazer sua maquiagem... Essa é a vida em Musala.
Se vestir pra uma festa dos anos 80 é ridiculamente fácil: pegue todas as roupas coloridas que você tem e vista-as desde que elas não combinem. E claro que cabelos cacheados são a melhor parte. A pior parte, com certeza, foi andar de Musala até Abrasevic de salto alto e depois tê-los arrebentados enquanto dançava e ter que voltar pra Musala no final da noite descalça. Mas a festa foi maravilhosa, fechou a sexta-feira com chave de ouro. A música foi incrível, embora muita gente tem odiado. A música dos anos 80 é tão bizarra que é completamente dançável.


Pra continuar celebrando os 50 anos do UWC, tivemos um desfile (aqui eles chamaram de "Parade") da Spanish Square até a Old Bridge, cantando e exibindo nossas bandeiras. Foi muito divertido, uma energia muito boa, emoção, sorrisos de uma orelha até a outra, pessoas saltitando e pulando... Foi uma delícia!
Mas sempre me faz questionar o uso que fazemos das nossas bandeiras... Por que elas tem que representar o país de onde viemos? Nesses pequenos momentos, o nacionalismo aparece... Me deparei com uma cena bastante interessante: os 7 alemães e os 7 holandeses cantando seus próprios hinos nacionais e músicas nacionais, como que num duelo. Era claramente uma brincadeira, mas me faz pensar: será que nós percebemos quando o nacionalismo ultrapassa o limite da brincadeira e entra na parte pesada? Porque pra mim é difícil entender essa força que o nacionalismo tem na Europa e como ele está renascendo de novo (o que eu não sabia antes de uma discussão interessantíssima que tivemos em Political Visions and Global Trends). E dizem que o UWC te faz mais nacionalista, o que é loucura...



Anna, eu, Bo e Aurelia

Eu e Bengisu

Saffron (UK) e eu

Peya (Namibia), eu e Elisaveet (Grécia)

Ibrahim (Iraque) dirigindo sua bicicleta pela Old Town

Eu e Filip (Mostar)
Segundo ano adotiva: Ana Dilber (BiH)

O terceiro título desse post pode parecer loucura da minha cabeça. Mas ele se refere ao início de uma nova fase: a fase artística. Já sinto que vou aprender muito, que vou me abrir muito e que vou mudar muito nas aulas de teatro. Duas semanas atrás, eu resolvi ter Theatre como minha 7ª matéria, o que parece besteira, mas eu queria muito experimentar e eu sabia que não ia conseguir aguentar 2 anos sem Teatro.
Tudo começou na segunda-feira, quando eu e Tamar saímos correndo de Political Visions and Global Trends pra não nos atrasarmos pra primeira aula. Isso porque minha roommate, Veronika, que faz Theatre, disse "não se atrasem, é sério". Quando passávamos em frente ao Hotel Bristol, que fica exatamente no meio do caminho entre a escola e Musala, nos deparamos com a turma de teatro dos segundos anos, que nos mandaram correr (eles realmente acham que a gente só correu porque eles mandaram e não porque não queríamos nos atrasar). Chegamos no porão de Musala e entramos no Theatre Studio, esperando pela professora.
Óbvio que eu não caí por nada que aconteceu em seguida, mas os segundos anos fingiram que a professora estava muito brava com eles e com humor horrível. A primeira coisa que eu ouvi Snejana (sei lá como se escreve) dizer foi "shut up, Oliver" e eu vi a cara de assustada da Tamar. Fizeram uma cena ridícula pra fazer ela parecer muito assustadora, mas em uma semana eu percebi a pessoa incrível que ela é e o quanto eu vou aprender com ela.
Snejana mora atualmente na Eslovênia, mas nasceu em Mostar. Já morou na Inglaterra, na França, na Alemanha e em diversos lugares por causa do trabalho. Ela vem pra Mostar uma vez por mês e é quando temos o nosso intensivão de aulas. Dez dias de aulas (incluindo Sábados), três horas por dia. Duas dessas horas trabalhamos junto com os nossos segundos anos, que são simplesmente incríveis. Eles são sete no total: Spencer (EUA), Damir (BiH), Veronika (República Tcheca), Peya (Namibia), Myriel (Austria), Oliver (España) e Bebo (Egito).
Na primeira aula, éramos 9 primeiros anos. Mas agora já considero que somos 7 (Ajsa trocou Theatre por German Ab initio e Victor nunca aparece nas aulas...). Por isso o título do post. Snejana significa "Branca de Neve" na língua local e, coincidentemente, somos 7 garotas e todas meio baixas. Somos eu, Bengisu (Turquia), Lushik (Egito), Tamar (Israel), Amina (BiH), Elisaveet (Grécia) e Anna (Holanda). Nossa Branca ficou bastante animada com nossa turma (embora ela não seja uma pessoa que demonstra muitas emoções...), disse que esse ano vai ser muito bom. Ela já está procurando peças pra começarmos a trabalhar. O primeiro ano vai ser bem prático e só no segundo ano vamos começar a escrever e trabalhar bastante. Por enquanto, estamos brincando com tipos de movimentos e qualidades dos mesmos, e também brincando com improvisações.

A última celebração dos 50 anos foi uma noitada no porão de Musala pra todos aqueles interessados, de sábado para domingo. O tema da noitada foi "Mudança Climática" e assistimos 3 filmes. Ok, eu só assisti um, porque acabei dormindo no segundo e subi pro quarto da Bengisu no 3º. Mas depois de assistirmos "Uma Verdade Inconveniente", que foi um dois filmes mais idiotas que eu já vi na minha vida (graças a uma discussão que eu tive com Ettore uns meses atrás que realmente me fez duvidar sobre o aquecimento global e como a mídia o divulga), tivemos uma conversa bem interessante. Éramos por volta de 30 pessoas, acho. Claro que todo mundo falava sobre mudanças, sobre como os governos não fazem nada e eu levantei a mão e perguntei quem sabia o que era a "Rio +20". Acho que só 6 pessoas levantaram a mão e devo dizer que não fiquei surpresa, já que a Conferência não foi, admitamos, nenhum sucesso. Mas acho interessante o quanto as pessoas reclamam, reclamam, falam, falam e não fazem a menor ideia do que está acontecendo. As pessoas engolem as informações de um filme como esse do Al Gore e nem param pra buscar o que está por trás daquilo. Qual é o interessante econômico por trás do aquecimento global? É uma questão absurdamente complicada.

PS: esse post ficou tão gigantesco que me dá sono só de olhar pra ele...
PS2: estou morrendo de sono e tenho que estudar pra prova de Biologia de amanhã... é nisso que dá socializar o dia inteiro e estudar depois do check-in.
PS3: é estranho dormir na minha cama de novo depois de 3 noites seguidas dormindo na cama de Tijana, que é roommate de Bengisu e Ana Dilber, e que esteve na sua casa pelo final de semana.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

indagações de uma sexta-feira

Depois de uma bela cerimônia de celebração dos 50 anos do UWC, com direito a "Fix You" por Cristina e Myriel (Áustria) e discursos da headmistress, de uma funcionária do escritório do UWC em Londres (que leu o discurso da Rainha Noor da Jordânia, que é a presidente do UWC) e de outras figuras importantes (como os lindos do Vladmir e da Iva, que foram os oradores), fomos jogados no meio de uma realidade.
De uma, não. Fomos jogados na realidade dos desastres. Na realidade da fome, da guerra, do sofrimento. Um vídeo de talvez 5 minutos pareceu durar anos. Todos os olhos vidrados na imagem projetada e os ouvidos enchidos por uma música dolorida, com uma melodia desesperada. Era como um pedido de socorro. Como se o mundo gritasse desesperado, mostrando crianças passando fome, comunidades sofrendo pós desastres... A Bósnia-Herzegovina nos anos 90, o Haiti em 2010, a Síria em 2012...
Quando o vídeo terminou, todos levantaram aos poucos de suas cadeiras e aplaudiram. Mas ninguém sorria. O vídeo era um trabalho de arte feito por dois alunos de um colegial aqui em Mostar. Todos aplaudiam o trabalho, mas nenhum sorriso aplaudia o mundo. E os 50 anos do UWC foram marcados por um choque, por um tapa na cara de todos nós.
Saímos da sala não em silêncio, mas também não em euforia. Senti um peso no meu ombro e minha cabeça pulsava. E ainda tínhamos um almoço de comemoração pela frente. Tudo que eu queria era deitar e ouvir um pouco de música. A gente sempre evita assistir esse tipo de coisa. E horas depois de assistir, esquecemos, porque não queremos lembrar que o mundo é muito ruim e terrível lá fora.
Reclamamos das máquinas de lavar que tremem e parecem que vão explodir... da falta de luminárias pra todos, do cheiro do porão, do excesso de frango nas refeições, da falta de talheres pra todos e de tantas outras coisas... E ninguém lembrará amanhã do vídeo que vimos.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

50 anos, street arts festival e student assembly

Essa semana, todos os colégios UWC (essa frase é muito redundante) estão comemorando os 50 do início do UWC movimento, ou seja, da inauguração do AC (Atlantic College, no País de Gales).
O UWCiM está organizando uma série de eventos. Na verdade, os meus segundos anos estão organizando uma série de eventos... Hoje (dia 19) foi incrível!!
Depois da escola e da Student Assembly (coisa complexa que eu explico logo abaixo..), fizemos um Flash Mob: dançamos Macarena no Spanish Square! Foi muito divertido, devo dizer. E alguns alunos do Gymnasium se juntaram a nós!
Logo em seguida, demos início ao nosso Street Arts Festival, também na Spanish Square. Foi fantástico!! Nosso grupo de Clowning apresentou depois da canção de Marija, Katarina e Katarina (as três da BiH) e de "She'll Be Loved" por Uri (Israel) e Cristina (Austria). Sjur (Noruega) e Mojmir (Eslováquia) fizeram um esquete fantástico!!! Amber (Bélgica) e Anna (Holanda) também. Fiz meu esquete com Margherita (Itália) e foi divertidíssimo. Na verdade, tudo que tínhamos planejado e ensaiado não deu muito certo, porque a Marghe esqueceu tudo na hora e eu tive que improvisar bastante (digamos que a minha escorregada não foi improvisada, mas a gente ignora isso). Mas o pessoal aparentemente gostou muito. Principalmente da parte em que eu joguei o diabolô pra cima e o peguei.
A Peya (Namibia) simplesmente encantou todo mundo com a dança solo dela. Ela dança qualquer coisa. E a coisa mais incrível é que, além de ter movimentos tão bonitos, ela sorri de um jeito tão bonito enquanto ela dança, passa uma energia tão boa pra quem está assistindo! Todo mundo fica completamente encantando! Enfim, rolaram várias performances, inclusive a da minha rommie, Veronika e do Spencer (EUA) com o grupo musical deles à capella. Foi muito lindo.
O que me chateou bastante foi que, quando olhei ao redor, claramente vi que quem estava assistindo o Festival eram, na GRANDE maioria, alunos internacionais. Os alunos locais simplesmente não se importam ou acham que é mais importante estudar do que realmente curtir e aproveitar essa experiência! Eu sei que eu já comentei isso por aqui, mas acho que é uma coisa que eu vou comentar bastante, porque é simplesmente verdade e é bem triste. E a questão é que esses locais não são babacas, eles são meus amigos, mas não querem "perder tempo"...

Bom, agora, vou falar sobre algo que foi bem pesado: Student Assembly. A Student Assembly é o órgão decisório superior (ok, admito, não sei mais como falar isso em português...) no corpo de alunos e é composto por absolutamente todos os alunos do UWCiM e "coordenado" pelo Student Council, que passa tudo decidido e discutido nas assembleias para a escola. Engraçado, mas eu quase me senti no Santa Cruz. Primeiro porque a maioria das pessoas realmente detesta o Student Council e acha que eles não fazem absolutamente nada decente (pelo menos aqui eles não tem fama de comunistas e comedores de crianças...). Segundo porque a Assembleia foi quase que uma reunião do Grêmio Livre (só que com 10x o número de pessoas): a maior zona. A diferença é que não foi nada divertida... Terceiro porque as pessoas só sabem reclamar e não fazem nada. A questão todo girou em torno de uma quantia estúpida que a gente tem que pagar, equivalente a 25 euros, no início do ano letivo, para reparo de coisas quebradas nas residências. A questão é que as coisas nunca são concertadas e isso deixa os segundos anos loucos da vida, porque eles não querem pagar essa grana de novo. Pra finalizar a história, várias pessoas saíram do Spanish Room furiosas, no meio da Assembleia. Claro que todas essas pessoas que saíram eram locais (exceto por Quinten, que é um estressadinho muito querido)... E foi tão rude da parte dessas pessoas... Me deixou realmente chateada, mesmo que todos que saíram sejam meus amigos...
Pra realmente finalizar a história, semana que vem, teremos eleição de membros do Student Council e do Student Representative. Estou em dúvida...


Tive uma noite maravilhosa com Bengisu. Depois do Festival, ajudamos Weronkia (Polônia) a levar os microfones e aparelhos de som para Abrasevic (o bar onde a gente teve Open Mic) e nós três fomos tomar um sorvete. Em vez de voltarmos pra Musala, eu e Bengisu fomos pra direita, em direção à Old Town. Paramos em um mercado, compramos várias comidinhas e sentamos na mureta, em frente à Stari Mostar, que fica lindamente iluminada durante a noite. Conversamos sobre tantas coisas e coisas tão boas. E foi um daqueles momentos surreais em que eu olhei em volta e pensei "Uau, eu realmente estou aqui em Mostar".

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

depois do check-in e os três S's

Acabei de ter um daqueles momentos que eu sei que vou guardar por talvez toda a minha vida. São pequenos momentos assim, no UWC, dos quais eu quero me lembrar.
O check-in no UWCiM é basicamente o momento em que a Alisa, house mom de Musala, passa em todos os quartos checando se estamos todos aqui. E também é o momento em que os homens ficam no ground floor e nós, mulheres, no first e second floors. A separação só acontece de fato porque...hm... não é muito explicável, mas digamos que não há uma conexão direta entre o first floor e o ground floor: é necessário sair da casa pra ir pro ground floor e vice-versa. Por isso, depois do check-in, a gente não vê mais os homens, e isso pode até ser uma coisa positiva quando duas das suas amigas mais próximas passam a maior parte do tempo com os namorados.
Expliquei tudo isso só pra contar que acabei de voltar do quarto da Bo. Sentei na cama dela por pelo menos duas horas e ficamos só conversando e dando muita risada. O incrível da Bo é que a gente pode conversar sobre absolutamente qualquer coisa: desde os nossos planos de ir pra Montenegro durante nossa Project Week, o quão péssima nossa professora de Matemática é, sobre as nossas famílias, sobre esportes, sobre o impacto das diferentes culturas ("Você também sente que a cultura daqui é completamente diferente da do seu país?", ela me perguntou hoje), até o namorado dela, Ali. O Ali é o nosso segundo ano do Paquistão. Ele não só é uma pessoa fofíssima (ele realmente é fofo, não no sentido de gordo... e dá muita vontade de apertar ele), como também é um cara super ativo nas atividades da escola: ele é Student Representative, líder do Debate Club, membro ativo da MUN e coisas assim. O Ali e a Bo são o casal mais fofo de todos. Eu conto isso aqui porque a energia deles é tão boa que sempre me deixa muito feliz ver eles juntos e me deixa mais feliz ainda ver a Bo sorrindo por aí depois de passar tempo com ele. Eu vejo a Bo dando risada toda apaixonada e, de repente, eu fico toda saltitante e alegre. Acho que a Bo me lembra um pouco de casa. Ela é uma pessoa tão boa...
Sentar e conversar com ela é uma das melhores coisas que eu faço por aqui. Pode parecer estúpido, mas são momentos muito bons. "Nós fazemos um time muito bom", como ela gosta de dizer. E acho que a gente poderia ter virado a noite conversando se não fosse pela Hana, a rommie da Bo, que precisava muito dormir e não estava conseguindo por causa das nossas risadas.
Isso me lembra que eu estou completamente falhando em um dos S's. Os Três S's são Socialize, Study e Sleep. Óbvio que eu não estou (e, admitemos, nunca estive) tendo muito sucesso com o último deles, que é o que eu estou, supostamente, falhando. Digamos que também estou falhando o segundo, porque não fiz nada até agora (tenho muita dó de todos os meus co-years que tem Chemistry e/ou Psychology, pois eles tem prova amanhã).
Hoje (ontem?), Lushik (Egito) estava falando sobre como Musala era confortável (ela está em Susac) e como seria impossível estudar ao invés de sentar na frente da residência e ficar socializando. Daí ela me perguntou "Onde você estuda aqui?" e tudo que eu pude fazer foi rir.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

improvisando a vida


A vida é feita de coisas complexas. A vida é feita por um homem sentado na sua poltrona, com sua boina, debaixo de um cobertor vermelho. A vida é feita por esse homem, que tem um cesto com pelo menos 50 pijamas e um armário com pelo menos 20 calculadoras diferentes. Esse homem que não ouve e, quando fala, fala sempre a mesma coisa. Será que ele vive? Será que ele ainda quer estar aqui?
A televisão permanece ligada durante todo dia, mas o senhor encosta-se à poltrona e dorme. Dorme como se o dia  de amanhã não existisse. Afinal, o que são dias? O que são noites, meses, anos? Será que ele tem 70, 80 ou 92 anos? Nem ele sabe. E a impressão que as pessoas ao redor dele têm é que nem a Morte sabe.
Improvisando uma cena num porão que cheira a suor e cansaço. Uma cena de uma casa de idosos. Um personagem tem que morrer. Mas não dá tempo, porque o próprio tempo se acabou. E nem o tempo sabe. Nem o senhor sabe. E a Morte não sabe... mas a Primavera chegou.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

debate club, finalmente Bósnia-Herzegovina! e (tentativa de) brigadeiro

Tanta coisa acontecendo! O dia aqui passa como se fosse um mês inteiro. No final do dia, parece que eu fiz mais coisa do que eu teria feito em uma semana em São Paulo.
Ontem, começou o CAS chamado Debate. Não tem nenhum segredo, o nome é autoexplicativo: é um espaço em que a gente discute formalmente determinados tópicos, no modelo do Parlamento Britânico, e tem a oportunidade de treinar a fala em público, entre muitas outras coisas. A melhor parte é que os três líderes do CAS são muitos legais: Ali (Paquistão; namorado da Bo), Jacob (Alemanha) e Anna (Holanda).
A primeira sessão foi muito boa! Foi hilária, na verdade. Primeiro porque o tópico era "Pirates are cooler than Ninjas!". Eu e Yuval (Israel) éramos o time da oposição e Lukas (Alemanha) e Anita (Noruega) eram o time da proposição. A melhor coisa foi que a brasileira e o israelita CONSEGUIRAM ser menos escandalosos e exagerados que um alemão e uma norueguesa!! No final, eles ganharam, porque, afinal de contas, piratas são mesmo muito mais legais do que ninjas... Mas o melhor argumento de todos era o nosso, de que os filmes sobre piratas são tão ruins (?) que eles precisam contratar só atores bonitos (cof cof Johnny  Depp). Enfim, acho que participar do Debate Club vai ser muito interessante. E é bom não o ter como core CAS, porque eu vou aparecer só quando estiver entusiasmada e com vontade de me expressar.
Hoje finalmente tive a oportunidade de vivenciar uma das coisas que eu mais quero vivenciar aqui: o Marko (2nd year local), o Jacob e o Ali (sim, sempre eles) organizaram uma discussão sobre o conflito e a divisão étnica da Bósnia-Herzegovina. Foi simplesmente sensacional. E na verdade acho que não foi tão boa quanto poderia ter sido, mas eu gostei muito. Não aprendi tanta coisa nova, na verdade, mas é completamente diferente ouvir opiniões pessoais e realmente ouvir tudo aquilo que eu li sair da boca de pessoas que eu conheço. Me senti tão confortável ouvindo tudo aquilo...
Preciso contar um pouco sobre a discussão, porque ela foi interessante demais... As pessoas que mais falaram foram o próprio Marko, Damir, Dino, Ajsa, Amina e Sejla. Com a exceção do Marko, que é sérvio, os outros são bosniaks. Mas essa foi uma coisa muito discutida: até onde a etnia interfere na nacionalidade? Porque uma das coisas mais curiosas daqui é que, de um lado do rio, as lojas tem a bandeira da BiH, e do outro lado, a bandeira da Croácia. Quer dizer, qual é o sentido? Além do mais, por que aqui todo mundo automaticamente relaciona a etnica das pessoas com a religião? Sérvios são ortodoxos, Bosniaks são muçulmanos e Croatas são católicos. Não. Por que um croata não pode ser budista ou espirita ou qualquer coisa que ele quiser? E antes que você discorde de mim, não é como se eles não pudessem, porque eles podem. A questão é como as pessoas automaticamente assumem que um bosniak é muçulmano. Mas a Sejla, o Damir e o Dino falaram coisas sensacionais: eles não se dizem bosniaks, se dizer bósnios-herzegovinos; afinal, é o país onde eles nasceram. E eles direcionaram uma pergunta pros internacionais: "quando vocês ouvem alguém dizer que é croata ou sérvio, onde vocês acham que eles nasceram?" e todos nós, internacionais (éramos vários), respondemos que achamos que eles nasceram na Croácia e na Sérvia, respectivamente. Uma coisa curiosa é que, o Marko, por exemplo, não soube explicar o por que de ele ser sérvio. Durante a educação dele, os pais disseram pra ele que o bisavô dele era sérvio (sendo que o cara era, em termos de nacionalidade, macedônio) e que, por tanto, ele também era sérvio. E assim ficou.
Mas o Marko levantou um ponto muito forte. Que a questão não é simplesmente esquecer as etnias. As diferenças tem que ser aplaudidas, porque as etnias são, sim, diferentes (pra ser honesta, eu não vejo muito isso, mas eles dizem, então...). Que a questão é acabar com o preconceito e com a rivalidade histórica. E ele questionou todos nós sobre quanto tempo isso vai levar. Na minha humilde opinião, vai levar muito tempo.
A Sejla contou uma história muito interessante. Mostar tem duas rodoviárias, uma de cada lado do Neretva. Quando o ônibus vem da cidade dela pra Mostar, ele para primeiro na rodoviária do lado bosniak e o motorista do ônibus fala "quem vai para o outro lado, fique no ônibus". A Sejla falou que tem vontade de matar o cara, porque, segundo ela, não existe tal coisa como "outro lado", só "outra estação".
Na opinião de Damir (ele fala espanhol, caramba, adoro ele! infelizmente, ele aprendeu espanhol vendo novelas mexicanas, mas a gente ignora isso), a grande onda de nacionalismo e a grande divisão entre as etnias aconteceu quando Tito morreu, nos anos 80. Ele comprovou a teoria dele com alguns fatos que eu não lembro agora, mas vou procurar entender mais sobre isso.

Bom, hoje era aniversário da Cristina (Austria). Óbvio que eu e Toam fizemos uma super comemoração com ela à meia noite e também mimamos muito ela (eu até paguei um sorvete!), mas eu queria fazer uma coisa brasileira pra ela. Eu já estava querendo fazer brigadeiro a algum tempo, e apareceu a oportunidade! Só que, pra minha decepção e tristeza, não tem leite condensado à venda em nenhum mercado de Mostar (acredita, eu procurei muito). Então eu tinha que fazer um leite condensado caseiro. Saí às 21h com Marija pra comprar leite em pó e os outros ingredientes num mercado na Old Town, com um vento insuportável e uma chuvinha típica do verão paulista. Quando voltei, bati na porta da Alisa (house mum) pra pedir o liquidificador dela. Mas ela não tinha. Porque meus queridos terceiros anos (que eu nem conheço) foram fofíssimos e fizeram o favor de quebrar o liquidificador dela no ano passado. Daí eu já estava desistindo, mas a Markéta e o Filip insistiram muito... Eu resolvi bater na mão mesmo, só que o leite condensado ficou... líquido. Demais. Consistência nem um pouco certa... Mas eu não desisti e levei ao fogo com manteiga e chocolate. Fiquei horas mexendo o maldito "brigadeiro" e no final continuou líquido e sem gosto de brigadeiro. Mas as pessoas gostaram bastante (na verdade a Cristina não pareceu gostar muito, mas beleza...). Imagina o quanto elas vão gostar do verdadeiro: meus pais vão trazer leite condensado e chocolate do padre pra mim!

PS: A Arela (Albânia) me contou que Caminho das Índias, a novela da Globo, passa num canal de TV aberta no país dela...
PS2: Essa chuva é igualzinha à chuva de verão paulista e isso me dá saudade da minha terrinha... Assim como o cheiro do leite condensado...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

um pouco de poesia em Aleksa

"Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.
Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia, 
Seja uma flor ou uma idéia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus. 
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo.
São-me simpáticos os homens superiores porque são superiores,
E são-me simpáticos os homens inferiores porque são superiores também,
Porque ser inferior é diferente de ser superior,
E por isso é uma superioridade a certos momentos de visão.
Simpatizo com alguns homens pelas suas qualidades de caráter,
E simpatizo com outros pela sua falta dessas qualidades,
E com outros ainda simpatizo por simpatizar com eles,
E há momentos absolutamente orgânicos em que esses são todos os homens."
- Álvaro de Campos 
"Passagem das Horas"

terça-feira, 11 de setembro de 2012

finalmente CASes! e cotidiano

Basicamente, todos os colégios com IB, especialmente os UWCs, tem várias dessas atividades chamadas CASes, que são como "extra-curriculares". CAS = Creativity (Creatividade), Action (Ação) e Service (Serviço). Para se obter o IB Diploma, é necessário ter 3 core CASes (o que significa ter três atividades, uma de cada grupo, nas quais você participa ativamente). Mas além dessas 3, você pode ter uma outra extra, que pode ser de qualquer um dos grupos.
Meus core CASes são: Creativity - MUN (Model of United Nations); Action - Hiking; Service - Clowning; Extra oficial: Photography.
Mas além desses, estarei participando de outras CASes como Debate Club, World Cinema, International Cooking (só pra comer, óbvio), Political Visions and Global Trends, Yoga, Ballroom Dance, etc.
Ontem, tive a primeira sessão de Political Visions and Global Trends que foi bastante interessante. É um novo CAS, então, além do líder, Jacob (Alemanha), todos os participantes são primeiros anos. Discutimos sobre qual é o problema social/político que precisa ser resolvido com mais urgência no mundo atual. Não chegamos a nenhum conclusão, mas decidimos discutir sobre a desigualdade no planeta. Falamos sobre o "Gini-index" que basicamente é uma forma que os economistas arranjaram de medir (sempre estatísticas...) a desigualdade no mundo. E, com muito orgulho (que fique bem clara a ironia), o Brasil é o país mais desigual do mundo.
Hoje, começaram dois dos meus core CASes: MUN e Clowning. MUN foi um tanto quanto interessante. Quinten (Holanda), Emina (BiH), Gautier (França) e Colleen (EUA) são os segundos anos que, não só lideram o CAS, mas também são os "chairs" do nosso modelo das Nações Unidas. Eles explicaram um pouco sobre o funcionamento da coisa, mas é um tanto quanto complicado e formal. Tivemos um momento em que tivemos que escrever um pequeno discurso de abertura, falando sobre a posição do país que cada um de nós representava na sessão. O interessante é que você precisa ir atrás de informação, dar um Google (ainda bem que isso existe!!) e descobrir o que o país que você representa acha do assunto da sessão. No caso de hoje, foi sobre Roma People (algo que eu nunca tinha ouvido falar antes de vir pra cá, mas que é um assunto muito importante na Europa). E não, Roma não são ciganos (é politicamente incorreto chamá-los de ciganos). Eu e Tamar (que estava sem notebook e se juntou a mim) tivemos que representar a Bósnia-Herzegovina. Foi um tanto quanto interessante preparar um mini discurso num inglês formal e depois lê-lo para todos na sala.
Depois do jantar, tive a primeira sessão de Clowning. Embora essa atividade pareça palhaça (ha ha), na verdade é a melhor, porque nós passamos por todas as instituições nas quais os alunos do UWCiM trabalham e não precisamos falar em bósnio/croata/sérvio, basta falar a língua do seu Clown. Os líderes dessa atividade são Celia e Oliver, ambos espanhois, mas nenhum deles participou da sessão de hoje. Em vez deles, Noga (Israel), Lucie (Alemanha) e Veronika (República Tcheca - minha roommate) foram os líderes e nos apresentaram os 7 clowns. Foi simplesmente incrível. Além de me divertir muito, todo mundo se soltou muito e já deu pra perceber que somos um grupo maravilhoso! Basicamente somos eu, Margherita (Itália), Bo (Holanda), Amber (Bélgica), Bebo (Egito), Anna (Holanda) e as três líderes. Começaremos a preparar esquetes para o Festival de Arte de Rua que vai acontecer na semana do dia 19 ao dia 23 de setembro, para a comemoração dos 50 anos do UWC (fundação do primeiro colégio: Atlantic College, em Wales). Tenho a sensação de que vai ser animal!
Por acaso, a Claudia, minha terceiro ano espanhola, deixou uma diabolô como herança pra Celia, minha segundo ano da Espanha. Mas essa segunda não sabe fazer absolutamente nada de malabarismo e me deu o diabolô!! Vou poder usar na minha esquete (já fui requisitada para fazê-lo) e poder matar o tempo na frente de Musala.

Tenho andado muito por aí com novas pessoas. Não tenho nenhuma aula com Bengisu e Markéta, então quase nunca nos encontramos durante o dia. Nem mesmo nossos free blocks são comuns, então sempre nos juntamos no quarto de uma das três depois do check-in, com canecas, fervedor elétrico da Marke e chás turcos! Tenho passado meus dias com pessoas bem diferentes, mas principalmente com Tamar (Israel), , Mário (Espanha), Maud (Itália/França), Aurelia (China/Alemanha/Indonésia), Yuval (Israel), Filip (BiH) e Marija (BiH). Falando nesses sete co-years, hoje fomos tomar café depois da (do?) MUN e tivemos uma discussão incrível sobre o exército em Israel: sobre o que significa participar de um exército, se é um ato de nacionalismo ou não; e também sobre o que significa estar aqui: representamos nossos países, nossas culturas ou somente nós mesmos? Será que Aurelia representa China, Alemanha E Indonésia? Se não, então porque estamos sempre tirando fotos com as nossas bandeiras, como se fossemos patriotas e nacionalistas? Complicado, com certeza. E Yuval ouviu muito, porque todos nós não concordamos com a decisão dele de ir pro exército enquanto ele pode fazer trabalho voluntário no lugar.
Também sempre consigo passar um tempinho do meu dia, geralmente depois do jantar, com as tão queridas Cristina e Toam, que andam sempre grudadas. Divirto-me muito com elas e a melhor parte é que podemos ter conversas muito sérias e conversas muito brincalhonas. Ontem mesmo tive uma reflexão muito boa com elas sobre esse lugar, sobre as pessoas, sobre a vida aqui. Principalmente quanto aos aspectos negativos: a separação entre internationals e locals, a separação em grupinhos, a divisão evidente entre moradores das duas residências, a eterna e irritante fofoca... Mas o que eu mais sinto é que muita gente é pouco tolerante aqui. Não consegue viver com a vulgaridade de uma pessoa ou com a necessidade de silêncio de outra. A vida numa residência estudantil não é nada fácil, mas tem a ver com harmonia e respeito, principalmente. Mas é sempre muito bom ficar no quarto dos outros, poder passar tempo com pessoas tão diferentes. E os dias aqui são tão intensos...
Ontem, a primeiro ano do Bebo chegou. Lushik é de Cairo e é muito simpática. Passamos um tempinho juntas ontem e um tempão juntas hoje. Já gostei dela logo de cara! Parece que vamos nos dar muito bem. E essa é a coisa da intensidade... Parece que ela está aqui desde o começo (mesmo que ela não conheça os lugares em Mostar ainda e eu esteja mostrando várias coisas pra ela). Amanhã ela vai cozinhar uma sobremesa egípcia pra mim! Can't wait!

aquele momento em que...#3

...você está madrugando, preparando sua apresentação de História pra manhã seguinte, e, folheando o seu livro, você lê títulos como "Why did a crisis arise over Bosnia in 1908-1909?" e "The annexation of Bosnia-Herzegovina" e se dá conta de que você está bem aí, onde a Primeira Guerra Mundial explodiu.

domingo, 9 de setembro de 2012

finalmente being productive!

Hoje eu finalmente tive um dia produtivo! Aqui todo mundo fala que quer ter dias produtivos, fazer alguma das lições, milhões de trabalhos ou ler umas páginas daquele livro de Self-Taugh. Mas ninguém realmente leva a produção tão a sério. Exceto pelos locais, como sempre... E algumas exceções de internacionais, principalmente aqueles que tem alguma pressão vinda de casa (como a Bengisu, cujos pais vão mandá-la embora se ela tirar abaixo de 5 de 7 em qualquer matéria).
Mas hoje, graças à nossa querida diretora, Valentina, fizemos alguma coisa útil. Foi o dia de um movimento internacional chamada "Let's Do It" que foi organizado basicamente para que as pessoas se mobilizassem e limpassem a sua cidade. Então fomos ao Partisans Graveyard, que é um memorial dos partidários iugoslávios, vestimos luvas, pegamos sacos de lixo e saímos coletando todo tipo de coisa que você possa imaginar. Principalmente garrafas de vinho e de cerveja, mas também secadores de cabelo, roupas, televisões... Mas o que mais me impressionou foi que, nos matinhos (e há vários), tem gente morando lá. Pessoas sem teto. E aqui tem muitos, principalmente no lado bosniak da cidade, que é muito mais pobre.
A sujeira e as pessoas em condição de rua me fizeram lembrar de uma coisa: home. E isso me deixa irritada.
Estar aqui e achar que posso fazer alguma coisa me deixa irritada. Não deveria eu estar na minha própria cidade, tentando melhor a situação por lá?!
Mesmo tendo um dia produtivo, você se sente inútil. Pelo menos eu pude passar a maior parte da minha tarde na companhia de Saffron (UK). O quarto dela também é é o quarto da Markéta (República Tcheca) e da Rosinha (tradução literal do nome dessa encantadora bósnia). Eu passo a maior parte do tempo naquele quarto, porque o meu fica insuportavelmente quente durante todo o dia.
Amanhã vamos ter American Dinner!! Isso significa eu e outros 5 estadunidenses, mas pra mim está ótimo, desde que as pessoas (isso inclui os próprios estadunidenses) compreendam que eu sou americana também.
Ah, e aparentemente eu e Bengisu somos local-wannabes, porque passamos a maior parte do tempo com os locais Filip, Katarina Kuzman, Katarina Lalovic e Marija. Aparentemente (outra vez), isso nunca aconteceu na história do UWCiM, porque sempre são os locais que são international-wannabes. Mas OK, por mim está ótimo. A verdade é que não importa de onde as pessoas que você convive são, porque estamos todos aqui juntos, vivendo a mesma experiência. E é ótimo, porque eu acabo aprendendo várias frases e palavras na língua deles. Adoro repetir o que eles dizem e a gente sempre acaba se divertindo com isso.

PS: Quando eu estava doente, a Liza (EUA) veio no meu quarto me visitar e me deixou completamente feliz quando ela estava olhando as fotos na minha parede e disse que o Chico Buarque é maravilhoso!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

memórias de um dia embaçado

A espera de que o calor passe. O suor constante da madrugada por conta de uma febre incerta. A perturbante e constante alteração de sonhos, de situações, de pessoas dentro da sua cabeça. O estômago remexendo-se e mexendo-se, gritando em desespero "não quero comida!!!".
A esperança de acordar melhor na manhã seguinte... Uma colega de quarto bósnia completamente atenciosa, com seu chá de menta (e seu milagroso fervedor de água elétrico). Presentei-a com um doce de leite (Pingo) como agradecimento. Mas não torna nada melhor. 
A melhoria nem mesmo vem com pessoas vindo me visitar e me fazendo involuntariamente sorrir. Querendo me manter acordada, eu mesma, mas parece impossível. Ganhei uvas, pão com recheio de chocolate, salada, e um almoço completo: frango (pra variar...), batatas assadas e pão. São pequenos gestos que tornam pessoas, amigos.
E são horas e horas de sono que me deixam mais e mais cansada. Nunca é bom estar doente. Principalmente longe de casa. Sofá e televisão cairiam muito bem agora.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

gênero e guerra

Depois de 5 anos de aula de inglês, finalmente achei uma decente. English A - Language&Literature com certeza é melhor do que qualquer aula de inglês que eu já tive. Na segunda aula, tivemos a oportunidade de discutir algo impressionante: a forma como as relações entre gêneros e entre as pessoas afeta a construção de uma língua. Em inglês, por exemplo, "chairman" não tem uma versão em feminino. E "mistress" é tanto a versão masculina de "mister" quanto "amante". Enfim, tivemos uma discussão muito interessante e depois Sara (França), Tamar (Israel), Bo (Holanda) e eu falamos como era essa diferença de pronomes de tratamento nas nossas próprias línguas. Na verdade, a Lisa, nossa professora, realmente estudou sobre os os gêneros na gramática, o que torna a coisa ainda mais interessante. Além disso tive a oportunidade de aprender novas palavras pro meu vocabulário (engraçado, mas a Erika, dos EUA, também não conhecia as tais palavras).
A aula de história... Uau, fiquei com medo de quase dormir outra vez (como na aula anterior). Mas a aula foi maravilhosa. Ficamos discutindo sobre o que Guerra significa, por quais motivos ela pode acontecer. Eu quase falei pra Pauline que, na minha opinião (sim, sou aprendiz de Claudia), quase todas as guerras acontecem por motivos econômicos, mas resolvi ficar na minha. Nossa discussão incluiu a Guerra Civil Espanhola com curiosidades exclusivamente contadas por Carme (leia-se: Carma), de Barcelona, sobre os resquícios da Guerra e as divisões claras entre as famílias por conta dos "lados" escolhidos por seus antepassados. Também falamos sobre as guerrillas na América Latina e pude falar um pouquinho sobre a Ditadura Militar no Brasil.
Discutimos o significado da frase de Clausewitz "War is nothing more than the continuation of politics by other means." ("A guerra não é nada além da continuação da política por outros meios"). O engraçado é que essa frase pode ter duas interpretações: uma delas (pra mim é a mais óbvia) é a de que os seres humanos, quando não conseguem resolver as coisas através da conversa, da negociação, partem pra guerra, pra força; a outra é que a guerra e a política tem o mesmo objetivo, ou seja, optar pela guerra não muda o objetivo. Os fins não mudam, só os meios. E essa discussão levou pra outras perguntas: "o uso da violência é algo natural?" "a guerra faz parte da experiência humana?" "vamos sobreviver à WWIII ou as bombas nucleares vão matar toda a nossa espécie?".

distâncias e um pouco de estudo

Distância entre São Paulo e Mostar: 9929 km
Distância entre Cologne e Mostar: 1176 km
A distância entre Alemanha e Bósnia&Herzegovina não é nada comparada à distância da minha cidade natal. Todo mundo aqui ficou em choque quando eu falei que a minha tia, Dana, vinha me visitar, passar um dia comigo. "She came all the way from Brazil?!". Sim, ela veio. Porque ela precisava buscar uma medula (sim, ela trabalha no GRAACC e faz transplante de medula) em Cologne, Alemanha.
A Fernanda, afilhada da Dana (que eu falei pra todo mundo que era minha cousin, pra simplificar as coisas), veio de Londres pra passar o sábado aqui também. Encontrei elas na frente do Bristol, um hotel super bonitinho que fica do lado da ponte que é próxima de Musala, e fomos passear pela Old Town. Entramos numa mesquita e subimos até o topo da torre (com um pouco de dificuldade...), de onde tivemos uma vista maravilhosa da Stari Mostar e da cidade inteira (fotos abaixo)!



Levei elas até o topo do Old Bank, de onde tivemos outra vista maravilhosa, e depois pra Old Men's pra tomar um limonada (a Dana adorou que eu falei "três limonadas, por favor" em bósnio). Tive que deixá-las pra ir pra minha tutor group meeting e encontrei elas mais tarde pra jantarmos.
Fomos num restaurante super simpático na Old Town, na beira do rio, com uma vista maravilhosa para a Stari Mostar. Comemos um prato de "degustação" de comidas típicas: pimentão recheado, um tipo de coalhada, um tipo de charutinho de uva... Comida muito boa!
Foi ótimo passar o dia com elas. Foi ótimo e difícil falar português. Foi ótimo perceber que, mesmo tendo passado apenas duas semanas aqui, eu posso realmente ser algo como uma guia turística pra todos os familiares e amigos que quiserem me visitar (venham!!). A cidade foi aprovada por Fe e Dana. Pena que elas só passaram uma tarde aqui... Foram embora no domingo logo cedo.


Gimnasium Mostar e Spanish Square - vista do Old Bank
Agora estou no Spanish Room (ou Study Room), porque é E block e eu não tenho esse! Teve double H block hoje cedo e eu também não tenho esse. Ou seja, acordei às 9h e tive uma aula de Matemática às 10h com duração de 55 min. Ah, e foi completamente ridícula. Ela deu duas tabelas para que desenhássemos o gráfico e descobríssemos a função de segundo grau. A aula inteira foi isso. E me surpreendeu que a maioria das pessoas na minha classe não aprenderam isso ainda... Mas tudo bem, se for fácil assim, menos trabalho.
Hoje à tarde tenho English A (medinho...) e double block de History. Ontem, a aula de inglês foi divertida. A professora, Lisa, é irlandesa (com sotaque britânico) e super simpática. Os livros que ela escolheu pra gente ler parecem ser muito bons (um deles é "1984"!). Mas admito que me dá muito medo fazer English A (o "A" significa que é minha língua materna) em HL. Tenho a impressão de que vou ter que me esforçar bastante. Mas tudo bem, não é como se eu não gostasse de línguas.
A aula de History ontem foi péssima. Ela deu um breve resumo da História Moderna, porque nós 5 falamos que não tivemos nem metade da História Moderna. Mas foi um péssimo resumo e eu estava absurdamente cansada, quase dormi. Sabe quando você não consegue ficar com os olhos abertos e eles começam a fechar sem que você perceba e depois fica super difícil de abri-los? Pois é... Essa foi a ótima impressão que eu passei na minha segunda aula com a Pauline.
Peace and Conflicts Studies foi incrível!!! O Dženan (leia-se algo como Dgena) é muuuito legal. E a melhor notícia é que não teremos livros pra essa matéria. Basicamente vamos ler vários artigos, matérias, coisas de atualidades e textos teóricos. Vai ser uma matéria incrível! O professor nos deu um papel com todo o syllabus e, UAU, vai ser animal!

Pixação no Old Bank
PS: FINALMENTE CHUVA!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

(outro) começo

Primeiro dia de aula. Depois de quase duas semanas aqui (que parecem meses!), as aulas infelizmente começaram.
Temos 7 blocks (horários de aula) por dia. A organização é bem mais complexa do que qualquer um possa imaginar. Existem blocks de A a H, mas ninguém tem todos os blocks (ainda bem que free blocks existem!).
Toda segunda-feira nós temos ou Assembly (Assembleia do colégio inteiro) ou Tutor Meetings. A Assembly hoje foi basicamente apresentações sobre Summer Schools das quais segundos anos participaram. Achei muito interessante, quem sabe eu não apply pra alguma ano que vem...
Logo depois, eu tive double block de Math. Meu Deus, o que foi aquilo..... Sem comentários. Juro que vou tentar dar uma chance pra professora (que tem um inglês horrível com sotaque austríaco e nunca ensinou o IB), mas se ela for tão ruim quanto parece, eu vou trocar pra Studies, com certeza (eu estava pensando em fazer HL, mas ela também ensina HL....). Pelo menos Mia, a professora de Math Studies e também Miss Croacia, está a muito tempo aqui e todo mundo gosta muito dela. De qualquer jeito, a aula de matemática foi ridícula e eu me senti ridícula porque os dois meses e meio de férias me fizeram esquecer absolutamente tudo relacionado a números, equações e funções.
A aula seguinte foi History HL. Sim, nós somos 5 garotas (e seremos só 4, porque a Marija provavelmente vai trocar pra SL) em uma sala de aula. Somos eu, Marija (BiH), Maud (França), Sara (França) e Carme (Espanha). A Polinne é a nossa super fofa professora francesa que se formou na Sciences Po (!!!). Os segundos anos falam que depois de algumas aulas a gente vai começar a odiá-la, mas, sinceramente, ela parece uma pessoa incrível. Só que ela é bem rígida. Deixou bem claro que teremos muitas redações pra escrever, muitos seminários e pesquisas. Mas é History.... Eu vou amar. Ainda bem que eu tenho a Celia (2nd - Espanha) pra me animar em relação à Pauline.
Tive almoço. A canteen tava insuportavelmente lotada e barulhenta. Eu e Toam comemos super rápido pra podermos escapar daquela barulheira. Tive um free block e fui tomar um café com Bo e Jochem (Holanda) no Jump Jump , onde encontramos Aurelia (Alemanha), Lukas (Alemanha), Sijull (Alemanha), Cristina (Austria) e Maud (França).
A melhor parte do dia com certeza foi double block de Biology HL. Os meus colegas nessa aula são muito legais. Sara e Bo estão comigo, assim como as duas Katarinas (BiH), Max (Austria), Uri (Israel) e outros. A professora, Selma, é bem séria, mas ela parece ser muito boa. Ela assustou-nos um pouco, falando que Biology HL é uma matéria muito exigente e que requere muito esforço. Mas eu sei que ela só quer se livrar de estudantes preguiçosos. Além do mais, pelo que ela explicou, não há muita diferença entre HL e SL... Mas ela mostrou todo o nosso syllabus e eu fiquei fascinada! Estou muito animada com Biologia. E fiquei muito feliz quando ela deu um teste pra gente se avaliar, ter certeza de que a gente tem base suficiente no assunto pra poder estar no nível alto. Eu acertei todas as imagens. Ela mostrou imagens de células, moléculas e processos bioquímicos. Embora eu não lembrasse os nomes do Calvin Cycle e do Krebs Cycle, eu sabia que faziam parte da fotossíntese e da respiração. A maioria dos meus colegas não sabia vários. Graças ao BioMar e à BioSuzi eu sabia!
Amanhã, eu tenho todos os blocks da manhã, mas nenhum à tarde. Tenho Biology, History, English A e Peace and Conflicts Studies.
Tudo certo. Por enquanto o IB não parece um big deal. Talvez as pessoas exagerem muito. A Dana, minha tia, durante a visita dela nesse último final de semana (postarei sobre isso logo logo), disse que não pode ser mais difícil do que o Santa Cruz (?). Tenho minhas dúvidas. Mas a grande verdade é que basta você escolher matérias que você realmente gosta. E daí você não vai se deixar assustar por 3 livros que parecem tijolos de History.

PS1: A Sara (França) está em 5 aulas comigo!!! Ela é uma fofa, fiquei feliz.
PS2: SL = Standard Level, HL = Higher Level

sábado, 1 de setembro de 2012

recepção de um hotel imaginário e arrepios

Ontem, todos os primeiros e segundos anos foram passar o dia em Kravice. Basicamente, são as cachoeiras mais próximas de Mostar. São lindas. Não tanto as quedas d'água (digamos que o meu padrão de cachoeiras bonitas resume-se à Chapada Diamantina...), mas a cor da água em si é impressionante.

Foi muito divertido. O dia estava tão quente e foi maravilhoso entrar naquela água gelada.
Perdi a conta de com quantas pessoas eu fui tomar um café ou um sorvete nos barzinhos de lá. Mas a parte mais divertida foi quando eu tive oportunidade de falar português. Markus (Áustria/ República Tcheca) teve a brilhante ideia de jogar o seguinte jogo: uma pessoa é um hóspede de um hotel e está precisando da ajuda do gerente. Quem assiste o jogo escolhe, sem que o "gerente" saiba, algum problema que o hóspede tem. Só que tem um pequeno detalhe: você só pode se expressar na sua própria língua!
No meu caso, joguei com Betka (Eslováquia - 2nd year). O meu problema era que o meu vizinho tinha atirado na parede com uma arma e agora ele mandava meias com cartas de amor pra mim pelo buraco. Claro que foi hilário. A Betka não entendia nada que eu falava, mas ela ficava respondendo e eu não entendia absolutamente nada! Quando eu fiz um gesto de arma, ela falou (em eslovaco, claro) "Você gosta de armas? Eu sei um ótimo lugar pra comprar armas!" e o Filip (BiH) começou a chorar de rir e eu não entendendo nada. A Betka não parava de repetir "buraco!".
Mais uma vez, isso acontece no UWC... e o melhor (ou pior, depende do ponto de vista) é que eu sou a única falante de português por aqui (porque o Han-Sol saber falar "caralho", "eu falo português" e "filho da puta" não conta....)

Tamar (Israel), Yuval (Israel), eu e Mario (Espanha)




Antes de ontem, tive um dos momentos mais incríveis aqui. Nossos segundos anos preparam a Cerimônia de Abertura (Opening Cerimony). Foi absurdamente linda. Não tem como descrever a emoção de ouvir Noga (Israel) cantando Don't Upset the Rhythm by Noisettes e Us by Regina Spektor. Caramba, eu fiquei completamente arrepiada. A Lucie (Alemanha) tocando violino, a Peya (Namibia) dançando melhor do que qualquer pessoa que eu conheço e Myriel (Áustria) tocando violão com a bela voz da israelita trouxeram lágrimas pros olhos de muitos dos meus co-years. Óbvio que os esquetes foram fantásticos! Principalmente o Quinten (Holanda) interpretando o próprio firstie, Jochem, com um boné e agindo como se fosse o cara mais gostoso do mundo (não que o Jochem realmente faça isso, mas a gente tira muito sarro dele). Depois Franjo (BiH) falando sobre a comida da escola, que é sempre frango... E óbvio, Gwenno (País de Gales) com a sua fantástica paródia de I Will Survive (as long as I have coffee, I know I'll stay alive) sobre o IB. Dei boas risadas.
A cerimônia foi incrível. As palavras de Valentina, a diretora do colégio, também foram muito belas. Ela abriu mais um ano desse colégio incrível. Nós somos a 7ª geração de um colégio que era pra ter durado só três anos e lutou muito pra estar como está agora. Óbvio que não é perfeito (nenhum colégio é perfeito), mas é perfeito do seu jeitinho.


Lucie (Alemanha), Noga (Israel), Myriel (Austria) e Peya (Namibia)
Franjo (BiH), Gwenno (Wales) e Damir (BiH)