quarta-feira, 10 de outubro de 2012

hamlet, brigadeiro e project week

Uma manhã gelada em Mostar e uma câimbra insuportável na batata da perna me acordaram pra uma prova de Peace&Conflicts Studies. Digamos que não foi a melhor prova que eu já fiz (assim como ontem a de História também não foi) e depois capotei na mesa por uma hora esperando o resto terminar a prova.
A vida anda... cansativa. Ontem começamos com a maratona de teatro outra vez: 4 horas por dia. Lemos 70 páginas de Hamlet e foi insuportável. Nem mesmo o Spencer (EUA) consegue ler direito, imagina quem nem inglês bom tem! E a Snezjana quer muito que façamos essa maldita peça. Nem a Peya (Namibia), que é quem vai dirigir, quer fazer Hamlet. E, só pra constar, é o IPP (Independent Project - ninguém sabe me dizer o que é o outro "P") dela. Teoricamente, de acordo com o IB, o professor não pode interferir no IPP de um aluno, que é exatamente o que está acontecendo. Pra Peya é difícil, porque ela é um amor, atenciosa e paciente, não sei até que ponto ela vai aguentar dirigir, porque ela não vai conseguir mandar a gente calar a boca e focar. Mas eu sei que ela está se esforçando muito, como percebi quando dei uma folheada no Theatre Experiences dela. Mas enfim, de hoje até Sábado, continuaremos focando no texto, nos cortes de cena e de monólogos não tão importantes. Até porque não faremos o começo da peça.

Finalmente usei uma das 4 latas de leite condensado que meus pais trouxeram pra mim! Fiz brigadeiro e tive um momento delicioso com gostinho de casa no quarto de Peya (Namibia) e Natasa (BiH) com elas, Toam (Israel) e Bengisu (Turquia). Elas gostaram muito (não tanto quanto eu esperava, mas ok) e pra mim foi fantástico comer brigadeiro.
No entanto, foi bem tenso preparar o brigadeiro na cozinha, na frente de várias pessoas e depois sair correndo pro primeiro andar sem dar brigadeiro pra ninguém. Sejamos francos, se você der "um pouco" pra 74 pessoas, no final não sobra nada pra você. Mas eu prometi que depois do Bayram, farei brigadeiro pra geral, daí cada um experimenta um pouco.

Semana que vem: Project Week. Depois de uma frustração geral imensa por conta das propostas de Project Week e a falta de mobilização dos alunos (principalmente locais) pra organizar alguma coisa interessante, me inscrevi pro único Project Week que tinha sido organizando pela própria escola e não pelos alunos:  construir casas em Srebrenica, a cidade onde houve o massacre em 11 de julho de 1995 (é, Isa, seu aniversário) e que foi muito destruída pela guerra. O projeto era algo semelhante ao Teto, basicamente, e me animei bastante pra ir. Construir casas em favelas em São Paulo já é um aprendizado fantástico e uma vivência indescritível. Imagina construir casas numa cidade destruída na BiH? Fiquei absurdamente fascinada. Mas dois dias atrás, somente 15 pessoas receberam um e-mail, falando que estavam partindo pra Srebrenica na manhã seguinte. E a grading session? E os retakes pros segundos anos? Ah, e será que o próprio colégio se deu conta de que a data do Project Week é do dia 12 ao dia 20? Parece-me que não.
Fiquei irritada pela falta de organização e me dei conta (assim como umas outras 40 pessoas que tinham se inscrito pra esse projeto) de que acabaria indo pra um projeto qualquer. Mas a esperança surgiu quando Elisaveet (Grécia) me mandou um e-mail sugerindo que nos inscrevêssemos juntas para o projeto que a nossa segundo ano, Iva (BiH), havia organizado de última hora: uma parceria com um canal de TV chamado PinkTV para fazer uma reportagem sobre o UWCiM. Iríamos para o estúdio deles em Sarajevo, opinar e ajudá-los a editar o vídeo. Fiquei muito animada. E Iva acabou de vir falar comigo no Spanish Room, dizendo que o grupo é eu, ela, Andra (Kosovo), Elisaveet (Grécia), Pasha (Russia), Bebo (Egito) e Dado (EUA/BiH).

Joguei todo esse monte de informação sem explicar o que é Project Week... Basicamente, é um incentivo dos UWCs para que os alunos parem de só falar e falar e realmente façam alguma coisa pra ajudar a comunidade. Essa era a ideia inicial do UWC, mas, no final das contas, acabou virando uma semana em que um grupo de alunos pode fazer uma caminhada longa ou turismo em algum lugar com uma desculpa imbecil de conhecer a cultura (caso de alguns dos meus segundos anos que estão indo pra Istambul). Em alguns colégios, acontece duas vezes por ano, mas, no UWCiM, pela falta de grana, só damos conta de fazer uma vez por ano. E as opções são bem limitadas, porque eles só dão 50 euros pra cada aluno e digamos que a maioria dos projetos exigem mais do que isso. Aparentemente, ano passado, os alunos mandaram e-mails pra todas as companhias possíveis (estilo FUFEI) pra arranjar grana. Mas esse ano o colégio não autorizou que tivéssemos patrocínio, sei lá porquê.

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