terça-feira, 30 de abril de 2013

monarquias, senso crítico e tradição

O dia raiou com cores laranjas pelo colégio. Os neerlandeses (sim, virei politicamente correta e parei de chamá-los de holandeses) acordaram com sorrisos no rosto, celebrando a abdicação da rainha e a coroação do novo rei (que, surpreendentemente, chama-se Willen). Por acaso, esse rei é um alumni do UWC Atlantic e, por isso, segundo André, se não fossemos a Abrasevic assistir a coroação, era como se estívessemos perdendo o casamento de um parente. Uau. Quantas facas que eu levei no estômago hoje com frases como essa. Ou um simples "Happy Queen's Day!" que me fazia tentar forçar o desaparecimento da minha face de sarcasmo. Como eles esperam que eu celebre o Dia da Rainha? Por que diabos eu celebraria o fato de que há um novo rei nos Países Baixos? E quando eu pergunto isso, os meus amigos neerlandeses se limitam a dizer "É uma razão pra celebrar! Precisa de mais?!". Ah, precisa, queridos. Falta de senso crítico. E nem sei, talvez eu tenha uma visão muito crítica em relação à monarquia, é verdade. Porque quando eu reclamei, Amber (Bélgica) disse que aprecia o fato de que a monarquia é o que une o país dela. E aí eu me pergunto: então será que a Bélgica é válida como um país? Se a monarquia é a única coisa que mantêm os flamengos e os francófonos, então se a monarquia acabar, será o ponto decisivo na já existente batalha pela separação de um país de 30,5 km²? Ah, e tem mais: e todos os impostos? E o fato de que essa mesma linhagem sanguínea passou gerações e gerações e séculos e séculos vivendo às custas do trabalho dos outros. "Ah, mas não é como se eles não fizessem nada." Ah, ok, os monarcas são figuras diplomatas que saem por aí acenando e sendo bonitos (ou não, porque a família real neerlandesa não é nada bonita). O máximo que eles fazem é doar dinheiro pra caridade, o que eu já acho um... não tenho palavras, simplesmente. Acho que é um debate muito grande... Iniciei-o várias vezes hoje. Tipo, "por que a monarquia seria uma coisa ruim, Sofia?". Ah, deixa eu te contar um pouco da história do mundo... Tipo assim, as monarquias foram criadas na Europa, e os reis eram como que as figuras mais próximas de Deus e blablablabla. Well, adivinha, tradições não são necessariamente posivitas.
Mas, mesmo com tudo isso, como eu não tive aula de inglês, resolvi ir pra Abrasevic fazer uma pesquisa antropológica (ok, soa muito arrogante, mas é um pouco verdade). Deparei-me com os neerlandeses, uma garota de Hong Kong, um britânico (futuro morador dos Países Baixos) e os namorados: russo e afegão. Todos com bandeiras dos Países Baixos nas bochechas, vestidos de laranja, bandeiras em todo o lugar... Foi divertidíssimo quando Milad (Afeganistão) soltou a pérola "Essa é a princesa?! Minha avó é mais bonita!" e eu quase chorei de rir.
Mas toda essa questão e a minha atitude hoje quanto à isso está relacionada ao fato de que um amigo meu me ensinou com o tempo (e com muitas brigas) que às vezes é melhor deixar a atitude positiva, incentivadora e "aceitadora" de lado e provocar um pouco o senso crítico nas pessoas, pra elas poderem se enxergar e enxergar ao seu redor. E não falo só sobre mim, mas sobre todos e sobre como deviam agir em relação à mim também. Mas a questão é que sempre tive o problema de não querer criticar pra não magoar... Mas aprendi que sempre tem um jeito que não magoa e faz pensar. Bom, o UWC muda as pessoas... Novidade!


PS: acabei de ser acrescentada na parte de "Quotes" do Yearbook com as seguintes frases.
"Hey, you know what happened to me today?" "hahahahaha" "You are soooo cute!"
Contadora de histórias, risonha e apaixonada por todos... Sounds like me.

domingo, 28 de abril de 2013

a experiência eslovena

Eslovenia: primeiro país da União Europeia que eu visitei (sem contar minhas paradas no aeroporto de Munique). A Eslovenia é um país pequenininho entre a Itália e a Croácia, muitas vezes confundido com a Eslováquia. Um país de pessoas muito alegres, simpáticas e generosas. Um país tão próximo aos Balcãs que vê toda a história balcânica como algo distante. Minha host não sabia praticamente nada sobre a guerra na Bósnia-Herzegovina e tampoco conseguia entender croata (ensinei-a o pouco que eu sei!)
Fui pra Eslovenia porque, em Março, recebi um email de Ilvana, minha professora de World Literature, dizendo que eu e outros 5 alunos haviam sido selecionados (sem critério nenhum, um dos problemas da escola) para ir para o Spring Festival, um evento anual que ocorre no II. gimnazija Maribor, um dos maiores colégios de ensino médio do país. Eu, Carme (Espanha), Mateo (Croácia), Suncica (Mostar), Maxi (Austria) e Amina (Zenica-BiH) fomos para Maribor no dia 16 de abril, acompanhados da nossa queria professora Ljubica (Alemanha/BiH).
Não vou entrar em detalhes... Mas foi uma viagem linda! Não só porque minha host, Brina, era uma fofa, generosa e engraçada, mas porque conheci a Eslovenia e me aproximei de colegas. O Spring Festival consiste basicamente de 4 dias. No primeiro dia, tivemos a Opening Cerimony, em que todos os colégios que haviam vindo participar do Festival faziam uma mini apresentação, com uma música, uma dança, um teatrinho... Os países representados eram Suécia, Russia, Bósnia-Herzegovina (nois!), Sérvia, Israel, Países Baixos, Dinamarca, Eslovenia, Alemanha, Macedonia e Eslováquia. Israel mandou muito na Opening Cerimony, com direito a um streap tease no palco e uma marcha de soldados. Nós fizemos um mini teatrinho, brincando sobre as "tradições" do UWC e toda a reclamação sobre o IB. 
A minha host family foi simpática demais! Fizemos piadas e demos risada. Aproveitei demais a comida caseira e também ter um quarto só pra mim, um banheiro limpo, um pouco de privacidade... Nem deu pra curtir muito essa parte, porque a casa de Brina era fora de Maribor e só iamos para lá à noite, quando já estávamos capotadas de cansaço no carro. Mas a casa era fofíssima, com aquela tradição que minha mãe adora de tirar os sapatos e andar de pantufas pela casa! Havia uma igreja romano-católica do lado da casa de Brina, cujos sinos me incomodavam muito. Achei engraçado, porque estou tão acostumada com o chamado do Almuadem que vem das mesquitas do lado bosniak de Mostar que não me incomoda... Mas os sinos eram tão barulhentos e irritantes e tocavam na hora que eu ia dormir.
No segundo dia, de manhã, tivemos um tour por Maribor (when we first met the Germans...). À tarde, os workshops começavam. Havia 9 workshops. Eu e Mateo escolhemos Creative Thinking; Carme escolheu Dance; Amina, Drama; Suncica, Animated Film; Maxi, Contemporary Art. Os workshops em si não foram nada demais. Nenhum de nós ficou absurdamente entusiasmado com os workshops, mas foi interessante pra conhecer pessoas. No final da tarde, o grupo de teatro do colégio apresentou uma versão musical de Mogli absurdamente produzida! Fiquei impressionada com a infra do colégio, que é público e só tem gente rica...
No terceiro dia, os workshops continuaram e no final da tarde ocorreu as apresentações de cada workshop, que foram bem chatinhas... Era aniversário do Mateo e fomos almoçar no restaurante japonês (!!). Ele nunca tinha comido japonês, mas insisti que fossemos! O restaurante tinha aberto só algumas semanas atrás e, bom, não era muito bom e era bem caro, mas deu pra satisfazer tipo 5% da minha vontade e urgência de comer comida japonesa. Foi engraçadíssimo quando Suncica fez Mateo provar wassabi! À noite, fomos pra Pekarna, um lugar meio trash e doido de Maribor, onde acendemos um bolo pro Mateo, feito pela host dele.
No dia seguinte, fomos fazer um tour pela Eslovenia. É um país tão pequeno que dá pra ver todas as atrações turísticas em um dia! Passamos 90% do tempo dentro do ônibus, mas ok. Visitamos Bled, uma cidade meio mágica. Em Bled, há uma ilha no meio de um lago, onde tem uma igreja e só dá pra ir de barco. Visitamos o castelo no topo da montanha e fiquei um tanto quanto desapontada. Foi o primeiro castelo que visitei na vida e... não sei... Tudo renovado, até wi-fi tinha! Não tem nada que me faça lembrar da Idade Média, é tudo pra turista ver... Também descemos em Piran, uma cidade no litoral da Eslovenia (a Eslovenia só tem algo com 25 km de costa). Lindíssima! Foi como descer num conto de fadas! Além de parecer absurdamente com como eu imagino a Itália, descemos em Piran no meio do Festival de Salina, durante o qual a cidade está toda enfeitada, com feiras, pessoas vestidas com roupas tradicionais, música ao vivo, pinturas e desenhos espalhados pela cidade... A influência italiana é bem perceptível, especialmente porque a cidade tem duas línguas oficiais: esloveno e italiano. Todas as placas são nas duas línguas. Adorei colocar os pés no mar, mas senti falta de uma praia... Praias de areia são raras ou quase inexistentes nessas regiões...
No dia seguinte, fomos embora... Foi uma viagem curta. Mas acho que a highlight foi o fato de que nosso grupo se enturmou demais com os alemães: Andreas, Scout (na verdade, uma estudante de intercâmbio americana) e Michelle; enquanto Ljubica ficou super próxima da professora deles. O engraçado disso é que nosso colégio é "dominado" por alemães e a influência austríaca e alemã no colégio é imensa (tanto que os dois Student Representatives são alemães). Passávamos o tempo todo com eles e nos aproximamos muito. Andreas passou um ano morando em Córdoba, na Argentina, então senti mais próxima de um latino do que não havia sentido em meses. Ah, também Carme adorou passar grande parte da viagem fazendo piadas sobre como os espanhois e portugueses falharam em civilizar-nos (América Latina), que somos todos selvagens, precisando ser colonizados outra vez. Ela não conseguiu me irritar (tanto), mas me pergunta o quanto disso é o que ela realmente pensa. A visão dos europeus sobre a colonização não é a mesma que a nossa e vejo isso na aula de História (até já tinha tido uma conversa com Pauline sobre isso).
Uma das partes mais divertidas da viagem foi quando chegamos em Mostar, em plena segunda feira, às 6h e em vez de irmos pra nossas camas, decidimos entrar na escola e esperar o início da Assembly para fazer a nossa apresentação sobre a viagem (senão teríamos que apresentar numa Assembly do semestre que vem!). As piadas e as fotos ainda estavam tão frescas que demos muita risada. O gráfico abaixo foi apresentado pra simbolizar a nossa viagem.



Outra highlight: o momento em que entrei na fila do caixa express do supermercado na Eslovenia. Quando cheguei no começo da fila, me dei conta de que não havia um caixa com uma pessoa, mas uma máquina, em que o próprio cliente passa os produtos no leitor de código de barra e paga pra máquina! Passei o maior 'mico' tentando fazer aquilo! Europeu demais pra mim, te juro! Falhei pra passar os produtos no leitor e depois, por conta do nervosismo, ainda coloquei o cartão de crédito de ponta cabeça e uma funcionária do supermercado teve que vir me ajudar....
Em overall, a viagem foi espetacular. Me faz dar muito mais valor ao UWC Mostar, às pessoas que temos aqui (em contraste com as pessoas superficiais, vivendo na bolha de Maribor, que não vêem nada além daquela vidinha), às discussões, debates, experiência.... Contando todas as coisas pelas quais passamos (incluindo o recente Dia de Pranks, que resultou nos meus dreadlocks cheios de farinha), percebi o quanto amo isso daqui e o quanto aprendo a cada dia....


Trem em Zagreb (onde fizemos conexão)

Brina, minha host, e eu

'Bósnios' e alemães depois do nosso city tour por Maribor

Wi-Fi no castelo!

As ruas estreitas de Piran

Artistas de rua e meninas vestidas para o Festival da Salina

Pintura pendurada nas ruas de Piran

Mariscos sendo cozinhados na rua em Piran

Estação de trem em Maribor

Mateo

Carme

sábado, 27 de abril de 2013

sobre sonhos, tempo e outras mil coisas

I can't give it up
To someone else's touch
Because I care too much

Quando tive que me segurar pra não vomitar no rio... Eu sei, é uma imagem grotesca. Foi a imagem do meu eu correndo de volta pra casa, tentando não liberar no meio da ponte toda aquela coisa que crescia dentro de mim. Era como o anarquismo dentro de mim mesma... E a ideia de correr pra casa, sem saber exatamente pra onde eu queria ir... Por que ir pra casa se eu tinha te deixado ir pro outro lado? Mas eu não estava pensando em você naquele momento. Era só aquela agonia do meu corpo gritando pra mim. Gritando que as coisas acabam, que as coisas mudam. Cada dia eu percebo mais e mais o quão rápida a vida é. Que, apesar do tempo ter sido uma criação do homem pra medir dias, meses, anos, o tempo ainda é perigosamente verdadeiro.

Could you tell
I was left lost and lonely
Could you tell
Things ain't worked out my way

Quando você vai dormir com lágrimas nos olhos. Quando você se dá conta que talvez seu sonho fosse, durante todo esse tempo, uma utopia. Chegamos tão perto...! Quase agarramos aquilo e aqueles antes que fugissem do nosso alcance. Tinhamos tantas esperanças, tantas sensações boas. E eu me enganei sobre o julgamento dos outros. Achei que ia funcionar do jeito que nós duas queríamos... E você me lembrou de quanto eu duvidei, do quanto eu me perguntei em noites infindáveis sobre meus sonhos, o futuro, o tempo. Não sei o que são sonhos. Não sei se sonhos são aquilo que você pensa quando está dormindo ou se sonhos são aquelas coisas que você deseja. Por que a mesma palavra? Porque nenhum dos dois tipos de sonho é real...? Talvez.
Eu ainda corria, atravessando a ponte, com minha mão sobre minha boca, ignorando tantos chamados amigos. Corri pra alcançar, corri pra não perder tempo... As luzes acesas e ideias na minha cabeça. Por que eu mereci e você não? Não faz o menor sentido na minha mente.
Meu corpo gritando para que eu percebesse que estou cansada de muita coisa... Meu corpo me contou que estava na hora de passar um dia na cama. Mas eu continuo pensando em como fazer melhor pra você...

Wish the best for you
Wish the best for me
Wished for infinity
If that ain't me

quarta-feira, 24 de abril de 2013

how soon is now?

Acho que eu sempre tive um problema muito sério pra me concentrar quando se diz respeito a assuntos acadêmicos... A única vez, que eu me lembre, que eu consegui me focar e verdadeiramente me concentrar, foi quando eu tinha um objetivo muito claro: entrar no Santa Cruz. Mas eu sempre tive esse problema de não conseguir me focar até me dar conta de que o sol se foi há muito tempo e que eu já deveria ter ido dormir se quisesse ter uma vida saudável. Meus pais sabem que eu nunca fui muito opta a ter noites longas de sono, mesmo quando eu deitava na minha cama e devorava dois livros numa só noite (que saudade disso!).

Mas imagina eu, ser absurdamente social, rodeada de pessoas 24h por dia... Meu foco e concentração praticamente descem pelo ralo. Não só porque parece que sempre tem algum assunto pra ser discutido, algum sentimento pra ser compartilhado... Mas também porque (eu sei admitir que) sou uma das pessoas mais emocionamente fortes aqui entre meus co-anos e muitas pessoas precisam de ajuda e apoio pra encontrar um equilíbrio emocional entre todos os problemas e a escola e todo o resto. Mesmo que seja só sentar e reclamar, reclamar e reclamar sobre tudo que tem que fazer. Hoje mesmo, passei algumas horas tentando acalmar uma amiga... Uma amiga que está com sérios problemas por causa do estresse da escola. E tudo que eu queria poder falar pra ela é: it will be alright. Mas não sei se eu acredito nisso.

É claro que o meu equilíbrio entre estudar, socializar e dormir é completamente inexistente. E depois da semana incrível que eu passei em Maribor, de repente, tudo se acumulou de uma forma brutal. Eu não tenho energia, motivação, nem vontade pra estudar e me preparar o tanto que eu preciso. Fiz uma prova de espanhol hoje e foi catastrófica. E que vergonha! Espanhol devia ser ridículo para mim, mas o fato de eu não ter dormido nenhum minuto durante a noite inteira (me preparando pra uma apresentação de história que acabou sendo adiada para o dia seguinte) talvez tenha colaborado em me fazer esquecer como traduzir verbos do português pro espanhol.

Amanhã, tenho duas apresentações, uma de História e outra de Inglês, e uma prova de Peace&Conflicts. Prova de biologia na segunda, prova de matemática em algum momento dessa semana... Três Lab Reports - na verdade 4, considerando que eu tenho um experimento atrasado a fazer. Claro, preparar minha TOK Presentation.... E por aí se vai... Fora minha Historical Investigation, para a qual preciso começar a pesquisar (sem mencionar minha EE...) e também o Project G4 que vai tomar todo o meu final de semana... E agora eu começo a crescer e alimentar o ódio do IB dentro de mim. E eu nem acho que seria tão difícil pra mim se eu não fosse absurdamente dispersa. Se eu não fosse o ser social que eu sou. Se eu não tivesse sérios problemas para dormir e para acordar. Se eu não tivesse sérios problemas para seguir uma rotina disciplinada (sou muito mais da filosofia Carpe Diem). Se eu me desse conta da importância das minhas notas nos Trial Exams, que são usadas para minhas applications para universidade...

E cada dia mais eu sinto que minha crise escolar não está tão longe de ser parecida com a dos meus amigos no Brasil.... Infelizmente, os meus exames estão mais próximos que os deles (vestibular só no final do ano...) e eu terei mais tempo pra decidir o que eu quero estudar (será?). Infelizmente, eles não tem uma variedade tão imensa de universidades para prestar, considerando que a maioria dos meus amigos acaba estudando na USP, PUC, Insper... Mas eu tenho um mundo inteiro pra explorar....! E que lindo é isso, não?! Mas só de pensar que essa exploração depende do meu desempenho acadêmico, que depende da minha capacidade de me focar essa semana, e na próxima, e na seguinte... Como é que eu digo pra mim mesma que estudar é a prioridade se não é assim que eu me sinto? Se minhas emoções falam tão mais forte e me dizem que o presente é tão (ou mais) importante quanto o futuro...

E é absurdamente engraçado que eu tenha escrito esse post, porque ele demonstra uma coisa: que eu estou me tornando uma segundo ano. Não quero ser uma segundo ano reclamona e absurdamente estressada com a escola. Quero ser como Betka (Eslovaquia), que priorizou conhecer e amar os primeiros anos. E ela foi aceita em faculdades fantásticas, mesmo tendo começado a escrever a EE dela dois dias antes da official IB deadline. Vou tentar me disciplinar e fazer tudo over Summer... Tentar achar um equilíbrio entre rever meus amigos, viajar e passear por SP e estudar, priorizar o IB para poder ter mais tempo livre no meu terceiro term (que dizem ser o pior). Parece tão cedo pra pensar em ser uma segundo ano.... Parece tão cedo pra pensar que o ano está acabando, que os exames se aproximam, que logo o quarto #4 não vai mais ser meu cantinho para dormir.... Ando tão nostálgica...

terça-feira, 23 de abril de 2013

dizem que soy loco por eu ter um gosto assim

Sempre me impressiono com a continuidade.
Com a partida de notícias ruins e a chegada de boas notícias.
Com a perda de um hábito bom e o retorno de um hábito bom.
Com a mudança na suavidade de um abraço e lágrimas escorrendo num ônibus - adoro chorar quando estou viajando, quando me sento na poltrona do avião, do trem ou do ônibus, quando olho pela janela e sinto a passagem, a passagem de tantos lugares e a passagem de tantas emoções.
E quando choro sento e escrevo todas as palavras que escorrem de meus olhos, que me tocam quando as lembranças me invadem e quando a felicidade e a tristeza absorvem todos os meus pensamentos de tal forma que não posso descrever. A paz que vem depois e a sensação de cair no sono depois da gana, da fé, das emoções, do amor... De todo o medo de perder e a euforia de ganhar algo novo. Daquela emoção que se tornou tão rotineira e que rodeia meus tímpanos toda vez que me recosto para adormecer, sem a certeza de que serei capaz de dormir. Aquela sensação corriqueira de não saber se demorarei segundos, minutos ou horas pra ser absorvida para o mundo dos sonhos.
Mas apesar de amar as mudanças, de dar as boasvindas ao novo e não ter sérios problemas em me despedir do velho, eu não quero abrir mão de três cores que piscam do lado de fora da minha janela toda madrugada. Nem de devaneios na varanda, encarando uma cruz e um pico que um dia eu desafiei. Nem de pessoas tão amadas das quais nunca quero me desprender... E eu não sei se isso vai me trazer de volta do mundo dos sonhos e eu vou acordar com um carro passando debaixo da minha janela e com aquela luz no teto estrelado do meu quarto que eu e minha irmã costumávamos contar como se fosse ovelhas passando.
Foi um anos atrás quando uma pessoa muito sábia na minha vida me disse "vivemos num tempo de sonhos". Naquele tempo, parecia tudo tão maravilhoso, novo, sensacional. Passou um tempo e eu vi um pouco na pele, na crua crueldade. Vi que não era tudo tão bonito e maravilhoso, mas não deixei de estar apaixonada. Não sei se foi nessa hora que eu acordei...

quarta-feira, 17 de abril de 2013

ando tão à flor da pele...

Um café mediterrâneo/ibérico/latino foi a maneira que achamos de nos esquivar de baldes d'água (literais e não imagéticos) e coisas doidas aprontadas por segundos anos. Esse café e um chocolate caseiro comprado me levaram a ter uma onda gigantesca de emoções quando meu corpo e minha alma foram jogados contra a Literatura; contra e a favor de algo que algum dia eu tanto amei.
Um dia, eu esqueci. No dia seguinte, eu nem lembrava mais.
E uma hora sentada no laboratório de física ouvindo um sotaque catalão e um sotaque madrileno, desenhados em vermelho e preto numa lousa branca... E palavras mexicanas que de alguma forma se aprofundaram no meu coração e se somaram a todas as emoções que tinham flutuado pela minha pele na noite anterior, quando me apaixonei: me apaixonei por uma cultura nova, por um filme e por uma coisa maravilhosa chamada revolução. E não importava como os topos¹ eram educados... Era eu e uma língua que mergulhava numa parte muito interna de mim e parecia despertar tais emoções esquecidas... E enquanto isso, em palavras de outrem, eu virava refrescante e quente; sutil, pequena, constante e intensa, tudo de uma única vez. E, naquele momento, eu me senti assim: como se fosse estourar de tanta nostalgia e emoção no meu peito; no meu calado calabouço que meus lábios guardam sentados em frente à casa onde eu sempre morei, algo gritava e tocava uma canção de primavera, pedindo por liberdade cotidiana.


Educar a los topos

"El salón de clases se encontraba en el primer piso de un edificio de tres plantas diseñado en escuadra. Este edificio, pese a su importancia, ocupaba una sexta parte de las instalaciones. Al igual que la caseta de mando, los salones contaban con amplios ventanales a través de los cuales los oficiales vigilaban el comportamiento del alumnado. Sobra decir que la mirada acusadora de un alto mando sobre tu persona te obligaba a considerarte culpable de haber nacido. Los muros eran de tabique blanco y las lámparas de neón que iluminaban el interior se encendían desde la madrugada. Una vez instalados en nuestras bancas, entró un oficial para leernos la cartilla: un hombre sin gracia, serio como una planta de sombra, moreno; sus tres insignias en las hombreras anunciaban que estábamos frente a un ser superior a nosotros. Si un cadete se atrevía a salir del salón sin permiso o se le descubría violando el reglamento sería arrestado de inmediato. Y si el delito era más grave nos esperaba un calabozo, o una celda correctora como se le llamaba también de manera científica e hipócrita. Fue la primera vez que la palabra arresto cobró una importancia inusitada en mi vida. A mis once años podía ser arrestado si violaba los reglamentos o asomaba las narices fuera del salón de clases. Arrestado como un adulto o un criminal que roba o asesina: desde ese momento tendría que andarme con cuidado porque cualquier estúpido con una insignia en los brazos o en los hombros podía arrestarme, golpearme, encarcelarme, y hacer que recogiera con la lengua mi propio vómito. Luego de amenazarnos con la reclusión en el calabozo, los ejercicios a pleno sol – sentadillas, lagartijas, abdominales - o la limpieza de los excusados, el oficial nos comunicó que a partir de ese momento nuestro jefe de grupo sería el cadete Garcini. Gozaríamos de un descanso de nueve treinta a diez de la mañana, comeríamos a las dos para volver a clases a las cuatro de la tarde y, a excepción de los internos, podríamos regresar a nuestras casas después de las seis.
– Pueden largarse a las seis, pero después de unos días no van a querer volver a sus casas– dijo el oficial, ahogado en su propia risa socarrona.
Qué largos serían los días por aquel entonces. Cada hora invocaba una vida que se marchaba para siempre; sobre todo las tardes que antes se me hacían nada pateando una pelota en el callejón o en el parque de la calle Centenario. El tiempo parecía un borracho que no distingue el reloj y da mil excusas para permanecer sentado en una mesa, un borracho que no sabe que el día y la noche deben acabar. La ansiedad por volver a casa, el deseo de caminar a la tienda o al depósito de leche y comprar los litros necesarios para el desayuno y la cena, de dormir en mi cama sedado por el murmullo del televisor, hacían que las tardes se extendieran como un desierto sin cactus ni dunas, ni datileras: un desierto de cemento caliente, imperturbable cuando las pisadas de miles de hormigas uniformadas lo recorrían de oriente a poniente. Salir marchando a paso redoblado; atravesar el mercado Cartagena aspirando su olor a ciruela avejentada, a sangre mezclada con agua, para enseguida sumergirme en la estación del metro Tacubaya; soportar las miradas a las que se hace acreedor cualquier uniformado; reconocer la silueta de mi casa flotando en la balbuceante oscuridad del atardecer: cada una de estas impresiones constituía el paisaje de

mi liberación cotidiana."

Guillermo Fadanelli, Educar a los topos (2006)

¹ No México, "topo" é uma forma de se referir aos policiais, mas também uma forma de se referir à elite, claro.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

a arte das recordações e do registro de tudo que é belo

Introdução

Minha câmera encontra-se, no momento, com mais de 300 fotos e vídeos que eu não tive tempo de colocar no meu computador... Mas analisando brevemente o que foi tirado nas últimas semanas, criei uma seleção para encher esse blog de fotos (coisa que não tem acontecido nos últimos posts) pra deixar marcado o começo da primavera. E tais fotos virão com narrações e explicações breves sobre tais.

Mi Sueño de Primavera

Nesse ínicio de primavera, sempre pedimos pros professores para termos aula no parque, que fica a 10 m de distância do nosso prédio laranja. Alguns nos acompanham e temos aula sentados numa roda e aproveitando o sol; enquanto outros nos dão exercícios e nos deixam livremente ir para o parque desacompanhados. A foto abaixo foi tirada num D Block, em que deveríamos ir para o parque fazer exercícios de biologia. A turma de Physics HL dos segundos anos juntou-se à nós e pessoas com D Block livre também.

Si-Jull & Elissavet

Pasha

Campo Vazio

Todo domingo, há o CAS de Rugby num campo de futebol, que fica do lado do Climbing Hall. Duas semanas atrás, acompanhei meus amigos para tirar fotos e trabalhar no meu mais novo projeto midiático. 



Politizados e famintos

Na sexta-feira, depois de termos uma discussão interessantíssima sobre a legalização de drogas e a questão da prioprização das mudanças climáticas e aquecimento global, os membros de Political Visions and Global Trends foram para o parque, esperar o começo da ceia da semana cultural da Europa Oriental e Central.

Maud

 Yuval

Evidências

Num dia desses, à caminho de Abrasevic, me deparei com a prova do começo da primavera. E também o sinal do final do inverno, com o derretimento da neve nas motanhas ao fundo.



Chave de Ouro

A semana cultural da Europa Oriental e Central não foi tão incrível porque creio que o cansaço da maioria de nós nos impediu de comparecer à grande maioria dos eventos, o que foi um tanto quanto triste. Mas acho que grande parte da escola foi na fogueira, na quinta-feira, na beira do rio, debaixo das estrelas e com direito à música de violão. Mas a semana acabou com uma ceia maravilhosa em Old Man's que nos deixou extremamente felizes! Finalmente o jardim, a parte externa de Old Man's, reabriu após esse inverno louco.


Jasmine e Chloe, queridas co-anos inglesas


Valerya, co-ano bielorussa com vestes tradicionais

Markus, Gwenno e Yuval

Saffron e Rhea, provas da amizade entre segundos e primeiros anos

Professoras mais queridas: Clara e Pauline

Valerya e Elena tirando sarro de Angela Merkel

Memórias

A primavera nos traz de volta à Induction Week, quando nos sentávamos nas escadas em frente a Musala para comer nossas refeições. As fotos abaixo foram tirada num almoço, em que aproveitávamos o clima bom do lado de fora da residência.

Kim e Liza

Bo e Anna

quarta-feira, 10 de abril de 2013

o mundo é pequeno pra caramba, o mundo é uma esfiha de carne

Chuva vem me dizer que o dia começou. Quando bate na minha janela e eu acordo pensando num olhar que um dia pregou-se aos meus olhos. Algo havia chamado tanto a minha atenção. Talvez fosse a curiosidade que transbordava daqueles olhos escuros ou a suavidade dos traços faciais claramente marcados por uma história de vida... Talvez fosse a atenção e aquela luz que parecia emanar por todo o pátio. Eu estava atrasada, cansada de baldeações de metrô e de tanta pressa pra ver tudo e todos. Estava tão nervosa, acho que eu tremia um pouco e não conseguia saber se ficava quieta ou me desembestava a falar. Aquele momento foi só uma previsão de um futuro que não estava tão distante. Mas eu nunca poderia ter previsto a intensidade emocional que viria ao meu encontro, como se eu tivesse encontrado uma peça pra um quebra-cabeça que finalmente encaixava nesse mundo meu, nesse mundo que eu criei pra mim mesma e pra todo mundo que quisesse fazer parte dele. Eu nunca poderia ter previsto lágrimas numa madrugada e uma abertura emocional que eu havia prometido a mim mesma que não aconteceria. Eu também não poderia ter previsto uma pá que pareceu se enterrar em algum lugar e trazer pra superfície coisas esquecidas de momentos passados, de sonhos e desejos tão profundos. Eu poderia, no entanto, ter previsto o apego, a identificação e o carinho... Poderia ter previsto as horas sem dormir e também o macarrão cru na madrugada - nada muito diferente da minha infância. Mas agora eu fico nos preenchendo de previsões; de um futuro que, na minha opinião, já foi decidido e já foi traçado. Sei que talvez eu não ajude, que eu só prejudique e acho que devia ficar quieta, que devia encher só eu mesma destas previsões e abrir meu livro de matemática.



"- Eu entendo porque você não quer se abrir e admitir o que você sente. Eu acho que você só tem que abrir um espaço dentro de você mesma para se permitir. Não precisa definir nem nada disso, mas nao se priva disso só porque os outros dizem que não."

"- Cara, eu acho que eu nunca desejei tanto que você estivesse comigo agora, So... Eu não sei como uma pessoa tão pequena pode fazer uma falta tao grande. Tô sentindo incrivelmente falta da sua companhia, da sua presenca aqui.. Te amo, So."

segunda-feira, 8 de abril de 2013

pensamentos de uma madrugada eterna

Eu quis te convencer, mas chega de insistir
Caberá ao nosso amor o que há de vir
Pode ser a eternidade má
Caminho em frente pra sentir saudade

When my room is a mess and the crack of floor next to my bed is full of washed and dirty clothes, of notebooks and papers and my feelings exposed on the floor, I feel the mess and the “Floor State" of my mind. When I go for long walks, I hear the melodies of artists that I dream to know, artists that I dream to learn from, artists that you used to criticize with a smile on your face and poking me. I often think of you, because the lyrics sound like your words when you whispered next to me, when we sat by the tennis court – at least that’s how I remember that place – and talked about fireflies.

Paper clips and crayons in my bed
Everybody thinks that I am sad
I'll take a ride in melodies and bees and birds
Will hear my words
Will be both us and you and them together

domingo, 7 de abril de 2013

somos jovenes y sabemos que jamás seremos vencidos

São 4h37 da manhã e eu provavelmente sou a única alma nessa residência que não está com a respiração constante embalada num sonho. Talvez porque a diferença de fuso horário tenha me mantido acordada até absurdamente tarde nessa semana ou talvez por conta da euforia que percorre minhas veias nesse momento, da alegria de estar aqui, daquele reconhecimento tão benvindo de amar esse lugar, de amar as pessoas e essa vida, da sorte de poder estar aqui. Um vídeo chegou a mim de alguém talentoso e batalhador que sonha algo que eu tenho, que eu conquistei e que respiro a cada minuto.

Amanheci com meu despertador reclamando que o sol já havia nascido. Faz dois dias que meu despertador e o de Aisa estão sincronizados, tocando exatamente no mesmo milésimo de segundo e isso tem nos feito despertar sorrindo uma pra outra, dando risada. Fui buscar o café da manhã na cozinha e enquanto esperava meu sanduíche tostar no grill, Bo entrou pela porta e decidimos sentar do lado de fora da residência, nas escadas, como fazíamos durante o verão. A luz do sol nos sobrevoava, como que nos consolando e dizendo "já passou a chuva. vai ficar tudo bem" e o céu azul mudou nossos humores de uma forma extraordinária. Por um ato expontâneo, pegamos nossos livros e fomos deitar no parque do lado da escola, na grama, debaixo do sol, lendo e conversando, como se fosse verão. Foi uma paz que me inundou naquela manhã. Foram aqueles raios que perceveraram na minha pele, que não foram o bastante pra me proteger de ser ventosa, mas que escaldaram uma parte em mim que há muito não via.

Minha decisão de passar a tarde em Susac me levou a passear por corredores entupidos por varais e por novos moveis que estão sendo colocados na residência. Também me levou a duas horas no skype com minha família, sentado no chão do quarto de uma querida Norueguesa que me contou com um sotaque engraçado que a coisa que eu mais falei durante as duas horas foi "tá bom'. E talvez meus planos para as férias estejam se tornando mais claras do que gemas. Um grande amigo ganhou um quarto novo só pra ele e agora Jochem vai ter uma festa 24h por dia, por conta de todos os seus visitantes.

Subi para o sotão para hablar español com minha querida catalã e levamos quase duas horas pra fazer o que tanto queríamos: escrevemos emails para todos os comitês nacionais latinoamericanos (de países que não precisam de visto para permanecer 90 dias na BiH) pedindo que nos enviem primeiros anos. Não só me diverti absurdos com Carme ao nos esforçarmos tanto para escrever o email, como criei esperanças para uma comunidade latina em Mostar. Carme e Mario sempre falam sobre o quanto gostariam de ter latinos, mas nunca tomaram nenhuma providência e eu empurrei nossos traseiros pra fazer isso e não podia estar mais contente. É claro que tenemos que lutar se queremos algo, já que não é minha diretora que vai tomar a iniciativa de mandar tais emails. Recebemos duas respostas já: de Nicaragua e de El Salvador. Foram respostas absurdamente positivas e nada surpreendentes: ambos comitês não têm condições financeiras de bancar as bolsas de tais alunos, então a escola teria que tomar providência. Aparentemente teremos que lutar um pouco, pero creeo que podemos hacerlo. Sueños.

Terminei um dia com um jantar em Del Rio com quase as mesmas pessoas com quem fui jantar lá na quinta-feira. Os pais de Mario nos convidaram pra jantar e fomos eu, Carme, Tamar, Jochem e Ogi. Pessoas queridas. Talvez os pais de Mario tenham ficado um pouco perdidos por não falarem inglês, mas eu e Carme tentamos puxar assuntos e fiquei encantada com a simpatia do casal de Extremadura. Mario e seus pais nos deixaram em Del Rio e ficamos para tomar um café e continuar nossa discussão sobre cavalheirismo, machismo e sexismo. Andamos até Old Man's e acabamos sentados no playground do parque dando tanta risada que atraímos o segurança do parque.

Deixei meus amigos caminharem para Susac vinte minutos antes do check-in e caminhei sozinha para Musala, ao som de Seu Jorge. Adormeci na cama de Bengisu e só fui acordar quando ela resolveu dormir às 3h. Desde então, estou acordada com a euforia no meu sangue e o amor latino e uma perspectiva de dias novos e ainda melhores do que todos que já tive aqui. Parece irreal.

Somos tão jovens y no sabemos lo que queremos. Pero sabemos que unidos jamás seremos vencidos. "Si luchamos podemos perder, si no lo hacemos estamos perdidos"  

terça-feira, 2 de abril de 2013

calafrio (no) pacífico

Vamos só relembrar que Napoleão começou as Guerras Napoleônicas na Europa e Hitler foi um dos motivos (se não o principal) para o começo da Segunda Guerra Mundial. Kim Jong-Un está sendo comparado a Napoleão e Hitler... Os dois tentaram intervir no equilíbrio natural do poder e falharam bem feio, com o efeito colateral de milhares de mortes. Mas os níveis das guerras mencionadas eram muito mais baixos... Mesmo na Segunda Guerra Mundial; o perigo era o ar, os aviões e as bombas jogadas do céu pra matar cidadãos inocentes. Mas qual seria o efeito colateral de uma guerra nuclear entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos? Bilhões de vidas? Talvez os únicos sobreviventes seriam os africanos, não? Porque eu não vejo como as Américas, a Europa ou a Ásia possam sair vivas de uma guerra assim. Nem mesmo a Oceania, por conta da proximidade. A cada matéria que eu leio, a cada análise e perspectiva do futuro a qual eu tenho acesso, minha ansia de vômito cresce.
A Coreia do Norte recentemente ameaçou os Estados Unidos e agora declarou que os misseis estão apontados para o maior poder econômico, cultural e político do mundo, para um ataque a qualquer hora. Talvez daqui a 2 minutos eu abra a página de notícias e veja que essa "hora" chegou. Não, na verdade não acredito que seja uma coisa tão imediata assim.
Comecei a ter uma discussão sobre toda a situação com uns amigos no Brasil através do Facebook... Como saber se a Coreia do Norte não está blefando? Mas por que diabos Kim Jong-Un seria tão estúpido em ameaçar os Estados Unidos se ele realmente não tivesse armas nucleares suficientes pra causar certo dano? Ando lendo várias matérias e algumas dizem que a melhor chance da Coreia do Norte é atacar (e destruir, sejamos francos) Tokyo e Seoul, o que mobilizaria todo o mercado internacional, considerando que a Coreia do Sul e o Japão possuem bases de muita empresas tecnológicas, voltadas à producão de automóveis e de eletrônicos. Isso faria com que milhões de pessoas perdessem seus empregos e colocaria o mundo num estado próximo ao pré Segunda Guerra Mundial.
Na minha opinião, é uma questão de tempo até que algo exploda. Não consigo ver como essa tensão entre os EUA e a Coreia do Norte possa ser apaziguada de forma alguma. As sanções impostas sobre a Coreia do Norte despertaram profundo ódio e necessidade de mostrar o poder e a voz do país. Por isso eu vejo as sanções como uma provocação que foi muito a fundo. Eu entendo a necessidade dos EUA de imporem sanções para impedir que uma potência nuclear cresça e se iguale a eles, mas também entendo o quão longe eles foram ao incessantemente insistir nas sanções, enquanto a Coreia do Norte não tomou nenhuma providência para parar seu arsenal de armas nuclear de crescer. Meu amigo no Brasil falou que é óbvio que não dá pra continuar "amiga" de uma nação que tem potencial a ser seu inimigo mas, os EUA, em vez de tentar algo mais diplomatico, acordos ou tratados, voltou até mesmo os aliados da Coreia do Norte (China, por exemplo) contra o país na última resolução do Security Council. Tudo bem, os Estados Unidos não estão sozinhos na UN contra a Republíca Democrática Popular da Coreia, mas são claramente o maior defensor dos planos de ações pra parar o país comunista. Desde 2011, os Estados Unidos tem em sua agenda mudar o regime desse pequeno país no Pacífico.
E não é engraçado que o Irã tenha sido o foco por tantos anos e toda a história da Coreia do Norte tenha sido tão ignorada e apagada nas notícias? O tópico principal de discussões diplomáticas foi, por anos, o início do desenvolvimento de armas nucleares no Irã, o início do desenvolvimento de tal tecnologia e nunca o fato da Coreia do Norte já possuir tais armas. Por que os EUA demoraram tanto tempo pra se dar conta de que o inimigo mais óbvio e mais poderoso no momento era Kim Jong-Un? Talvez pelo fato de que os EUA tenha tanto medo do Islã e dos países árabes, enquanto a maioria deles não está em posição, no momento, para se preocupar com problemas externos. Enquanto a Coreia do Norte, um país que manipula o conhecimento e a informação que chega na população, que impede seu habitantes de saírem do país (fora o meu amigo que mora dois andares abaixo... e essa garota), aparentemente cresceu até um ponto que eles podem ameaçar os EUA. Será que Kim Jon-Un é demente como estão falando; não tem noção do que está fazendo? Será que ele só quer chamar atenção pra ele mesmo e logo logo vai simplesmente desarmar e assinar um tratado de paz com a Coreia do Sul e os Estados Unidos da América?
Nisso tudo eu me pergunto o que aconteceria com o Brasil. Não duvido que o Brasil se uniria aos Estados Unidos, mas me pergunto o que Dilma faria, o que nossos diplomatas fariam... Será que o Brasil ficaria neutro ou faria juz ao seu crescente poder econômico buscando apoiar o atual poder mundial, ou apoiar o futuro poder mundial (China?).
Algo grande vai começar. Não sei o que vai ser, mas algo me diz que tem algo a ver com mortes e guerra... Ou talvez seja uma visão muito precipita e pessimista da minha parte... Veremos.


Alguns links sobre o assunto (em português):
Carta Capital: Coreia do Norte Prepara Mísseis para Eventual Ataque aos EUA
Carta Capital: Coreia do Norte anuncia estado de guerra com Seul
Carta Capital: Política dos EUA também provoca retórica bélica norte-coreana, diz analista


Em inglês e espanhol, solamente:
The National Interest: Who Says North Korea Is Bluffing?
Washington Post: Is North Korea Being More Restrained than We Think?

Haaretz: North Korea to restart nuclear reactor in weapons bid
Yonhap: Park calls for strong deterrence against N. Korea
El Pais: "Nosotros tenemos amigos, pero los norcoreanos están solos"
Shenandoah: If North Korea Starts a War, the United States Will Lose