segunda-feira, 28 de outubro de 2013

desencantar e ser tema de livro

Marta me surpreendeu entrando no quarto com cabelos curtos. Levei um susto e pulei pra abraçá-la, alegre em vê-la, alegre em vê-la de cabelos curtos. Acho que já virou um pouco tradição esse momento de visita no meu quarto pós check-in, quando ela se senta no outro extremo da cama, com a almofada branca e preta nas costas. Fiquei dando risada enquanto ela sussurrava todas as histórias de seu PW em Kosovo e depois sorria enquanto ela me revelava a história por trás dos cabelos. Um café, livros, escritos... Tão ela. E a falta do cabelo também.
Assim que ela deixou meu quarto, voltei a ler sobre o Iêmen, na esperança que a internet voltasse a funcionar. Pensei na minha PW do ano passado e no quanto tudo mudou depois daquela semana em Sarajevo. Outubro é o mês mais intenso do primeiro ano no UWC. O Bajram (feriado muçulmano) e a Project Week são momentos muito importantes pra sair de Mostar, pra sentir falta de Mostar e das pessoas que você associa àquele lugar, pra perceber que a melhor forma de se adaptar é sentir saudade. Lembro de ter essa sensação ano passado: depois que Outubro passou, Mostar era oficialmente meu lugar e aquelas pessoas eram oficialmente minha família. O momento perfeito de settling down. Então é isso... Se apaixona por Mostar aquele que se permite deixá-la e extraña-la. Mas já sinto certa falta do mar, das aventuras de hostels sem toalha, de deitar debaixo do sol nas horríveis praias de Split... Solamente... viajar.


"Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são. A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos.
Fernando Pessoa

"Eu percebi que todas as pessoas importantes na minha vida foram escritores... não cientistas!"
Marta Santiváñez

sábado, 26 de outubro de 2013

na beira do açude

Fomos pra baixo e pra cima: Sarajevo é muito maior do que pensávamos. Fomos parar em lugares misteriosos e lugares muito conhecidos pelos locais. Nos encontramos com Pauline - o que nos deixou muito felizes - e com diversos artistas e pessoas envolvidas no ramo. Foi incrível. Não podia ter estado num Project Week melhor, ter conhecido tanta gente, ter filmado, ter sido tão inspired por tudo aquilo ao meu redor. Meio ridículo... Mas adoro pensar que é meu primeiro documentário e me anima - e ao mesmo tempo me assusta - ter que redigir e editar todas as entrevistas, as dezenas de minutos gravados da face de cada pessoa..
Quanto à inspiração, Maud e eu criamos um plano pra um curta. Andávamos de volta para o apartamento, ao lado do rio, e dávamos risada de espíritos, de Susan Sontag. Ela fez um comentário sábio, sobre como era isso que ela procurava numa universidade: pessoas dispostas a colocar em prática a mais estúpida das ideias.
Quanto ao grupo, claro que acabamos um pouco cansados um dos outros. Estar num grupo de oito, andando de um lado pro outro, tentando planejar entrevistas de última hora e cozinhas refeições não é nada fácil. Talvez Maud e eu tenhamos sido mais mandonas do que o normal e estávamos bem conscientes disso enquanto tentávamos colocar o grupo back in track. Mas agora só trago lembranças positivas de estarmos diante da belíssima vista do jardim, comendo uvas e preparando enterros de caixas de cigarro achadas na areia. Quando voltávamos pra casa, depois de uma noite muito engraçada, segurando as mãos uns dos outros, cantando na rua, às margens do rio e dançando o vento.
Agora, Cróacia. Sinto como se Tamar e eu estivéssemos viajando por semanas, porque de Kotor praticamente fomos direto a Sarajevo e de Sarajevo pra Split. Sim, foi assim - sem mais nem menos - que eu decidi que tinha que conhecer a Cróacia - já que só conheço Dubrovnik e o parque principal de Zagreb - e me toquei que não tinha momento melhor que esse. Sexta-feira saímos de Sarajevo com o sol ardente e acabamos na Croácia no final do dia, encontrando Lucas e Chiara no nosso hostel (Booze&Snooze). Foi muito bom revê-los. Os dois estavam aqui para o Project Week e resolveram passar mais um dia do planejado pra ficar conosco. Fazia duas semanas que eu não via Chiara e ela me recebeu com um abraço caloroso que provavelmente foi resultado de uma carta de duas páginas. Saímos pra comer e pra beber cerveja. Eu queria ver, ouvir e tocar o mar e, por isso, acabamos numa praia, sentados nas pedras. Deitei numa superfície relativamente lisa e ouvi o som do mar, misturado à horrível música que vinha de um bar do outro lado da baía. Respirei o sal do mar e ouvi as mini ondas batendo contra as pedras. Me senti tão bem, tão em casa, tão sozinha e tão bem acompanhada.
O céu estava nublado e eu mantive meu olhar numa específica estrela - a única que se podia ver - e, quando me dei conta, o céu estava limpo e cheio de estrelas. Estrelas que desconheço. Continuo procurando o cruzeiro do sul, mesmo sabendo que não o encontrarei... E sei que em algum lugar ali está o centro do mundo e todas aquelas lembranças de um lugar tão parecido com aquele em que eu estava. Adormeci ao lado de Chiara e fomos acordada horas depois por uma brisa congelante.
Essa manhã, Chiara e Lucas foram embora. Tamar e eu fomos de volta pra praia onde havíamos estado e deitamos por um longo tempo, aproveitando o sol e o calor - um milagre de final de outubro. Entramos no mar e nos deliciamos com o gosto de sal em nossas bocas: ela pensando em Tel-Aviv; eu, em Ubatuba.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Sarajevo: amarelo e vermelho

There is no other place in the world I'd like to be right now, é o que sigo pensando. Sem parar. Num estado de euforia em que meus dedos congelam e minhas unhas se tornam roxas. Endi e eu viemos pra Sarajevo juntas e nos deparamos na pigeon square esperando os outros cinco. Sentamos num café com Vesna (minha professora de inglês, que é de Mostar, mas morou a maior parte da vida em Londres) para fazer um breve resumo dos nossos planos e dos nossos contatos. Comemos pizza e nos dirigimos para o apartamento, próximo ao centro de Sarajevo, mas subindo a montanha.
Deparei-me com uma porteira muito adorável e eu tinha uma vaga ideia de que o lugar que estaria atrás dela seria encantador. Uma árvore na minha frente me oferece uvas, que caem no chão vermelho e amarelo do outono. A vista de Sarajevo é especialmente bonita, com o sol quase se pondo e o rio passando logo embaixo. Encontrei uma rede no amontoado de folhas, entre as árvores e a pendurei, onde agora me deito, tentando ler mais sobre o Iêmen - e quanto mais eu leio, mas confusa eu fico. Enquanto isso, Tamar se ocupa em ter um surto por ter recebido um email de Bela Tarr - sim, ele mesmo - e pela possibilidade de conhecê-lo e entrevistá-lo. Me delicio com a brisa passando ao lado da rede, da churrasqueira, do tapete de folhos debaixo de mim e uma francesa/italiana estudando alemão a alguns metros de distância. Logo postaremos, no blog oficial do nosso projeto, fotos do nosso primeiro dia em Sarajevo. Sarajevo: a cidade da arte ignorada.

" - E o que vocês vão fazer em Sarajevo?
- Vamos fazer um projeto com arte. Entrevistar artistas e pessoas envolvidas no cenário artístico...
Ele riu.
- Que foi?
- Prefiro não dizer nada. Não quero arruinar suas expectativas e ilusões. Mas boa sorte: você vai precisar"

domingo, 20 de outubro de 2013

o que Kusturica quis dizer com "Underground"?

Ano passado, sentávamos todas no chão do meu quarto quando o projeto Document Sarajevo nasceu. Éramos várias primeiros anos e a minha querida colega de quarto, Veronika (República Tcheca, era a única segundo ano. O projeto nasceu da nossa curiosidade sobre a arte nos Bálcãs, sobre a necessidade de ela existir e sobre a presença dela. Ouvíamos frases como "os Bálcãs tem problemas muito mais importantes pra se preocupar com arte" e aquilo só nos incentivava mais a fazer aquela ideia crescer e se tornar realidade. Eu pulei fora quando a ideia virou um documentário: eu tinha uma trauma de documentários, de vídeos, e não queria me estressar com aquilo. Pulei fora e depois invejei minhas amigas voltando daquela semana do Project Week com uma visão mágica de Sarajevo e diversos materiais em vídeo de entrevistas com pessoas envolvidas no cenário artístico de Sarajevo. Provavelmente foi essa sensação que eu guardei do ano passado que me incentivou a me envolver na continuação do projeto esse ano.
Amanhã, partimos pra Sarajevo. Entramos em contato com diversos artistas e organizações e amanhã começamos nossa maratona de entrevistas, de interrupções nas ruas de Sarajevo. Tenho a sensação de que esse projeto vai me fazer crescer de uma forma impressionante. Não só do ponto de vista fotográfico e cinemático (já que eu e Tamar somos responsáveis pela filmagem e, mais tarde, pela edição), mas também do ponto de vista de conhecer o cenário artístico impressionantemente misterioso num país tão conflituoso como a BiH.
O nosso grupo é composto por alguns dos co-anos mais próximos e por primeiros anos muito especiais que eu tenho a honra de poder conhecer melhor nessa semana. Somos 8: Tamar (Israel/Georgia), Maud (França/Itália), Mario (Espanha), Carme (Espanha), Zaahid (Reino Unido/Bangladesh), Endi (Albânia) e Chloe (Reino Unido). Estamos numa ansiedade descomunal.
O blog do projeto está sendo continuando por nós e há informação sobre o projeto ano passado: Document Sarajevo?.

E enquanto isso, o Iêmen ainda me aguarda em quase vinte abas de informação sobre a rebelião no norte do país. E o prazo pra esse trabalho era ontem...

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

dois cafés que fumam nossa música

Nos enterramos no conforto do nosso apartamento no topo de uma montanha em plena Škaljari. De vez em quando, saímos para a varanda e admiramos a vista de Kotor (ou Cátaro, como descobri que se fala em português). Nos trancafiamos na nossa zona de conforto da melhor forma possível... Com café, biscoitos, muita música boa (Balkan Beat Box, Yemen Blues, Perota Chingo, Ronnie Wood, Seu Jorge, Riff Cohen, Tomer Yosef) e nossa própria comida (com exceção de quando optamos por comida chinesa ou peixe). Um pedaço de vida tão tranquilo, em que embora estejamos sentando e fazendo nosso school work, a realidade da escola e das aulas parece tão distante. E quando começamos a sonhar sobre nosso futuro nas faculdades e nos interrogar sobre o desejo de ambas de estudar Film, de trabalhar na área das artes, nos pegamos cheia de dúvidas conflituosas internas que se tornam externas e compartilhadas - embora tenhamos backgrounds tão diferentes em relação às artes e à educação. Nos sentamos em bares para conversar e damos risada quando o garçom tira sarro da nossa pronunciação do nome da cerveja local. Enfrentamos o nosso silêncio mútuo enquanto escalamos a montanha de volta pro apartamento e nos assustamos com pequenos ruídos na rua, de gatos e percevejos e dou risadas extremamente alta quando Tamar leva susto por coisas tão pequenas. Sentamos para olhar uma específica universidade e nos damos conta de que estamos aplicando para as mesmíssimas universidades, mas tememos o serviço militar de Tamar, do qual ela está tentando ser dispensada. Sorrimos: talvez daqui um, dois anos estejamos estudando juntas outra vez em algum lugar desse pequeno mundo que nada mais é do que um apartamento de paredes brancas perto do mar de Montenegro, na costa dos Bálcãs.

Bar Havana, no qual passamos algum tempo na última noite


Vista da nossa varanda para a baía de Kotor


“There is not love of life without despair about life.”
“I opened myself to the gentle indifference of the world.”
Albert Camus, The Stranger (livro no qual me baseio para escrever meu Written Assignment)

domingo, 13 de outubro de 2013

alma não tem cor

Só nós sabemos o quão difícil foi chegar a Kotor. Mas chegamos, finalmente. E estávamos tão cansadas... Mas também famintas. Deixamos que a caminhada até Old Town fosse coberta de silêncio; estávamos absurdamente felizes. E era a segunda vez em que eu me sentia feliz em algum momento daquela semana - a primeira havia sido enquanto corria debaixo da chuva com meus primeiros anos latinos. Sentamos num restaurante e nos deliciamos com uma lula à doré, o que me trouxe lembranças extremas da minha infância, e uma salada. Saiu um tanto quanto caro, mas nosso cansaço nos fez ignorar. Capotamos assim que adentramos o nosso pequeno e aconchegante apartamento que estamos alugando por cinco noites por um preço absurdamente barato. Só fui acordar no dia seguinte, ao meio dia. Nos forçamos a sair e enfrentar a descida do apartamento até a Old Town (enfrentar a descida, na verdade, era encarar que na volta teríamos que enfrentar a subida) e nos deliciamos caminhando sem rumo pelas ruas da Old Town de Kotor. Me causou um alivio engraçado e inesperado ver a bandeira de Montenegro e não uma das três, quatro ou cinco bandeiras da Bósnia&Herzegovina (Sérvia, Bósnia&Herzegovina, Croácia e etc). Alívio, nada melhor do que essa palavra pra descrever o que eu senti. E embora a Old Town seja extremamente parecida com a de Dubrovnik, gostei mais. Me parece muito mais autêntica, sem aquele pátio enorme de Dubrovnik (Placa?) e sem aquela imagem de shopping com cara de era medieval e feudo. Me deixou contente até que a chuva começou e tivemos que caminhar pra casa com nossas compras de feira e supermercado debaixo da chuva, naquela ladeira infernal. Acabei caindo no sono quando meu computador resolveu não funcionar, contradizendo meus planos de estudar. Só por volta das 20h é que cozinhamos nosso almoço: arroz com alho, cebola, brócolis, champignon, couve-flor... Delícia vegana que eu e Tamar sempre cozinhamos quando temos tempo e dinheiro. Mais tarde, fomos à Old Town e nos sentamos num bar com música acústica muito boa. Conversamos sobre nossas infâncias, sobre nossa situação econômica, sobre a dependência para com nossos pais... E acabamos mais uma vez exaustas no apartamento. Agora, Tamar dorme e eu reflito sobre o que fizemos nos últimos dois dias, com a mesma deliciosa música na cabeça... Ella es colorida, ella es multicolor.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

em outro carnaval, na terra das amoras

"Cada dia ainda é uma aventura", li no blog de uma primeiro ano; e sorri. Sinto o pesar de que muitos primeiros anos estão infelizes, com saudade enormes de casa, tendo dificuldade para fazer amigos. Tamar e eu ficamos muito tempo ontem discutindo isso, tentando entender os motivos, tentando entender porque não vimos isso na nossa geração nos nossos primeiros meses. Não dá pra comparar gerações e personalidades: somos todos tão diferentes de todas nossas formas doidas e indescritíveis.
O fato de esse lugar ser uma aventura diária muita vezes é esquecido. Quando entramos na rotina, quando começamos a ser passivos sobre esse lugar, a extraordinariedade desse lugar e dessa gente. Ontem, me dei conta de como estou sendo tão passiva a tudo e me causou tanto desgosto que não podia fazer nada além de me deitar na cama e dormir, ignorando o despertador. Fui salva por meu primeiro ano, que me trouxe de volta dos meus sonhos, enquanto eu me espreguiçava e tentava falar como se não tivesse acabado de acordar.
Meu dia provou-se mágico quando fui 'surpreendida' pela chegada daquela mulher de cabelos fogosos que havia nos deixado quase um ano atrás. Ela parecia tão perdida e confusa ao estar de volta a Mostar que não quis incomodá-la com minha euforia. Senti uma energia estranha dela; percebi que estava confusa não só pelos dois dias de viagem, mas por aqueles amigos que ela disse terem sido 'amigos imaginários' durante todo esse tempo que ela esteve longe de Mostar. Causou-me um júbilo quase que doloroso ver Uri tão feliz com a presença de Iida e me fez ver além do muro de pedra que ele é.
Depois de três semanas num estado meio doente, finalmente fui ao Climbing Hall, sair do chão que me puxa para baixo com a gravidade invencível do planeta Terra. "Sinto que é mais um esforço mental do que físico", Chiara me disse. Chiara é minha aprendiz; ela ficou vidrada quando descobriu que eu fazia telas - como disse - e me pediu na hora que eu a ensina-se o que sei; óbvio que concordei. E nessas últimas semanas, ela tem aprendido tão rapidamente e com tal facilidade que me deixa orgulhosa de uma forma engraçada. No final do nosso treino, Chiara me disse "me faz tão feliz..." e eu sorri com todos os meus dentes, concordando de todas as formas possíveis, reconhecendo outra vez o quanto o tecido me faz bem e quão importante é ter essa hora na minha semana em que, não importa o quão ocupada eu esteja, eu pararei pra me acalmar, pra deixar meus problemas todos no chão, debaixo dos meus pés e de todo meu leve corpo. Saí do Climbing Hall sozinha, assustada com a neblina e a umidade do ar, que me assustava a cada passo, com aquele silêncio, o frio e ainda aquele barulho do resto da água da chuva escorrendo das árvores e das ruínas. A escuridão me calava e me fazia implorar aos meus pés que se calassem também. Me sentia tão leve enquanto caminhava naquele lugar que gosto de chamar de caminho da roça ou caminho das amoras e me levei até Abrasevic, onde destruí toda minha felicidade com uma frustração imensa por conta de derivadas e limites, coisas que não pretendo usar na minha vida. Dor de cabeça. Corri pro quarto de Tamar pra um abraço e uma caminhada curta até a wall de Musala. Nos juntamos a um grupo de pessoas no quarto de Uri, num aconchego causado pela presença de Iida e foi quase como um flashback; um ano atrás.
Pego-me ansiosa para fugir do outono de Mostar, ir para Montenegro com Tamar e relaxar por alguns dias. Talvez seja mais fácil ver aventuras em coisas mais radicais. Precisamos de um mapa...

"Vejo os alunos andando por aí... Sempre reparo nos caminhares. Você anda de uma forma meio incerta, mas aí olho pro seu rosto e vejo uma expressão calma e serena que pode ser traduzida em... satisfação." Greg, prof de Psicologia, meu tutor.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

tempo morto de pasto

Foi no domingo, enquanto sentávamos em Abrasevic, quando começamos a nos sentir doente. No dia seguinte, Tamar e eu não fomos a escola. Entramos na nossa rotina da semana de acordar uma a outra, cozinhar nosso próprio almoço (arroz, macarrão ou cuscus), sentar no muro de Musala e andar o dia todo de pijama, sem fazer nada concreto, tossindo pela residência. Passei a semana recebendo visitas muito queridas, principalmente do meu primeiro anito e as tardes no meu quarto pareciam muito melhor o chocolate que ganhei. À noite, meu canto do quarto se lotava de visitas variadas. A semana foi ficando melhor. Na terça-feira, Tamar, Uri, Mario, Maud e eu gravamos o vídeo para o aniversário de Carme, "Shit Carme says (and does)". Nos divertimos muito como nosso brainstorming sobre as coisas engraçadas de Carme e nos divertimos ainda mais gravando as cenas. Na quarta-feira, tentei ir à escola em vão e voltei pra cama depois de uma hora de Biologia, embora tivéssemos eleições de Student Council e Student Representative e eu tivesse que dar um discurso pra minha candidatura. Fui eleita parte do Student Council. Somos sete esse ano: Maud, Chloe, Teo, eu (segundos anos) e Bono, Marta e Malak (primeiros anos). Engraçado, porque todas as pessoas nas quais eu votei foram eleitas. Espero que os nossos novos Representatives façam um trabalho tão bom quanto Lukas e Jacob fizeram ano passado.
Embora tenhamos passado a tarde toda na cama, Tamar e eu quebramos a regra de não sair de Musala quando estamos na sick-list... organizamos a celebração (surpresa) do aniversário de Carme, no Old Bank. Com direito à muito amor, cerveja, vinho e música de qualidade, sentamos no Secret Floor e demos muita risada com nossos discursos pra Carme e nos deliciamos com o bolo feito pelos little dutchies, Bono, Mandula e Ruby (os primeiros anos holandeses). Foi uma noite maravilhosa que trouxe uma felicidade tão grande, especialmente quando os primeiros anos que se juntaram à nós (Marta, Bono, Mandula e Ruby) me revelaram que esperam criar amizades tão fortes quanto aquelas que eles tinham visto naquela noite e naqueles discursos - declarações de amizade - que demos para Carme. Na quinta, tentei ir pra aula  Sexta-feira, foi um dia inútil de escola (College fair) que me levou à Old Town com um amigo desesperado. Uma semana quase que inútil, mas que me deixou mais relaxada, que me trouxe pra baixo e pra cima e que trouxe o friozinho pra Mostar, ameaçando o começo do inverno, e levando consigo a nossa praia na beira do rio.