terça-feira, 17 de dezembro de 2013

soa pretensioso, mas é verdade

Overwhelming. É o que respondo à constante pergunta "como é estar em casa?" ou "como é voltar?". Me falta a palavra em português e, por isso, às vezes mantenho a palavra em inglês por falta de vocabulário. Ontem, cheguei muito cedo no Aeroporto de Guarulhos e meu português parecia normal enquanto tentava ignorar a dor de cabeça e abracava meus pais e minha irmã. Algumas horas mais tarde, meus avós bateram na porta da minha casa - como a felicidade bate à porta - trazendo algo que sinto muita falta: temaki! E logo mais recebi a visita do meu irmão/vizinho/melhor amigo, que mal consegui falar nas outras vezes em que passei pelo Brasil, mas me parece que ainda estamos na mesma - amizades que não degradam. Talvez ele me preste uma visita pelas bandas balcânicas e nada me traria mais felicidade.
Saí para o aniversário de um pequeno grande amigo e deparei naquele grupo de cinco pessoas em que eu não me encontrava há muito tempo. Foi curto e meu cansaço me tornou um zumbi mudo, quase incapaz de sorrir, mas ainda estava feliz - embora a dor de cabeça.
Voltei pra casa e fui capturada por Mostar, por todos os problemas e responsabilidades que achei ter deixado pra trás. Engano meus. Sigam-me os fortes: há problemas muito fortes. Joguei palavras nesse maldito mundo virtual enquanto desejava poder estar gastando minha saliva e usando minhas cordas vocais. Detesto brigar. E a verdade é que eu nem sequer sei brigar. Mas é melhor eu aceitar, compreender que provavelmente esses dez dias não serão suficientes pra que eu retire minha mente e meus músculos daquela bolha do outro lado do Atlântico. Não me parece de todo ruim. Não se pode esquecer o que te perturba.
E como planejado, à noite estava na festa de formatura da minha série - do colégio em estudei até a 8ª série - encontrando uma multidão de gente. Não estou mais acostumada com isso. E embora tenha sido muito, muito bom encontrar certas pessoas, aquele ambiente me cansou. Nem conversar direito consegui e me doeu abraçar pessoas sabendo que não as abraçarei outra vez antes de Julho - ou mesmo depois - e nem terei a oportunidade de conversar com elas. E me parece difícil agora ver o que tenho em comum com elas. Meus amigos se formaram e agora seguem as vidas, fingindo crescer, mas empacados no mesmo lugar da sociedade, com os mesmos valores burgueses e as mesmas formas de olhas pras coisas ao seu redor - e não necessariamente me excluo completamente disso. A entrada na faculdade não é, de fato, um fator transformador. Pelo menos por ora.

Charlotte: I just don't know what I'm supposed to be.
Bob: You'll figure that out. The more you know who you are, and what you want, the less you let things upset you.
Lost in Translation

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