Limbo. Não me lembro de ter me sentido assim em outro momento da minha vida. Sempre tento me focar no presente, no agora e aqui. Mas agora me parece tão difícil, porque o agora não é só aqui. Acho que sou uma das únicas pessoas daqui - internacionais - que mantém um laço tão forte com a vida back home - não que aqui não seja home. E devo dizer que é uma das decisões mais sábias que eu faço quando estou cheia de trabalho da escola e ainda abro um tempinho na minha vida corrida pra ouvir uma reclamação, pra saber um pouco da vida das pessoas. E é difícil. Mas ao mesmo tempo, eu sei que eu mantenho essa minha base; que assim que eu pisar no Brasil, eu vou estar em casa, que meus amigos não vão se tornar estranhos enquanto eu não quiser que eles se tornem. Que essas carinhas no Skype e essas palavras no chat do Facebook e nos emails que recebo são muito importantes na minha vida - e que sou importante na vida delas também. Eu não sei viver aqui por completo. Não me é possível, porque as pessoas com quem eu passei a maior parte da minha vida não estão aqui. E mesmo que me fosse mais fácil seguir em frente, deixar pra trás, por que eu faria isso? Que tipo de irmã, filha, amiga, confidente seria eu? Meus amigos aqui se impressionam com a importância que eu dou pra meus amigos no Brasil (e também meus amigos do CISV pelo mundo) e eu sorrio, porque sei que eles lamentam a falta de amigos back home, porque eles não reservam um tempo na vida agitada pra preservar as amizades. Você não pode esperar que seus amigos não te esqueçam enquanto você parece ter os esquecido.
Mas esse limbo não é fácil. Há problemas aqui e problemas lá. E quando a vida aqui está muito boa e cheia de sorrisos e energia positiva, tenho a tendência a pensar na minha vida no Brasil como um universo paralelo. Mas quando as coisas de lá parecem muito boas ou muito ruins, eu tenho a tendência a me prender num limbo de tempo em espaço em que não sei onde estou. Não sei o que quero e não sei no que quero investir meu tempo. Só sei que quero abraçar as pessoas de lá e quero abraçar as pessoas daqui e poder sentar na mesa do refeitório. E me é muito estranho quando, nesse mesmo refeitório, as minhas 'vidas' se misturam numa figura que me foi muito importante em Mostar e que conversa comigo num português gringo e impressionantemente bom. Limbo.
Não podia estar mais agradecida ao meus pais por terem investido tanto dinheiro e por terem insistido tanto em me ver, em me trazer ao Brasil mesmo que por poucos dias. Não podia estar mais feliz em estar indo pra cidade em que nasci e cresci, em ver meus amigos e minha família. Só mais 8 dias. Sinto que toda vez que abraçar Pedro, Mário, Isa, Helo, Lucas e outros eu vou querer chorar. Porque a saudade nunca foi tão forte e eu nem sei porque. Talvez por causa desse terceiro semestre - que é supposed to be o mais difícil de todos.
Mas nesse exato momento, eu não sei. Porque por mais que eu queira ir pra casa, não quero pensar em ir embora de Mostar. Não consigo pensar em ficar um mês sem meus latinos queridos, sem as longas conversas depois do check-in, sem os conflitos no meu quarto e as caminhadas por Mostar. Limbo. E essa semana me parece um obstáculo gigantesco que só vai me levar mais e mais perto do outro continente e mais longe daqui. Estou cansada daqui, cansada desse período de vida em que se tem que pensar no próximo.
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