Tenho tendência a esquecer que eu não sou uma pessoa emotiva. Tenho tendência a odiar ser tão fria. Enquanto andava ontem a caminho da Praça do Por do Sol, ouvindo Caetano Veloso, lembrei que não sou dramática, que, na verdade, não sofro com essa coisa de adeus. Às vezes, me forço a sofrer por despedidas, por aqueles momentos que deveriam ser nostálgicos, que eu deveria guardar na minha lembrança e recordar quando o avião sobe ao céu. Mas não... Talvez, também não sofro porque sei que em um ano estarei de volta. E mais tarde, quando cheguei à Praça e sentei com um grupo de faces tão familiares - e uma que não via há muitos anos - e amadas, assistimos ao sol se por ali na nossa direita, discutindo se ele estava descendo pra direita ou pra esquerda. O ciclo continua quando a noite aparece lá em cima e logo vai surgindo no horizonte. Mas nostalgia? Não, acho que não. Não preciso sofrer, me torturar ou sentir como uma coisa negativa essas partidas, essas continuidades de ciclos. Sou vento, sou um mini mistério da cidade dos semáforos e das placas com a distância em km para o marco zero, sou nada.
Quis um dia pra mim mesma depois do meu intenso começo de semana: um dia pra dormir, estar comigo mesma, pensar sobre tudo. Não arrumo minha mala com antecedência porque não tenho problema em deixar coisas pra trás - tudo que é material é substituível. Amanhã, parto.
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