Quando a gente percebe que não tem casa... Ah, mas eu sempre soube que eu não tinha os pés no chão e que eu ia me achar em muitos lugares que fosse... Por isso penso na camaleoa... Mas talvez eu nunca esperasse que fosse mergulhar tão de cabeça num novo estilo de vida, num grupo completamente novo de pessoas, num lugar completamente diferente e longe de tudo aquilo que já tive. Mesmo que nada que eu já tive fosse realmente meu...
Mas eu nem sinto que eu fui. Já falei isso várias vezes pra mim mesma, pras pessoas e aqui no blog. Mas de verdade mesma, só senti isso hoje, quando vi um amigo vestindo uma camiseta tão familiar. De repente, tudo veio à minha cabeça e eu me dei conta de que eu tenho uma vida só. De que o tempo e o espaço não separam línguas, pessoas, personalidades... 'I'm just a tree, my roots are with her, but my leaves are with thee'.
E agora tudo de novo: despedidas repetidas que parecem se tornar mais fáceis, mas que me fazem sentir diferente... Me fazem sentir esse novo preenchimento de ser e estar que não posso nem traduzir em palavras, mas de saber que não estou partindo e que só estou pulando de canto em canto desse mundo, mas sempre retornando pra essa terra natal, pra esse sangue e amor latino, pra esse calor infernal que me obriga a ligar o ventilador do quarto, pra um bacalhau quente e delicioso na mesa da sala... One day baby, we'll be old and think of all the stories that we could have told.
Já nessa sexta-feira deixo São Paulo mais uma vez pra voltar pra um cantinho novo da minha vida, uma casa no final de uma rua, um prédio laranja gigantesco numa linha de frente, um parque verde, amarelo, vermelho, branco (dependendo da estação), uma cidade inteira a se explorar. Sei que vai ser um semestre tão novo e tão doido. Será um semestre de sentir muita falta de tudo isso que eu percebi amar e amar e amar aqui. Porque o primeiro semestre foi um mergulho tão profundo que só me dei conta de que já havia vivido tanto algumas poucas vezes. O segundo semestre será lindo lindo lindo, como diz minha segundo ano no UWCCR, Raísa; será repleto de amor, de pessoas que já sinto um carinho tão forte. Vai ser um semestre de muita correria, muito cansaço, muita diversão e muita paciência com o estresse dos segundos anos que moram em Musala. Um semestre de... ah! tanta coisa que fico tentando descrever e pra quê? Deixe que venha e que viva e que vire e desvire...! Sentir com todos os nervos do meu corpo, com todos meus desejos pelando, com toda a curiosidade que eu tenho de respirar e pular e dançar e cantar...!
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