Hoje foi um dia delicioso. E achei que seria um tanto quanto válido descrevê-lo aqui, dando uma noção do meu dia-a-dia (um pouco abalado pela semana de provas, mas ainda valendo).
Acordei cedinho, tomei um banho, voltei pra minha cama pra uma soneca de 20 minutos, acordei de novo e fui tomar café no refeitório que fica a aproximadamente 10 minutos de Musala. Sentei pra comer meu sanduíche, tirando sarro do fato de que todos nós estávamos prontos para "failing" a prova de matemática. Eu dava um boa dia e soltava algum comentário irônico/cínicio a cada pessoa que entrava no refeitório. Acho que, de alguma forma, dei um jeito de levantar o humor de várias pessoas com minhas brincadeiras e a minha certeza que não devíamos nos preocupar com matemática, já que todos nós iriamos tirar notas horríveis.
O corredor da escola estava amontoado de gente. Muito barulho e pessoas com livros nas mãos, revisando nos últimos minutos. Eu, pelo contrário, coloquei meus fones de ouvindo e deixei Lisztomania encher minha alma de felicidade e euforia. Entrei no Spanish Room assim que meu nome foi chamado: sentei-me na segunda fileira, na segunda carteira, logo atrás de Bengisu (o que me trouxe a alegria de poder olhar para seus cachos lindos durante minha prova). Fiz a prova em pouco mais de uma hora e caminhei de volta pra casa, sentindo-me tão mais calma. Cheguei no meu quarto e tive que ler uma dúzia de emails e caixas internas e depois resolvi dormir. Coloquei meu alarme para às 12h, mas obviamente resolvi dormir mais, afinal, minha prova era só às 14h. Despertei com Pavle entrando meu quarto e gritando que minha prova tinha começado três minutos atrás. Levantei num salto e corri pra escola. Entrei no Spanish Room praticamente suando e só fui me acalmar quando comecei a ler um texto em minha língua materna... E que diferença faz! As palavras soam tão naturais e as expressões tão.... parte de mim! É doida a identidade que uma língua trás. Acho que fiz uma prova horrível... Analisei um texto em somente 55 minutos e saí da sala seguida por Jochem. Sentamo-nos num dos bancos que ficam na frente do colégio e conversamos sobre o amor e coisas doidas, enquanto ele quase adormecia ao meu lado de tão cansado. Quando a prova acabou pra todo mundo, um amontoado de pessoas desceu as escadas e deu de encontro conosco. Corri pra Musala pra pegar algumas das minhas coisas e fui encontrar Amber tomando um sorvete com Bengisu e Markéta.
Eu e a Amber caminhamos pra Susac, enquanto ela me contava sobre alguns dramas de sua vida quanto à relacionamentos e amizades... Quando chegamos em Susac, sentei-me no quarto de Aurelia e Tamar, conversando muito baixinho com Aurelia para não acordar Tamar, enquanto compartilhávamos nosso medo das provas de Biologia e História que virão na semana que vem...
Resolvi visitar Maud e acabamos chorando de rir quando Si-Jull apareceu sem camisa com todas aquelas suas piadinhas de quando ele está de bom humor (depois de quase três semanas trabalhando como um louco, ele teve dois dias de sono profundo). Carme entrou o quarto com batom vermelho, cabelos presos, uma sandália de salto e um vestido fofíssimo (que ela conquistou na Swishing Party), perguntando se eu gostaria de me juntar a ela e Tamar para um jantar em Megi's (um dos melhores restaurantes de Mostar). Óbvio que eu nem hesitei, já que tudo que eu queria era evitar matemática. Ficamos quase duas horas sentadas do lado de fora de Megi's, conversando sobre Tel Aviv, Barcelona, São Paulo, nossos amigos back home, nossa vida nesse ano e muitas outras coisas que simplesmente vem naturalmente quando passamos tempo juntas.
No retorno a Susac, acabei sentada com um grupo encantador de locals composto por Mirza, Teo, Ajsa, Aida, Natasa e Amina que passaram a falar inglês com a minha chegada e me fizeram chorar de rir enquanto lembrávamos de Pokemon, Digimon e Dragonball Z (infâncias compartilhadas em países completamente diferentes! é uma coisa mágica!). Quase chorei (de tristeza) quando Ajsa e Mirza perguntaram se eu conhecia Chocolate com Pimenta e Da Cor do Pecado, duas novelas globais horríveis que vieram pra BiH alguns anos atrás. Ai que dor em ver esse tipo de cultura brasileira se espalhando pelo mundo. Andamos todos de volta pra Susac e eu avancei pra minha próxima parada: quarto de Mario.
Depois de algum tempo no quarto de Mario, conversando sobre coisas absurdamente aleatórias, acabamos, os dois, no quarto de Uri. E foi só alguns momentos depois que começamos nossa própria festa, com direito à melhor música possível. Foi quando Uri largou sua guitarra, cuja música estava me dando arrepios enquanto eu a apreciava deitada na cama do colega de quarto de Uri, que conectamos meu computador ao amplificador e fizemos nossa própria festa. Dançamos muito e meu humor foi de 10 a 100 com aqueles dois doidinhos! Terminei minhas visitas aos quartos de Susac com uma parada no quarto de Mateo, enquanto nós dois reclamávamos sobre nossos exams e discutíamos sobre ateísmo e religião (our every day topic).
Voltei pra casa ouvindo música e sentindo uma alegria quase que boba. De repente os exames pareciam piece of cake e todo o resto tão mais bonito e importante.
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