Hoje eu caminhava ao lado de Liza, no nosso caminho até a praia, e me dei conta de que sentia saudade do meu blog... Sentia saudade de poder escrever aqui algo que vou ler daqui a anos e sorrir com todo o gosto da vida na minha língua. Pedi um computador emprestado pra poder relatar um pouquinho do que tem acontecido, desse gostinho de final.
Os dias estão passando rápido. E é sempre assim... Quando você se livra da escola, as coisas vão tão rapidamente... E agora estou tentando arranjar um equilíbrio entre ensaiar pra minha performance, sarar da minha gripe, descansar do estresse do semestre, passar tempo com meus segundos anos e comparecer às atividades do Street Arts Festival. Não é nada fácil. Me sinto culpada por precisar dormir e descansar por conta da gripe, enquanto deveria estar tendo conversas doidas com Celia, ou perturbando Quinten, ou dando risada com as loucuras de Anna e Liza... E tantos outros.
O sentimento de terminar metade do IB é sensacional. Embora eu não esteja absurdamente satisfeita com a minha performance em alguns exams, eu passei viva, sem ficar noites inteiras sem dormir ou mal-humorada: I made it. E naquele dia longiquo (é assim que o sinto) em que terminei os exams, senti essa coisa doida de não saber nada de nada, de não saber se saudade é o que eu sinto desde de já.
O Festival de Arte de Rua começou na quinta, com um show incrível em Abrasevic que deixou Chloe e muitas outras pessoas super emocionadas. Foi a última vi Myriel, Noga, Peya, Lucie, Veronika, Spencer e outros causando arrepios na plateia em Abrasevic. Veronika ficou super emotiva em saber que nunca mais cantaria naquele palco. O show foi maravilhoso. Ainda melhor do que Winter Arts Festival, com Uri arrasando no palco, como sempre.
Sexta-feira foi um dia muito musical. À tarde, tivemos uma Jam Session sensacional em Abrasevic, com direito à participação de terceiros anos e moradores de Mostar. Foi incrível! O que me deixou extremamente feliz foi o grafitti que Celia (Espanha) e Ruzica (BiH) fizeram nas paredes de Old Bank, com a face de Dali e sua musa. Vou passar sempre por lá e abrir um sorriso praquela frase em espanhol sobre retratos tão delicadamente belos. E à noite, a chuva atrapalhou os planos do festival, mas acabamos movendo o show para o querido bar chamado Next, onde tivemos música eletrônica. Como não estava me sentindo tão bem, andei com Sara (BiH) até Musala e nos fizemos companhia por horas e horas, tomando chá e dando risada.
Sábado foi um dia exaustivo. Fui treinar pela manhã com Clara e não sei se estou satisfeita e preparada pra minha performance. Veremos na terça... A parte mais bela do dia foi encontrar Celia nas escadas e ser convidada pra uma fogueira. Um grupo de pessoas foi para os lados de lá, perto do Rugby field, onde ficamos um bom tempo tentando achar madeira e achar algum lugar onde poderiamos fazer uma fogueira. Acabamos entrando numa casa abandonada que é absurdamente bela e fizemos nossa fogueira com marshmallows, queimando past papers do IB. Foi um lindo momento com segundos anos muito queridos: Celia, Anna, Liza e Spencer; também com Lushik e Chloe e duas americanas (amigas de Liza e Spencer). Fomos todos juntos para Coco Loco, onde haveria outro show. Todos nós ficamos confusos, tentando nos decidir entre ficar em Old Man's ou em Coco Loco (os dois são vizinhos) e foi fantástico! Si-Jull arrasou com suas habilidades de DJ e dançamos muito muito! Old Man's também foi extremamente divertido, repleto de pessoas doidas, falando alto!
Mas só pra explicar um pouco esse relato e explicar o que sinto agora.... É confuso ter tantos terceiros anos andando pelos corredores de Musala, saindo dos banheiros quando estou esperando na porta, ou andando na rua de Coco Loco e Old Man's, ou até sentados nas mesas da cozinha. Acho muito legal que eles vieram, de verdade. Na verdade, praticamente metade da geração deles veio, tipo umas 25 pessoas. A tristeza é que, obviamente, meus segundos anos não veem seus segundos anos há um ano e querem conversar, catch up e passar tempo com eles. Juro que não é ciúme! É só uma questão de que eu gostaria de passar esses últimos dias com meus segundos anos, aproveitando eles enquanto posso. Eu respeito totalmente que eles queiram passar o tempo com os meus terceiros anos e na verdade até gosto de pensar que o mesmo vai acontecer ano que vem; mas não deixa de ser meio estranho. Mas na minha conversa de duas horas com Sara, tive esse momento de reflexão e me dei conta de que não quero sentir falta de ninguém. A vida continua. É ridículo falar isso, talvez, mas é a verdade. Desde o meu primeiro dia em Mostar, eu sabia que meus segundos iriam embora, e isso não me impediu de me aproximar deles. Óbvio que eu não vou ficar feliz pela partida deles, mas vou sorrir e assistir a eles seguindo com a vida, do melhor jeito possível com tudo isso aqui que eles viveram e experimentaram: Mostar.
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