Horas de dias seguidos no mesmo endereço. A mesma comida (talvez recheios diferentes). As mesmas companhias de sempre. Nesta noite, porém, o calor soa com palavras entonadas e misturadas em diversas línguas sobre diversos aspectos da vida. Como se o tempo nem tivesse andando - são sempre horas nas cadeiras trançadas... Meses contados e ao mesmo tempo inexistentes. Mas outros meses colocados sobre a mesa como corpos nus e revelados em frases que nunca foram esperadas fora da cabeça, fora da mente, do interior pessoal. Entendimento mútuo e uma saudade quase que recomposta por concordâncias de cabeças e risinhos de compreensão. História que foi compartilhada em momentos diferentes na vida e que resultou em semelhança, em medo e pavor. Empurrando com os olhos, caminhamos. Caminhamos porque não há como não; e fugimos de medo daquilo que alcançamos. Um espelho de repente nos reflete e há uma praia atrás, roupas jogadas no chão e temor exposto. O porto seguro está em algum lugar, longe, tão longe, cadê a balsa, e a correnteza nos suga; talvez de volta pra aquilo que fugimos, pra aquilo que fomos, aquilo que lutamos contra. E não há nem tempo de dar um suspiro de alivio ou erguer a cabeça para tomar um pouco de ar (de água?); o Tempo não espera. A pergunta paira no ar e queremos saber se algum dia poderemos mudar nossas cabeças e mudar o que sentimos em relação a tantas coisas graças a outras tantas coisas: a praia vai se afastando.
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