Fui buscada no aeroporto por pais saudosos e queridas amigas nas quais dei abraços longos e deliciosos. O papo simplesmente não acabava e, apesar do estranhamento na primeira hora, logo nos demos conta de que nossa amizade continuava a mesma. Ouvi Helo e Isa falando que não haviam estado felizes daquela forma em muito tempo e precisei abraçá-las muito forte. Elas sabiam que deixar Mostar era difícil pra mim, mas que estar em casa com elas era simplesmente maravilhoso.
Chegando em casa, pulei em cima de uma irmã doente e dorminhoca. Meus avós vieram tomar café da manhã conosco e, apesar do cansaço de horas não dormidas no avião com os corintianos, meu ânimo estava muito pra cima. Mostrei fotos e contei muitas histórias; também ouvi outras. O almoço surpresa de aniversário da Helo foi delicioso e depois horas deitada na cama e conversando com uma das pessoas que eu mais senti falta, Neves. Havia esquecido o quanto nossas conversas fluíam e o quão fundo éramos capazes de ir quando refletindo sobre as coisas, sobre a vida, sobre relacionamentos, sobre pessoas.
A quarta-feira me trouxe um mestiço vindo diretamente de seus meses na Inglaterra e mais uma vez me surpreendi pelo fato de que as amizades, o laço entre as pessoas, simplesmente não muda. Fui jantar com uma amiga muito amada e querida, Lara, com seu irmão, Caio, com duas gêmeas incríveis, Helen e Re, e o japa Renato num restaurante mexicano.
A quinta-feira me trouxe uma cunhada (de consideração) muito amada, Laura, que logo mais parte para sua nova vida em New York. Tive conversas deliciosas e abraços gostosos demais, sem saber quando a verei de novo. Depois um churrasco de aniversário em que vi outras meninas e pude matar saudades que não sabia se seria capaz de matar nesses 20 dias no Brasil. Conversei com duas intercambistas recém voltadas e dei muita risada das histórias diretas da Inglaterra e da Nova Zelândia. À noite, fiz um programa absurdamente familiar: meus pais, eu e minha irmã fomos ao circo Tihany que está instalado no Parque Villa Lobos. Uma mistura de técnicas muito boas com uma representação que me deixou enojada do corpo feminino e me senti assistindo ao programa do Faustão debaixo de uma tenda de circo.
Fizemos um sleep over na casa do Neves e tive uma noite incrível. Fora jogos estúpidos, muita comida, música brasileira (sem exceções) e palavras em bósnio/sérvio/croata, senti mais uma vez que nunca parti.
As pessoas me perguntam como eu me sinto estando de volta à minha terra natal e à minha casa. Minha resposta é que parece que eu nunca parti. Além das mudanças internas e as milhões de coisas que eu aprendi, eu não cresci de tamanho e não mudei de personalidade. Sou a Sofia Pontes Moreira que deixou o Brasil em Agosto, aberta pra milhões de experiências, agora um pouco mudada, mas com o mesmo coração e ainda com todo o amor que deixei aqui. A sensação que tenho agora, nesse momento, é que Mostar foi um sonho muito muito bom. Além da mala aberta no meio do meu quarto, a perda de uns cinco tons de cor na pele, um dedão do pé trincado e amigos com nomes esquisitos no Facebook, eu não tenho evidências da minha vida em Mostar. Quer dizer, além da saudade imensa que já existe, mesmo eu tendo partido a uma semana. E do amor imenso que sinto pelas pessoas que, agora, estão em lugares diferentes do mundo.
Um sonho muito, muito bom.
São Paulo continua a mesma e as pessoas continuam as mesmas. E o Fim do Mundo devia ter sido hoje, mas nadica de nada. Fora o aumento do calor, nada mesmo.
Que venha o tal Novo Mundo!
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