sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

individualismo, partida brasileira & arte

Em meio a esses pensamentos conflituosos, à clássica procrastinação do IB que faz questão de ignorar o fato de que já são 1h e que tenho que começar a escrever uma redação pra entregar às 10h e começar a estudar pra uma prova que acontece às 8h, pego-me olhando fotos da viagem de um garoto que estudava na minha escola no Brasil e me deparo com dizeres escritos numa parede em Pernambuco.

Enquanto eles capitalizam a realidade, eu socializo meus sonhos. Sérgio Vaz

Completamente contraditório o fato de que eu estou escrevendo uma redação sobre "Enquanto eles socializam a realidade, eu capitalizo meus sonhos", sobre 1984, o livro de George Orwell. Posso sentar o dia inteiro e escrever sobre isso, sobre a minha opinião forte sobre sonhos, realidade, capitalismo, comunismo... Mas parece que vou ter que me segurar e me contentar com somente mil palavras sobre o individualismo em Oceania (a sociedade criada por Orwell). Ou melhor, sobre a ausência dele, sobre a tentativa do Party (Partido?) de acabar com ele, eliminar todos os vestígios e características que definem um ser humano como uma pessoa. Personalidades, gostos, desejos...

Pela manhã de ontem (quinta-feira), Vi e Lu foram embora (bem no dia Internacional da Língua Materna), deixando um vazio nas minhas tardes e noites e deixando um vazio no lugar onde antes eles ocuparam com o português, com o carinho, o amor, as piadas e as histórias. Tive uma semana fantástica com esses dois Clowns que tive o prazer de conhecer tão longe de nossas casas. Tive o prazer de fazer traduções do português pro inglês, do inglês pro português e de dar risada do entendimento dos dois e da tentativa dos meus colegas de hablar español com eles. Faz menos de 24h que eles foram pra Sarajevo pra começar a viagem deles de volta pra casa, mas parece que já faz tanto tempo...  Já sinto muita falta da risada da Vi, de treinar tecido com ela; das piadas do Lu sobre a beleza dele e de todas suas histórias de vida (incluindo quase ter virado um padre). Viraram queridos em pouquíssimo tempo e espero vê-los em Julho, no Brasil, visitar a escola de circo deles e poder acompanhar mais de perto o trabalho do Medicina do Riso.

Luis, Toam, Vivian, eu e Emina na última noite dos dois em Mostar

Ontem (quinta) praticamente não tive aulas e pude sentar em Abrasevic com Ogi e Markéta, fazendo coisas que não tive tempo nenhum de fazer na última semana, mas sem incluir nada relacionado ao IB. Consegui finalmente chegar à etapa final do meu projeto midiástico (coming soon) e agora só preciso coletar umas últimas imagens, fazer uns remendos aqui e ali, mudar unas cositas e voilà! Mas acho que só terei a versão final depois da minha maratona de Teatro: será a última e também a mais estressante. Acho que já comentei aqui no blog que estou largando o teatro e isso não me deixa extremamente orgulhosa ou feliz - muito pelo contrário. Mas até tive uma conversa com o Luis sobre isso e ele concordou comigo que quando não há prazer, não há vontade, o teatro não faz sentido e não deve ser forçado. Acho que vou sentir falta de arte na minha vida, mas vou buscar assistir mais filmes, fazer mais e mais tecido, tirar mais fotos... A verdade é que vida sem arte não existe e eu preciso dela! Mas voltando, a maratona começa Sábado e termina no outro Domingo, quando estreamos nossa (?) versão de Hamlet. Será uma semana de muito estresse, muita pressão, montanha russa emocional, energia fugindo de mim (provavelmente resultando em nema¹ treino). Vou manter o violão de Quinten no meu quarto (com meu macaco de pelúcia agarrado a ele) e tentar respirar fundo tocando um pouco de MPB.

Meu canto do quarto (foto tirada essa semana)

¹ nema é uma palavra na língua local que não pode ser literalmente traduzida, mas se refere a "não", "nenhum", "nada".

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