domingo, 29 de setembro de 2013

menos rei e um pouco mais real

Há uma magia muito sutil na caminhada para aquele lugar. Talvez essa tenha sido a primeira vez que eu parei pra reparar nas casas no caminho. Casas tão falsas, tão deslocadas; que não pertencem ao cenário de Mostar. Lembrou-me do vilarejo de Sarah ao lado de Wissembourg. As igrejas no caminho são modernas demais para aquele tempo-espaço. Não há autenticidade nenhuma nessas construções. Mas a caminhada ao lado de uma grande amiga me fez perceber a magia de sair do mundo real pra um lugar tão mágico, ao lado de um grande jardim e de um rio. O portão de madeira estava estendido ali na nossa frente quando tentamos bater e tocar a campainha; não obtivemos resposta e abrimos o portão mesmo assim, sentindo toda a energia daquele lugar nos invadindo. Tão palpável e perceptível. E as horas que se seguiram não me pareciam nada reais, nada verdadeiras; eram boas demais. As preocupações pareciam não existir, mesmo quando falávamos delas com nossas bocas cheias de pão com geleia e aquelas chás exóticos de sempre. Quando saímos de lá, depois de três horas, eu me sentia outra pessoa em relação à pessoa que tinha entrado ali. E, quando caminhávamos para sair daquela ruela, as pessoas com as quais cruzávamos pareciam personagens, com suas expressões faciais e suas poses quase como estátuas. Até parecia que o cenário estava sendo construído quando passamos por um hotel em reforma e aí nos encontramos com a rua movimentada e a vida real estava de volta num baque tão grande. Nem me lembro do caminho para Abrasevic, porque eu acho que a minha mente ainda estava presa àquela casa. Sentei pra escrever uma redação de história e de repente minha motivação pra estudar estava de volta e entrei num pique de pesquisa e estrutura que me deram tempo de, mais tarde, sair com Tamar para uma noite de sexta-feira em Mostar.

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