Enquanto caminhamos de volta pra casa, brincando com os esvoaçantes grãos de pólen que tomam conta do caminho, tentamos desvendar a estranha organização das mãos da rua. Discutimos um filme e o seu final brutalmente inesperado.
No dia seguinte, discutimos o brilhante desenrolar de uma história, que nos intriga. E somos - eu e Mandula - capazes de permanecer em pleno silêncio, absortas em nossos próprios pensamentos - num mundo muito distante além da montanha. Disfrutamos do Festival de Cinema Turco, mesmo que tenhamos em mente que estudar deveria ser uma prioridade a essas alturas do campeonato - talvez mais pra mim do que pra ela.
Entre tantos poréns, deixo-me desapontar comigo mesma, por não lembrar processos químicos e relações entre funções e estruturas. Mas não me parece relevante. Logo esqueço: dois anos (ou duas semanas) de aprendizado resumidos a um pedaço de papel com tinta azul. Não prova meu conhecimento; não prova minha capacidade de raciocínio. E detesto cada vez mais e mais o sistema tradicional de educação: provas, memorização, decoreba.
Adoeço brutamente, como se meu corpo já não mais aguentasse esse uso inútil que tenho feito dele. E enquanto o arrasto pra casa depois de cinco horas de provas, debaixo de um sol pelante de trinta e um graus, penso que números não me atingem e que não me dói pensar que os dias restantes caibam num pedaço de papel.
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