Fomos pra baixo e pra cima: Sarajevo é muito maior do que pensávamos. Fomos parar em lugares misteriosos e lugares muito conhecidos pelos locais. Nos encontramos com Pauline - o que nos deixou muito felizes - e com diversos artistas e pessoas envolvidas no ramo. Foi incrível. Não podia ter estado num Project Week melhor, ter conhecido tanta gente, ter filmado, ter sido tão inspired por tudo aquilo ao meu redor. Meio ridículo... Mas adoro pensar que é meu primeiro documentário e me anima - e ao mesmo tempo me assusta - ter que redigir e editar todas as entrevistas, as dezenas de minutos gravados da face de cada pessoa..
Quanto à inspiração, Maud e eu criamos um plano pra um curta. Andávamos de volta para o apartamento, ao lado do rio, e dávamos risada de espíritos, de Susan Sontag. Ela fez um comentário sábio, sobre como era isso que ela procurava numa universidade: pessoas dispostas a colocar em prática a mais estúpida das ideias.
Quanto ao grupo, claro que acabamos um pouco cansados um dos outros. Estar num grupo de oito, andando de um lado pro outro, tentando planejar entrevistas de última hora e cozinhas refeições não é nada fácil. Talvez Maud e eu tenhamos sido mais mandonas do que o normal e estávamos bem conscientes disso enquanto tentávamos colocar o grupo back in track. Mas agora só trago lembranças positivas de estarmos diante da belíssima vista do jardim, comendo uvas e preparando enterros de caixas de cigarro achadas na areia. Quando voltávamos pra casa, depois de uma noite muito engraçada, segurando as mãos uns dos outros, cantando na rua, às margens do rio e dançando o vento.
Agora, Cróacia. Sinto como se Tamar e eu estivéssemos viajando por semanas, porque de Kotor praticamente fomos direto a Sarajevo e de Sarajevo pra Split. Sim, foi assim - sem mais nem menos - que eu decidi que tinha que conhecer a Cróacia - já que só conheço Dubrovnik e o parque principal de Zagreb - e me toquei que não tinha momento melhor que esse. Sexta-feira saímos de Sarajevo com o sol ardente e acabamos na Croácia no final do dia, encontrando Lucas e Chiara no nosso hostel (Booze&Snooze). Foi muito bom revê-los. Os dois estavam aqui para o Project Week e resolveram passar mais um dia do planejado pra ficar conosco. Fazia duas semanas que eu não via Chiara e ela me recebeu com um abraço caloroso que provavelmente foi resultado de uma carta de duas páginas. Saímos pra comer e pra beber cerveja. Eu queria ver, ouvir e tocar o mar e, por isso, acabamos numa praia, sentados nas pedras. Deitei numa superfície relativamente lisa e ouvi o som do mar, misturado à horrível música que vinha de um bar do outro lado da baía. Respirei o sal do mar e ouvi as mini ondas batendo contra as pedras. Me senti tão bem, tão em casa, tão sozinha e tão bem acompanhada.
O céu estava nublado e eu mantive meu olhar numa específica estrela - a única que se podia ver - e, quando me dei conta, o céu estava limpo e cheio de estrelas. Estrelas que desconheço. Continuo procurando o cruzeiro do sul, mesmo sabendo que não o encontrarei... E sei que em algum lugar ali está o centro do mundo e todas aquelas lembranças de um lugar tão parecido com aquele em que eu estava. Adormeci ao lado de Chiara e fomos acordada horas depois por uma brisa congelante.
Essa manhã, Chiara e Lucas foram embora. Tamar e eu fomos de volta pra praia onde havíamos estado e deitamos por um longo tempo, aproveitando o sol e o calor - um milagre de final de outubro. Entramos no mar e nos deliciamos com o gosto de sal em nossas bocas: ela pensando em Tel-Aviv; eu, em Ubatuba.
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