Dois meses em Mostar significa acordar de manhã cedo sabendo que é dia
de tomar sorvete e ir na nossa praia. Achei que Bo só voltaria da caminhada no
dia seguinte e isso me entristeceu um pouco. Por isso, encontrar ela de toalha
no corredor do segundo andar foi a maior alegria do dia.
Às 20h, fui ao quarto de Ali busca-la, depois de ter indo com Toam no
shopping comprar uma faca decente pra cozinhar e um fervedor de água elétrico.
Paramos na sorveteria Musala e depois caminhamos para a nossa praia, enquanto a
ouvia contando sobre os dias maravilhosos que ela teve caminhando com um grupo
incrível de pessoas e tendo muita diversão. Sentamos em frente ao rio, entre as
duas pontes, como fizemos no primeiro dia em Mostar.
Contamos sobre os pontos altos das nossas Project Weeks. Incrível como a
semana foi longa: parece que não via Bo há um mês, principalmente porque
tínhamos tanta coisa pra contar uma pra outra.
Ela tinha que estudar pra uma prova do dia seguinte e eu tinha um Skype
marcado (com uma Flávia querida), por isso estávamos com o tempo contado. Mas
não vimos o tempo passar. Ficamos lá, debaixo das poucas – mas muitas pro
padrão paulista – estrelas de Mostar, conversando sobre nossas mudanças
pessoais durante esses dois meses. Conversamos sobre o futuro, sobre o
presente, sobre o passado. Conversar com Bo é sempre sinônimo de paz, de
calmaria, de risadas e sinceridades. Conversamos sobre a relação dela com Ali,
sobre como viver o presente é importante (ela tem um grande adesivo “Carpe
Diem” na janela do quarto) e muitas pessoas daqui não se dão ao trabalho de se
envolver em relações por saberem que acabarão.
Ah, Bo é uma das pessoas mais ativas da nossa geração. Ela está sempre
querendo criar algum projeto. O que eu gosto nela é que ela não só reclama e
fala, mas ela realmente vai atrás e faz. Disse pra ela que sinto que Theatre
consome todo o meu tempo e energia, senão estaria muito mais envolvida na
escola. O que é totalmente verdade: até agora não consegui participar
apropriadamente de nenhuma sessão da MUN (Modelo das Nações Unidas). Ao mesmo
tempo, não me arrependo. E disse pra Bo que ajudarei ela com o que precisar.
Temos planos pra melhorar nossas condições, pra melhorar a integração das
moradoras (e dois moradores) do segundo andar de Musala e pra organizar melhor
as coisas. Pensamos alto às vezes, mas gosto do otimismo das nossas palavras
ditas.
Corri para Aleksa, meia hora atrasada, e tive 15 minutos de puro alívio
por finalmente, depois de dois meses (literalmente), conseguir ouvir a voz
querida da Flávia.
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