domingo, 13 de outubro de 2013

alma não tem cor

Só nós sabemos o quão difícil foi chegar a Kotor. Mas chegamos, finalmente. E estávamos tão cansadas... Mas também famintas. Deixamos que a caminhada até Old Town fosse coberta de silêncio; estávamos absurdamente felizes. E era a segunda vez em que eu me sentia feliz em algum momento daquela semana - a primeira havia sido enquanto corria debaixo da chuva com meus primeiros anos latinos. Sentamos num restaurante e nos deliciamos com uma lula à doré, o que me trouxe lembranças extremas da minha infância, e uma salada. Saiu um tanto quanto caro, mas nosso cansaço nos fez ignorar. Capotamos assim que adentramos o nosso pequeno e aconchegante apartamento que estamos alugando por cinco noites por um preço absurdamente barato. Só fui acordar no dia seguinte, ao meio dia. Nos forçamos a sair e enfrentar a descida do apartamento até a Old Town (enfrentar a descida, na verdade, era encarar que na volta teríamos que enfrentar a subida) e nos deliciamos caminhando sem rumo pelas ruas da Old Town de Kotor. Me causou um alivio engraçado e inesperado ver a bandeira de Montenegro e não uma das três, quatro ou cinco bandeiras da Bósnia&Herzegovina (Sérvia, Bósnia&Herzegovina, Croácia e etc). Alívio, nada melhor do que essa palavra pra descrever o que eu senti. E embora a Old Town seja extremamente parecida com a de Dubrovnik, gostei mais. Me parece muito mais autêntica, sem aquele pátio enorme de Dubrovnik (Placa?) e sem aquela imagem de shopping com cara de era medieval e feudo. Me deixou contente até que a chuva começou e tivemos que caminhar pra casa com nossas compras de feira e supermercado debaixo da chuva, naquela ladeira infernal. Acabei caindo no sono quando meu computador resolveu não funcionar, contradizendo meus planos de estudar. Só por volta das 20h é que cozinhamos nosso almoço: arroz com alho, cebola, brócolis, champignon, couve-flor... Delícia vegana que eu e Tamar sempre cozinhamos quando temos tempo e dinheiro. Mais tarde, fomos à Old Town e nos sentamos num bar com música acústica muito boa. Conversamos sobre nossas infâncias, sobre nossa situação econômica, sobre a dependência para com nossos pais... E acabamos mais uma vez exaustas no apartamento. Agora, Tamar dorme e eu reflito sobre o que fizemos nos últimos dois dias, com a mesma deliciosa música na cabeça... Ella es colorida, ella es multicolor.

Nenhum comentário: