domingo, 10 de fevereiro de 2013

você vive só uma vez...

Foi um fracasso a festa de Carnaval de sexta, na qual eu pude ir depois de ter escrito uma redação de Peace&Conflicts sobre o nacionalismo mexicano. Fiquei absurdamente estressada tentando controlar a música (é, porque não importa o quanto eu evite, eu sempre acabo ficando atrás da mesa de DJ nas nossas festas), porque muita gente reclamava da música brasileira. Me deu um bode das pessoas, um bode dos europeus que acham que música de carnaval não é dançável...! O quão irritada eu fiquei quando amigos meus vinham até mim pedir pra eu colocar algo que fosse mais dançável...! Não há nada mais dançável do que samba e música brasileira! E agora eu entendo que é uma coisa plenamente cultural, que não adianta eu querer que meus amigos europeus dancem samba, axé e maracatu...
Voltei pro meu quarto antes do check-in e fui acompanhada mais tarde por Bo, Markéta e Bengisu. Tive que expulsá-las do meu quarto pra fazer minha mala e acabei dormindo na cama de Aiša que foi para casa durante o final de semana. Pra mim foi um momento muito importante quando a mesma disse que eu podia dormir na sua cama quando não estivesse aqui: isso porque ela é neurótica com limpeza, com pessoas tocando as coisas dela e no começo do ano ela ia pra casa e deixava um papel na cama escrito "não sente!". Tenho tanta sorte de tê-la como colega de quarto! Ah, acho que nem comentei aqui que Veronika foi na segunda-feira pra República Tcheca e vai ficar um bom tempo por lá por conta de entrevistas pras universidades, por isso eu e Aiša estamos sozinhas no quarto #4.
Acordei às 5h30 para uma viagem pela qual estava esperando com muita ansiedade!! Depois de passarmos mais de 3h na estrada, à caminho de Pale, uma cidade na Bósnia Central, na República Srpska. Descendo do ônibus, pisei na neve! Mas quanta neve! Eu, Ali (Paquistão), Gautier (França/África do Sul/Camarões) e Colleen (EUA) começamos uma snow fight e eu tive que parar quando a minha mão começou a doer absurdos! Nunca havia sentido tal dor, foi horrível, mas a minha felicidade por conta da neve não me permitiu sentir tanta dor. Nos instalamos no hotel e acabei ficando no quarto com minhas queridas mediterrâneas: Maud (França/Itália), Tamar (Georgia/Israel) e Carme (Catalunia). Nosso quarto era maravilhoso, com não uma, mas duas varandas e uma vista maravilhosa para Pale.
Éramos 30 pessoas na viagem e viajamos quase de graça. Tivemos que pagar somente o transporte de ônibus e o aluguel do equipamento de esqui. O grupo viajando era fantástico e simplesmente deixou Mostar no silêncio: todo o nosso grupo de Mediterranean Firsties (com exceção de Bengisu, Sarah e Lushik), um grupo com qual passo muito, muito tempo, que inclui eu (agregada mediterrânea), Jochem (Holanda - também agregado mediterrâneo), Maud, Carme, Tamar, Yuval (Israel), Uri (Israel), Mario (Espanha), Elissavet (Grécia) e Margherita (Itália). Além de nós, minhas duas segundos anos favoritas estavam lá, Saffron (Reino Unido) e Elena (Alemanha), e outras pessoas que, uau, eu amo: Herda (Albania), Iva (BiH), Andra (Kosovo), Djordje (BiH), Ana (BiH), Lera (Bielorrússia), Si-Jull (Coréia do Sul/Alemanha), Katarina (BiH), Toni (BiH), Ognjan (Macedônia), Liza (EUA), Colleen (EUA), Celia (Espanha), Gautier (França), Ali (Paquistão), Sjur (Noruega), Anita (Noruega), Erika (EUA), Chloe (Reino Unido), Christina (Austria), além dos professores Ljubica, Barbara, Emil e Vladimir.

No primeiro dia, éramos muitos iniciantes e só aprendemos a parar quando descemos a ladeira. Tivemos até um instrutor divertidíssimo chamado Marko. Foi hilário ver pessoas caindo e foi absurdamente cansativo subir a ladeira com aquelas botas de esqui, que fazem eu me sentir em Pequenos Espiões 3 (ah, infância!), por 10 min e descer com os esquis em menos de um minuto. Mas devo dizer que a adrenalina que eu senti e a satisfação em aprender um novo esporte em um ambiente completamente diferente pra mim foi fascinante! Chorei de rir quando Yuval não conseguiu parar e acabou trombando num grupo de pessoas ou quando Elissavet caiu logo depois de ter subido nos esquis! Eu, Mario, Uri, Tamar e Yuval almoçamos lá em Jahorina mesmo, num restaurante super "caro" (pros padrões da BiH). 

Elissavet (Greece), Yuval (Israel), Mario (Espanha),
Uri (Israel) e Tamar (Israel)

À noite, encontramos Nikolina, uma garota linda que era da minha classe de Biology e era rommie de Sarah. Sempre sorria pra mim de manhã quando eu entrava no laboratório de Biologia e dizia "dobro jutro", mas ela resolveu abandonar o UWC, porque não estava feliz aqui e voltou pra sua cidade natal que, surpresa!, é Pale! Ela nos levou pela cidade e caminhamos nas ruas desertas, debaixo e em cima da neve! Eu, Mario, Carme, Maud, Jochem, Ali e Gautier jantamos e depois resolvemos encontrar os outros num bar. Nosso check-in era só às 23h, mas acabamos voltando pro hotel bem antes por puro cansaço.

Joguei baralho com Saffron e Elena depois de voltar. E Uri me convidou para uma caminhada quinze minutos antes do check-in. Saímos debaixo da nevasca, nos -10ºC, e começamos a jogar bolas de neve um no outro e assistir aos flocos de neve caindo do céu, e ficamos brisando naquilo, quase como uma ilusão, como assistir um filme 3D. Antes de dormir, nosso quarto estava lotado de mediterrâneos de pijamas, dando risadas e morrendo de medo de que Barbara cumprisse com sua ameaça e viesse nos expulsar do hotel se fizéssemos muito barulho.

Vista da nossa varanda na manhã

O dia seguinte nasceu lindo e ensolarado, e não neblinoso e nebuloso como o dia anterior. Esquiamos mais e finalmente eu caí! Isso porque Yuval decidiu que eu e ele devíamos subir bem mais na ladeira e realmente pegar um pedaço de uma pista. Não vimos que era cheia de lombadas e levamos tombassos que quase me fizeram chorar de rir enquanto a neve derretia na minha face. Almoçamos com o mesmo grupo e com Ali e Elissavet. Causamos um pouco no restaurante, como sempre.

Saímos de Jahorina por volta das 18h e voltamos diretamente pra Mostar. Não queria voltar pro vento e pro frio de Mostar! Gostei muito mais da neve pra substituir a chuva e o frio para substituir o vento. Foi uma viagem inesquecível e meu bode de europeus deu uma acalmada. Eu, Mario e Uri ficamos tão fascinados pela neve, nos ensopamos tanto por conta de empurrões, montinhos e bolas de neve... Mal posso esperar pela viagem de esqui do ano que vem...!

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