sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

é um caco de vidro, é a vida, é o sol

Deitados no parque, numa quinta-feira, em pleno inverno, Uri e eu decidimos subir a montanha até a cruz depois da aula. Agregamos várias pessoas a uma caminhada que deveria ser exclusiva, mas não nos arrependemos! Eu, Bo (Holanda), Markéta (República Tcheca), Si-Jull (Alemanha/ Coreia do Sul), Davor (BiH/EUA), Sarah (Alemanha/França) e Uri (Israel) subimos a montanha naquela quinta-feira, com o sol brilhando acima de nós, com risos e com tirações de sarro sobre como nossos segundos anos estudavam pras provas enquanto curtíamos o inverno e Mostar.
A subida foi engraçadíssima, com direito a apostas (o que significa, basicamente, Davor sendo Davor), a perseguidores, a soldados suíços perguntando se sabíamos sobre as minas espalhadas pelo caminho (claro que sabíamos, por isso pegamos o caminho mais longo...) e a um por do sol maravilhoso (pena que não pudemos assisti-lo do topo, mas valeu a pena mesmo assim).
Chegando na cruz, uau, aquela vista é simplesmente de tirar o fôlego! Nunca havia estado lá em cima à noite, nunca tinha visto as luzes de Mostar... Fizemos uma fogueira e nos esquentamos, tentando esquecer o vento congelante que faz a temperatura parecer 15ºC mais baixa. Comemos pão com ajvar e bebemos com muito gosto. Ah, quinta-feira! Ficamos imaginando se não apagássemos totalmente o fogo e a cruz pegasse fogo. Quem seriam os culpados? Óbvio que seriam os Bosniaks, que queimaram o símbolo religioso dos Croats...! Poderíamos ter causado uma guerra, sem brincadeira. Nema problema, apagamos o fogo e a BiH ainda está de boa.
Na descida, tivemos que tatear um pouco as trilhas, por conta do escuro. Mas tínhamos nosso super alemão, com sua lanterna e seus braceletes neons (sim, ele vai pra escola com isso... vai saber por quê). É, digamos que os estereótipos sobre alemães são, geralmente, bem coerentes com a realidade. Ah, Si-Jull, ainda bem que você existe!
Claro que não resistimos e, na volta, paramos no Blues Bar. Os visitantes, amigos tchecos de Markéta, juntaram-se a mim, Bo, Markéta e Uri, assim como Katarina e ficamos lá por um tempo. Depois de uma conversa absurdamente intensa sobre prazer e satisfação com Uri - uma das conversas mais inspiradoras que eu já tive na minha vida, que me fez me apaixonar pela pessoa que Uri é -, resolvi voltar sozinha pra Musala, andando pelas ruas de Mostar com um pedaço de pizza na mão, requentado na padaria na esquina da rua do Blues Bar. Andei com felicidade, sentindo uma leveza no sangue, a barriga cheia, as bolhas do meu pé me cutucando e com uma vontade imensa de continuar assistindo Into the Wild; Então o fiz.












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